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Ascensão dos ebooks tira do mercado 98 editoras na Inglaterra

05/11/2013
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Talvez não sejam só as pequenas livrarias (ou livreiros?) que estão ameaçados de extinção na Inglaterra, por culpa dos ebooks. Segundo o jornal Financial Times, 98 editoras fecharam as portas na Inglaterra.

A ascensão dos e-books e a pressão exercida por importantes varejistas para baixar preços dos livros vêm forçando um grande número de editoras na Inglaterra a deixarem o mercado, conforme sinalizou uma pesquisa realizada pela empresa de contabilidade Wilkins Kennedy.

Por lá, 98 editoras de livros, periódicos e outros materiais semelhantes se afundaram em dívidas e fecharam neste ano –até o final de agosto. Houve um aumento de 42% na comparação anual.

A maioria são pequenas editoras, mas algumas destas pequenas tinham relevância no mercado, segundo a matéria. A ferocidade do mercado não seleciona vítimas.

Lembrando que a Inglaterra é um país onde o varejo de ebooks é dominado pela Amazon (responsável por cerca de 90% do mercado), e onde até os autores independentes já começaram a ficar atentos para as consequências desta concentração do mercado.

Os números mostram que o ambiente digital vem se tornando tanto um desafio quanto uma oportunidade para os editores de todo o setor, uma vez que, por um lado, é mais fácil chegar ao leitor, mas, por outro, ficou mais difícil ganhar dinheiro com eles em um mercado lotado.

“A ascensão da Amazon e outros vendedores com grande poder de compra significa que a pressão sobre as margens dos editores agora é imensa”, disse Anthony Cork, parceiro de Wilkins Kennedy.

Mas enquanto o poder de compra da Amazon pode forçar editoras a vender a preços mais baixos, também cria uma “rota” para as editoras menores chegarem ao mercado, uma vez que tem dificuldade de colocar seus livros nas grandes redes de varejo, disse Angus Phillips, diretor do Centro Internacional de Oxford para Estudos de Publicação.

 

  1. As editoras do mundo tanto abusaram da grande maioria dos escritores pagando uma porcentagem miserável em royalties e agora estão sentindo na pele como é ser abusado e dominado por quem tem muito mais poder e dinheiro.

    O tempo passa e as coisas mudam completamente. Isso prova que o egoísmo jamais traz vantagem alguma, apenas cria revolta.

    Agora quem está correndo atrás de novos escritores independentes com algum sucesso são as editoras tradicionais, oferecendo um maior valor inicial e uma maior porcentagem das vendas, sendo que antes da explosão da era digital sequer pagavavam cachê; era tudo em troca da futura e pingada participação mínima nas porcentagens.

  2. Não podemos culpar os e-books pela falência das editoras. Essa crise não é de hoje. Quando eu estudava na faculdade, há 20 anos atrás, os dicionários de língua inglesa e todo material didático eram impressos em Hong Kong, Singapura, Malásia ou em outros locais da Ásia. Logo, vê-se que as grandes editoras do calibre da Oxford e Cambridge transferiam a parte grosseira (impressão dos livros, costuras de brochuras, etc.) para países cuja mão de obra eram considerados baratos. Naquela época não existia Internet (pelo menos eu não tinha acesso a ela), mas tínhamos Xerox. Copiar um livro era algo até incentivado por professores universitários, pois eles mesmos montavam seus “cursos” ou elegiam seus textos de leitura obrigatória e deixavam para que os alunos tirassem cópias. Eu jamais cometi o sacrilégio de copiar/xerocar livros coloridos, porque isso era matar minha motivação acadêmica que era justamente os materiais didáticos.
    Eu lembro de um professor universitário que, um dia, nos contou que, cerca de 50 anos atrás, quando um banco da França havia introduzido um “computador”, funcionários exaltados entraram no edifício e destruíram o tal computador, temendo a perda de seus empregos. Isso está, eu acho, nos anais da ciência da computação. O que temos hoje? “Desktops”, “laptops” ou Tablets nas mãos de milhões de pessoas, sem falar nos celulares que possuem aplicativos que fazem tudo o que um computador faz. Com esses exemplos acima, eu quero apenas ilustrar que o mundo dos negócios deve se adaptar (e rápido). É muito provável que os amantes do Windows estejam já, nesse exato momento, perdendo espaço para os Tablets, com sistemas operacionais diferentes. Logo, se a sobrevivência financeira das editoras não pode ser alcançada no mundo virtual (que possui enormes problemas com a pirataria), é lógico que venham a manter quase todos os seus livros no formato papel.

    Se as publicações forem em sua maioria coloridas, os atuais ebooks também deverão se adaptar, mas não desaparecer. Eu, como profissional da área do ensino, sei o valor que possuem materiais audiovisuais inovadores. Para mim, os e-readers vieram aliviar o imenso peso no mochila. Passei a aproveitar melhor as filas de banco e outros momentos em que temos de esperar e esperar. Com um e-reader na mão, é só felicidade. O tempo passa de forma útil e não é perdido. O que faria eu sem um e-reader na mão nos dias de hoje? Provavelmente estaria portando algum livro em papel e tolhido da liberdade de, no consultório do dentista ou em outro lugar, esticar a mão e escolher qualquer livro da minha coleção particular. Com um e-reader, fazemos isso com alguns “touches” na tela.
    Não sabemos também se o fechamento das editoras inglesas é devido à falta de leitores britânicos. Então, não podemos culpar a existência de um mercado competitivo mesmo virtual. Se não houver leitores, não haverá comércio de livros.

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