dom casmurro bestseller

Machado Bestseller

21/03/2013
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Fechando as vendas de ebooks comercializados pela Simplíssimo, nos deparamos com um caso interessante (e persistente) de bestseller. A versão eBook de Dom Casmurro, comercializada pela Simplíssimo a US$ 0,99, vendeu exatamente 1.200 1703 exemplares em 112 151 dias à venda (até o dia 21 de março de 2013). A loja da Apple foi responsável por pouco mais de 60% das vendas, e o ebook está sempre entre os 20 mais vendidos – esta semana é o 14º. O restante das vendas, veio da loja do Google. Esta versão não está à venda na Amazon, antes que alguém pergunte.

(Originalmente publicado em 12 de fevereiro, atualizado em 21 de março de 2013)

Neste momento, o ebook é o 5º mais vendido no Google Play – atrás de dois livros da trilogia “50 tons de cinza”, “Eu não consigo Emagrecer” e do lançamento “O lado bom da vida”.

É um número surpreendente, levando em conta a quantidade de versões gratuitas do livro na Internet. Existem versões gratuitas de Dom Casmurro nas mesmas lojas. Ninguém precisaria comprar o ebook. Mesmo assim, vendeu uma média de 10 11 exemplares diariamente. É difícil explicar um fenômeno desses, mas tenho três quatro palpites.

Primeiro: a versão paga de Dom Casmurro tem um valor muito baixo – US$ 0,99 na Apple e R$ 1,80 no Google. Parte das compras certamente envolveu algum tipo de impulso. Esse impulso, possivelmente, ocorre quando os leitores navegam as listas de mais vendidos. Na iBookstore, entre os 50 mais vendidos, só dois poucos ebooks estão à venda por um preço tão baixo.

Segundo: os leitores que compraram Dom Casmurro não navegam a lista de livros grátis. Devem pensar que, se é de graça, é porque não presta (ou tem defeitos etc). Então preferem pagar um valor simbólico, para garantir um produto de melhor qualidade.

Terceiro: Machado de Assis é Machado de Assis, ninguém bate o velho.

Quarto: é possível que estes leitores prefiram pagar um valor, mesmo que simbólico, na expectativa de receberem um produto de melhor qualidade. A reputação dos ebooks grátis, nem sempre muito bem cuidados, é sofrível.

 

  1. Bacana, Eduardo. Vocês planejam fazer e-books com as obras completas do Machado? Seria legal termos um com os romances outro com os contos. Eu vejo estas opções pra vender ou baixar de graça mas nada bem feito, com índice de conteúdo e a facilidade de se poder trocar facillmente de livro pelo Kindle (por botão no kindle comum, por um toque na tela no kindle touch).

  2. Concordo com seus palpites. Eu seguramente pagaria os $1.99 pela qualidade Simplíssimo, que o gratuito não deve ter. Da mesma forma que não gosto de ter livros feios na minha biblioteca física, não gosto de tê-los na eletrônica.

    1. O gratuito também tem. É só procurar. Muitos livros feios tem belos conteúdos. Quero best-seller a 1 real. Machado a 1 real é fácil.

      1. A questão é que, assim como gratuito, tem e-book pago mal editado e com vários problemas. Quem lê num e-reader sabe como é chato um e-book não conter pelo menos um índice que facilite o acesso aos capítulos ou livros de um e-book.

  3. Esta luta de vocês pela “legalidade” chega a ser cômica. A obra machadiana é pública a muito tempo, vejam aqui: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=58

    Quem lê Machado tem o mínimo de inteligência pra procurar esta informação antes de pagar por um ebook “mais bem acabado”. Esta conversa de que ebook pirata é tosco e ebook “oficial” é bem acabado é que nem a conversa de que CD pirata estraga o som e o original não.

    Quero ver quem vai impedir as milhares de pessoas que entram na internet pela primeira vez a cada dia de “baixarem” o que está aí disponível de graça com o argumento de que o correto, o digno, o honesto, o legal, etc é pagar pelo conteúdo que a pessoa deseja consumir mesmo tendo este conteúdo ao alcance de um clique sem precisar botar a mão no cartão de crédito.

    Não me venham com Machado de Assis a um real que isso é muito fácil! Quero best-seller lançado ontem pelo preço de um pão quente. Aí vocês vão ver uma revolução cultural.

    Desconfio que quem está “por cima” prefira deixar as massas ignorantes pois evitasse concorrência. Imagina se alguns vão querer que os filhos das faxineiras tenham mestrado e doutorado? Onde acharemos mão de obra barata após isso?

    1. Mas o que te leva a pensar que um bestseller, ou qualquer obra deve ser lançada “a preço de pão”?! qualquer obra digital representa o trabalho de uma extensa equipe tal qual um livro impresso, e por que um teria valor e o outro não?

  4. Por que não na Amazon? É muito burocrático? Dá mais trabalho produzir? Não há interesse ou foi apenas escolha?
    Pergunto só por curiosidade, pois investi agora num Kindle, baixei Os Maias do Domínio Público e no começo foi um choque a diferença na grafia (tudo bem que depois a estória e a forma de contar superou tudo), mas por causa disso passei a dar mais atenção e valor para a parte da editoração.
    Baixei uma amostra do livro feito pela Simplíssimo na iBookstore, gostei, o preço também é ótimo, mas justo agora que tenho um e-reader não quero mais ler no tablet…rs

  5. Olá, gostaria de saber se já existe algum serviço com o Kindle Direct Publishing, da Amazon, para as lojas da Google e da Apple? Como vocês conseguem publicar nelas, seria através de uso de PJ ao invés de PF?

    Abraços e boa sorte, sem muito bem o trabalho que dá editar um ePub “bem editado”, se já não tivesse Machado de Assis em casa, sem dúvida pagaria pelo de vocês.

    raph

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