A Apple não inventou o livro didático digital mas, quando apresentou o iBooks 2 e o iBooks Author, em janeiro, muito se disse que ela iria “revolucionar” a indústria dos livros-texto. Porém, já há algum tempo vê-se que as coisas não estão indo conforme o esperado quando o assunto é vender livros didáticos digitais.
Os estudantes, ao que parece, não estão aceitando muito bem esta forma de estudo que deveria ser o futuro. Segundo uma pesquisa do Student Monitor, publicada no início do ano, antes mesmo do iBooks 2, apenas 11% dos estudantes americanos já compraram algum livro didático digital. E por que? Bom, Jeff Dunn, do Edudemic, tenta explicar.
Para Dunn, as justificativas começam com o mais simples: muitos livros importantes em diversos segmentos de pesquisa ainda não estarem disponíveis no formato eletrônico. Os livros disponíveis, entretanto, acabam não sendo tão economicamente viáveis assim, para a frágil situação financeira de universitários (para não dizer outra coisa, claro). Estudos mostram que quando colocados no papel, os custos com a compra de eReaders, como o Kindle ou o iPad, e com a compra ou aluguel dos eBooks não proporcionam a economia esperada.
Além disso, quem já comprou algum livro para a faculdade sabe que, quando o curso acaba, é bem fácil vender o livro, recuperando um pouco do dinheiro investido. Com os livros didáticos digitais, porém, isso não é possível. E claro, emprestar o livro a um colega também não, a não ser que o dispositivo de leitura vá junto.
A experiência do livro impresso ainda parece ter muita importância também. Os estudantes de hoje cresceram acostumados com livros impressos, com milhares de páginas, textos e figuras e a possibilidade de marca cada página ou linha de texto com algo tão simples como uma caneta. Sim, é possível fazer anotações em livros digitais, mas muita gente concordará que não é a mesma coisa.
Finalmente, ler um texto digital e um texto impresso parece não ter o mesmo efeito na absorção do conteúdo. Além disso, eBooks podem oferecer experiências diferentes para os leitores, especialmente no caso dos livros didáticos – e aqui sim entra a ideia inicial da Apple, com a apresentação do iBooks Author. Em outras palavras, os estudantes ainda esperam mais dos livros didáticos digitais.
O negócio não vai tão bem como o Steve Jobs imaginou:-(