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Como o Agile Pode Ser Inserido no Workflow Editorial

10/01/2012
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Lá vamos nós de novo. Percebe-se que é impossível de agora em diante se afastar do mundo da tecnologia e até mesmo do TI, quando o assunto é o mercado editorial. Mas isso não é ruim!

Isso significa que agora é possível utilizar métodos já aprimorados nessas outras áreas e aplicá-las com segurança em uma editora. Um exemplo disso é o método Agile. De acordo com a Wikipédia, o Desenvolvimento ágil de software (do inglês Agile software development) ou Método ágil é um conjunto de metodologias de desenvolvimento de software. O desenvolvimento ágil, tal como qualquer metodologia de software, providencia uma estrutura conceitual para reger projetos de engenharia de software.

Agile_Software_Development_methodology

Metodologia do Agile (clique para ampliar)

Métodos de desenvolvimento de software em um livro? E porque não? Quem já está colocando histórias e livros didáticos em apps para iPad sabe muito bem como esse mundo pode se misturar. Livros digitais podem facilmente se tornar softwares, e vice-versa. E a utilização desse método no workflow da editora pode garantir resultados mais rápidos e adaptação mais veloz a mudanças. E isso minha gente, significa mais dinheiro e inovação.

Veja como os princípios do desenvolvimento ágil podem facilmente se encaixarem nisso tudo:

  • Garantir a satisfação do consumidor entregando rapidamente e continuamente eBooks funcionais;
  • eBooks funcionais são entregues frequentemente (semanas, ao invés de meses);
  • eBooks funcionais são a principal medida de progresso do projeto;
  • Até mesmo mudanças tardias de escopo no projeto são bem-vindas.
  • Cooperação constante entre pessoas que entendem do “negócio” e desenvolvedores;
  • Projetos surgem através de indivíduos motivados, entre os quais existe relação de confiança;
  • Design do eBooks deve prezar pela excelência técnica;
  • Simplicidade;
  • Rápida adaptação às mudanças;
  • Indivíduos e interações mais do que processos e ferramentas;
  • eBooks funcional mais do que documentação extensa;
  • Colaboração com clientes mais do que negociação de contratos;
  • Responder a mudanças mais do que seguir um plano.

Uma boa ideia, não? Veja os fatores chave:

  • A cultura da organização deve apoiar a negociação.
  • As pessoas devem ser confiantes.
  • Poucas pessoas, mas competentes.
  • A organização deve promover as decisões que os desenvolvedores tomam.
  • A Organização necessita ter um ambiente que facilite a rápida comunicação entre os membros.

Grandes editoras são, hoje em dia, organizações inchadas, com talvez muita gente fazendo pouca coisa. Os processos e workflows são tradicionais e pré históricos. Funcionaram até hoje, mas para entrar nesse novo mercado digital e sobreviver nele, é preciso agilizar tudo, e é por isso que o Agile se encaixa tão bem nessa mudança.

É lógico que não é uma adaptação fácil. Requer mudanças de processos, estruturais e até de pessoal, o que pode gerar problemas por um tempo. Mas quanto mais rápido ela for feita, melhor para a empresa. E isso acaba beneficiando até mesmo os livros físicos.

E é por isso que pequenas empresas, startups e editoras mais modestas também podem sair ganhando com isso. Empresas de software já possuem o método aplicado, e pequenas editoras podem adotá-lo mais facilmente e com mais economia, vendo resultados aparecerem em pouco tempo.

Kristen McLean, CEO da Bookigee – uma startup de publicação –, fala a respeito da implantação do método na área editorial em uma entrevista ao O’Reilly Radar:

Em relação ao editorial, estamos realmente falando sobre duas coisas: o desenvolvimento de conteúdo ágil e fluxo de trabalho ágil.

O Desenvolvimento ágil de conteúdo é a idéia de que podemos ser capazes de aplicar essas metodologias para criação de conteúdo de uma maneira muito diferente do que estamos tradicionalmente acostumados. Isto poderia significar qualquer coisa, de conteúdo serializados de livro a lançamentos freqüentes de conteúdo digital, como sites relacionados a livros, aplicativos, jogos e muito mais. A discussão de como o Agile pode ser aplicado para o conteúdo tradicional do livro está apenas começando, e eu acho que há uma questão em aberto sobre como ele poderia se cruzar com o profundamente pessoal – e nem sempre rápido – processo de escrever um livro.

Eu não acredito que algumas de nossas maiores obras poderiam ter sido escritas em um quadro ágil (acho que Hemingway, Roth, ou Franzen), mas também acredito que o Agile pode prestar-se a certos tipos de conteúdo do livro, como ficção serial (romance, mistério) e alguns tipos de não-ficção. A verdadeira questão tem a ver com o que exatamente é um “livro” e compreender a vanguarda entre conhecer o seu público e compartilhar a produção do seu material.

Editoras sem foram inerentemente hierárquicas porque foram organizadas em torno de um processo de fabricação em que a criação de um livro tem sido tratada como se fosse em uma linha de montagem. O editor e a editora têm sido tipicamente os árbitros do conteúdo, e como um todo, os editores não cultivaram realmente uma relação direta com os usuários finais. Editores fazem. Usuários compram/leem/compartilham, etc.

Editores precisam se adaptar a uma maneira radicalmente diferente de trabalhar. Por exemplo, aqui vão algumas maneiras de estratégias ágeis que poderiam ajudar com a adaptação de um fluxo de trabalho editorial:

  • Criar equipes flexíveis de 4 a 5 super-talentosos indivíduos com um conjunto de habilidades coletivas – editorial, marketing, publicidade, produção, digital, design e negócios –, todos trabalhando juntos desde o momento da aquisição (ou talvez antes). Essas equipes teriam de ser totalmente fluentes em XHTML e iriam trabalhar sob a supervisão de um editor, cuja função seria a de criar o ambiente adequado e remover os obstáculos para que a equipe possa fazer seu trabalho.
  • Uma voz original e criativa e um único ponto de vista serão sempre importantes na hora de escrever um livro, mas aqueles de nós que produzem livros como objetos de comércio (e empacotam o conteúdo em si) têm que parar de assumir que sabem o que o mercado quer e começar a falar com o mercado tão frequentemente quanto possível.
  • Use dados e feedbacks para projetar vendas futuras. Suspenda o uso de vendas passadas como forma exclusiva de projeto de vendas futuras. O mercado está se movendo rápido demais para isso, e nós todos sabemos que há um retorno diminuído para a mesma o de sempre.

 

  1. Oportuníssimo. Por acaso, dei uma aula na FGV no mês passado, sobre “Gerenciamento de Projetos Editoriais” e defendi que o Ágil é o modelo ideal para o “novo” livro (eBooks e PODs). Sua coluna é excelente, parabéns.

    1. Faço parte da equipe da editora da Câmara dos Deputados e fiquei muito empolgada quando li este post porque, em julho de 2011, implantamos o Scrum nos processos editoriais. Adaptamos, claro, mas a ferramenta permite isso! Consideramos um sucesso o uso dessa ferramenta no editorial e estamos, no momento, fazendo uma avaliação da metodologia para aperfeiçoá-la. Gostaríamos de manter contato pra trocar experiências com outras editoras. Vejam um pouco dessa história no nosso blog http://edicoescamara.blogspot.com/search/label/SCRUM.

  2. Confesso que numa primeira leitura nao consegui absorver o que é o Agile. Mas o artigo é empolgante, e vc toca em pontos que são perfeitos pra mim. Muito bom.

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