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Os ePubs ainda não se pagam. Por quê?

04/06/2012
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Originalmente, isso foi uma resposta na nossa lista amiga do REB, não uma postagem. Mas como engloba um monte de coisas, ainda que superficialmente, acho que cabe como postagem aqui.

Eu sei de grandes editoras que bateram números expressivos se formos pensar nas conjunturas atuais (problemas de distribuição/venda, que ainda estão longe de serem vistos como canais descomplicados: DRM limitando o uso do arquivo, aparelhos leitores diversificados e com preços acessíveis, o próprio catálogo disponível, etc). Em uma conversa informal, um editor reclamava ter vendido apenas 500 ePubs de um livro que, em seu lançamento físico vendeu meio milhão de exemplares. Lembro que, na época, meses atrás, achei um número bastante alto para um título, tendo em vista as questões supracitadas.

No geral – e infelizmente –, acho que a grande questão é que os ePubs ainda não se pagam, o que nos coloca no ciclo vicioso de “é preciso mais títulos para termos mais vendas, é preciso mais vendas para aumentarmos o investimento”.

O cenário mudou nos últimos meses e diversas editoras têm corrido corrido atrás do prejuízo, ainda que modestamente (embora tenhamos algumas editoras que invistam mais massivamente), e umas poucas têm, de fato, investido forte nisso.

O ePub 2 (versão atual do formato) assim como os eReaders atuais, estão, ainda, em um caminho para a maturidade que só deve ser atingido entre o início e meados de 2013, com a soma de tecnologias menos transitórias. Essas mudanças vêm acompanhadas não apenas das plataformas de venda, publicação e aumento de catálogo (neste último quesito, me refiro ao Brasil, dentre os países que de fato estão investindo), mas também do modelo de negócio que, fora as gigantes, têm tropeçado em busca de padrões.

Por último, nas pontas leitor e livreiro, tínhamos uma promessa uns dois ou três anos atrás de que a coisa se facilitaria para ambos, promessa que não se concretizou, de qualquer forma: a possibilidade de atingir leitores mais distantes (além de reedição de obras fora de catálogo, o que para estudantes de Humanas seria uma benção) e supri-los e, para os livreiros, a possibilidade de competição com as grandes megastores de livros.

Para o primeiro caso, do leitor, aponto as razões que usei no início, em especial, no que diz respeito aos aparelhos. Para o segundo, os livreiros “de rua” (em oposição aos de shopping) sim, culpo o sistema de DRM, que está vinculado exclusivamente a um software Adobe que, um ano atrás, custava R$70 mil, ou seja, um investindo futuro para poucos, já que não se pode vender o mesmo livro com DRM em um lugar e sem DRM no outro.

Acho que é isso, não pretendo nem começar a tagarelar sobre a inexistente política de preços dos arquivos digitais.

Post originalmente publicado no blog /dev/null.

 

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