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Situação Nas Escolas é Péssima e Governo Compra 900 Mil Tablets ao Acaso

02/02/2012
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Falamos bastante sobre educação por aqui. E sabemos também que tablets nas escolas ainda é um sonho meio que distante para todos. Mas não para o Governo. Quando tanto discutimos aqui que é preciso antes preparar o conteúdo e também as pessoas, presenciamos justamente o contrário por parte de nossos representantes.

Duas notícias na Folha refletem isso. A primeira:

Sem alarde, o Ministério da Educação concluiu na semana passada o primeiro estágio de um pregão eletrônico para a compra de até 900 mil computadores do tipo tablet. O objetivo é distribuir os equipamentos para alunos do ensino médio e fundamental.

A compra dos tablets será feita por meio do “Um Computador Por Aluno”, programa que prevê que os governos possam adquirir equipamentos a um custo mais baixo para a rede pública.

O MEC afirma que o objetivo não é comprar os tablets para todos os alunos (estimados em 53 milhões), mas sim “criar pequenos núcleos de aplicação e desenvolvimento da tecnologia, que depois vão disseminar o conhecimento”.

A compra é polêmica. Alguns educadores consideram que ela só deveria ocorrer após elaboração de conteúdo pedagógico específico.

A segunda, apenas um dia depois:

O MEC (Ministério da Educação) vai gastar sozinho cerca de R$ 110 milhões na compra de tablets para serem usados em sala de aula sem ter produzido um estudo definitivo sobre o uso pedagógico dos aparelhos.

A compra total será de, ao menos, R$ 330 milhões, valor mínimo estimado em leilão. Só um terço dos aparelhos ficará com o MEC. O restante deverá ser adquirido por Estados e municípios.

Questionada, a pasta afirmou que o desenvolvimento do método pedagógico vai acontecer na prática, após a aquisição das máquinas.

Os equipamentos serão usados na formação de núcleos, como parte de um plano piloto, em que professores e alunos trabalharão com os tablets para depois disseminarem o aprendizado.

Para efeitos de comparação, o programa Um Computador Por Aluno, do qual a compra dos tablets faz parte, teve um início diferente. Na ocasião, foram fechadas parcerias com universidades que trabalharam no desenvolvimento de conteúdo e na avaliação da nova tecnologia.

Coordenadora do programa ministerial no Sul e no Amazonas, a pesquisadora da UFRGS (Federal do Rio Grande do Sul) Léa Fagundes é favorável ao uso do tablet, mas diz que a discussão sobre a compra do aparelho não passou por pedagogos.

A única audiência pública realizada pelo MEC para subsidiar a compra, em agosto, envolveu só aspectos técnicos, como sistema operacional e tamanho de tela, e não as questões educacionais.

Não é lindo? Vamos jogar tablets nas escolas para “aprender na prática”, sem plano pedagógico e sem conteúdo apropriado. Fica fácil sair em todos os noticiários do mundo anunciando que nossas escolas – apesar da taxa preocupante de crianças fora da escola e até sem comida – estão munidas com tablets de última geração.

Apenas para finalizar, fica a notícia que saiu hoje nO Globo. Nela, Rodrigo Gomes informa que 14% das crianças das escolas do Rio – aquele mesmo estado das Olimpíadas, da Copa – não leram um livro sequer em cinco anos. Será que elas lerão alguma coisa em tablets?

 

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