A Regra é Clara! E-books Precisam Ter Seu Próprio ISBN

10/05/2010
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O lançamento do Google Editions, semana passada, trouxe algumas sinalizações interessantes para o mercado. Uma das menos comentadas, embora das mais relevantes, foi o acordo entre o Google e a Bowker, responsável pela designação do ISBN nos Estados Unidos. A Bowker irá fornecer ISBN’s para os livros vendidos através do Google, que não tenham recebido um ISBN do seu editor.

Há décadas o ISBN facilita a distribuição e o controle de catálogos, tornando possível distinguir as várias edições de uma mesma obra. O acordo do Google com a Bowker demonstra o quanto a empresa se preparou para a entrada no mercado de livros. Chega a ser curioso que o Google esteja se preocupando com esse detalhe, enquanto muitas editoras de ofício demonstram um certo desprezo pelo ISBN nos e-books.

O mercado de e-books trouxe confusão para o palco. Alguns editores consideram que o e-book é apenas uma reprodução fiel da versão impressa, portanto empregaria o mesmo ISBN.

Se Arnaldo Cézar Coelho fosse um funcionário da Biblioteca Nacional, ele diria o seguinte:

– Galvão, a regra é clara: a cada edição, a cada tipo de suporte, tipo de formato, tipo de acabamento e tipo de capa, tem que ter um ISBN diferente. A editora sabe disso… não fazer um ISBN só para o e-book é catimba, Galvão!

E nós sabemos que o Arnaldo carrega as regras debaixo do braço!

O aparecimento dos e-books parece ter afrouxado a dimensão da importância do ISBN para algumas editoras. Embora e-books não usem papel, nem requeiram distribuição física, eles ainda precisam ser catalogados e inclusos em banco de dados de distribuição, algo crítico para os esquemas crescentemente automatizados do mercado. O ISBN serve, justamente, para distinguir as diferentes edições e suportes em que um livro é publicado. É uma questão elementar de organização designar um ISBN exclusivo para os e-books, tornando possível identificar e distinguir e-books de impressos, em um nível avançado de distribuição.

No exterior, o debate atualmente encontra-se um nível além: questiona-se se é necessário um ISBN para cada formato de e-book. E a orientação dada pela Agência Internacional do ISBN é que sim, precisa. Alguns editores, entretanto, temem um grande aumento dos custos, considerando que um único e-book pode ser republicado em incontáveis formatos diferentes, PDF, ePub, etc. Estes editores defendem que seja designado um ISBN, único, englobando todos os e-books. Também consideram que livros vendidos em um circuito restrito (como os self-published da Amazon), podem realmente ser oferecidos sem ISBN, uma vez que, sem necessidade de distribuição, o número perde sua utilidade.

O fato consumado é que os e-books precisam de um ISBN para chamar de seu, diferente do ISBN do formato impresso. Principalmente e se a editora quiser distribuir esses e-books. Se um ISBN para cada formato, ou apenas um… isso ainda vai render anos de discussão.

Significa aumentar custos? Um pouco, sim. Considerando as vantagens desse investimento para a cadeia produtiva como um todo, para a distribuição em geral, compensa largamente. Se facilitar a identificação de diferentes edições funciona bem há décadas com os livros impressos, por que seria diferente com os e-books?

 

  1. Trabalho na Biblioteca Nacional, exatamente o órgão que trata do ISBN no Brasil, mas com periódicos, ou seja, não tenho nenhuma influência no ISBN e a opinião que venho dar aqui nem mesmo sei se é a mesma da Instituição que trabalho.

    Acho que o E-books deva ter ISBN e vejo isto como indiscutivel. Quanto ao uso de ISBN para cada formato penso que se a adoção de um formato modificar a visualização da obra (texto, imagem, diagramação) esta deverá ter 2 ISBNs sim. Agora, se houver 2 edições idênticas para 2 formatos diferentes passa a ser algo a se pensar.

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