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Livraria combate hegemonia da Amazon trocando Kindles por vale-presentes

02/05/2013
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Destruir os ídolos era uma das maneiras mais eficientes de simbolizar o fim de uma era de opressão religiosa, política e social, tal como aconteceu com a Biblioteca de Alexandria ou até durante a revolta dos Quebra-Quilos, na História recente do Brasil. A rede de livrarias Pages & Pages, da Austrália, está se valendo de uma estratégia semelhante, uma “Kindleclastia”, para combater a hegemonia da Amazon no mercado local de eBooks.

A Pages & Pages declarou que não irá mais se manter “passiva enquanto a Amazon rouba nossos clientes e rouba a suas opções de leitura”. A campanha, intitulada “Kindle Amnesty” (Anistia do Kindle, em tradução livre), convoca os leitores a jogarem fora os seus aparelhos de leitura – em um recipiente apropriado, localizado em uma de suas unidades – em troca de um vale-presente no valor de 50 dólares australianos (cerca de R$ 100 reais, no câmbio de 31/05).

Vitrine da campanha, em uma das livrarias da rede australiana

Vitrine da campanha, em uma das livrarias da rede australiana

A campanha pode parecer exagero e pirotecnia, mas a preocupação em torno do monopólio representado pela Amazon é bem real: estima-se que 65% do mercado de eBooks da Austrália esteja nas mãos da gigante, e 75% dos eReaders sejam da marca Kindle. Outro objetivo é conscientizar os clientes sobre o perigo representado pela multinacional para o mercado, enquanto as livrarias locais lutam para sobreviver.

De acordo com Jon Page, presidente da Associação Australiana de Livrarias, as livrarias independentes da Austrália prestam apoio às escolas locais, pagam impostos no país, empregam pessoas da terra e respeitam a privacidade dos leitores. “A Amazon não faz nada disso”, lembra.

Ele esclarece que o objetivo da campanha não é lutar contra a leitura digital, mas contra o monopólio.

“O eBook não é uma ameaça às livrarias. Esse novo formato presenteia as lojas e os leitores com inúmeras e maravilhosas oportunidades para vender e ler livros. A ameaça é uma companhia que se comporta de forma anticompetitiva, não paga impostos na Austrália e engana os leitores com dispositivos restritivos e resenhas falsas de livros.”

Outra prática contrária ao livre mercado, segundo Page, é o fato de o Kindle, apesar de ter se tornado sinônimo de eReader, não permitir que o cliente compre livros em outras lojas além da Amazon, limitando gravemente seu universo de escolha.

A campanha contra a Amazon não é inédita. No Reino Unido, redes de livrarias independentes se uniram para exigir que a Amazon pague impostos no país. A petição atingiu 110 mil assinaturas.

Com informações do The Guardian
C
olaborou: Eduardo Melo

 

  1. Há uma desvantagem considerável no mercado para os consumidores.Os consumidores têm pouca escolha, além de comprar os produtos ou serviços oferecidos , concluindo a transação a qualquer preço estabelecido pela organização. Uma economia de mercado livre ideal, o tipo comumente associado com o capitalismo, faz do consumidor o responsável por eliminar a influência dos grandes jogadores de monopólio ou oligopólio.

  2. Atitude contraproducente e baseada em pressupostos falsos. Se a Amazon opera no mercado australiano com a desenvoltura que a reportagem sugere, é certo que recolhe impostos naquele país. Por outro lado, se a livraria deseja que seus clientes abandonem o kindle, de longe o melhor e-reader disponível, que ofereça o preço justo (U$ 150).

    1. Pq o melhor “ereader diponível”? comprei um kobo Glo pq a opção kindle aqui no Brasil não chegava aos pés

  3. Também concordo com o Marcus que é uma medida contraproducente. Eliminar o Kindle é o mesmo que querer eliminar uma fabricante de automóveis. Mas é ainda pior. Estaríamos trocando um livro eletrônico por um livro em papel. Como eu carregaria na palma da mão meus 210 livros atuais? Concorrência existe. O que se deseja é que surjam fabricantes de e-readers que se especializem na venda do dispositivo em si e não atrelá-lo a alguma editora. Antigamente, alguns professores de faculdades indicavam como leitura obrigatória livros escritos por eles ou colegas deles. Esse “jeitinho” de fazer ou empurrar produtos ou serviços goela abaixo não é de hoje. Por que não existiria no mundo virtual dos ebooks? Vamos ficar atentos. Quando a Pages & Pages encontrar a solução, vamos aplicar a mesma fórmula aqui no Brasil.

  4. No fim, ganhará quem conseguir vender eBooks mais baratos, e tiver o maior catálogo de livros gratuitos* digitalizados (em domínio público)… Em se considerando essas premissas básicas, a Amazon está muito a frente da concorrência.

    *ou a preços baratos, no máximo US$2,00.

  5. Há um falso ar de honestidade no que uma empresa monopolizadora faz. Penso que somente a sociedade pode resolver isso. Atos como a Pages & Pages ajudam as pessoas a entenderem o que significa ser leal com todos. Ninguém quer tirar ninguém do mercado, até porque a concorrência sadia gera dividendos. No caso da Pages & Pages X Amazon é algo para não deixar de participar. Sou contra essa prática tão retrógrada, mas tão atual…

  6. Esta conversa toda aí só faz sentido no mundo ideal em que vocês acham que vivem. No mundo que vejo em minha volta compramos o e-reader e baixamos os livros “disponíveis” on-line e pronto. Livraria que só vende papel já está no caminho da extinção vide locadoras de vídeo que não vendem outros produtos. As que vendem livro digital vão ter uma sobrevida. No futuro os governos subvencionam a literatura encapsulada seja qual for a mídia e os escritores entregam direto ao leitor seja qual for a forma de ser remunerado por isto.

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