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Três passos para revolucionar as bibliotecas públicas digitais brasileiras

18/07/2012
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A realidade dos livros digitais ainda não foi bem absorvida pelas bibliotecas no Brasil. Na verdade por aqui não se imagina a biblioteca como um negócio, o que tolhe por completo a possibilidade de inovação e adoção de novas tecnologias – algo repudiado pelos bibliotecários da velha escola. O máximo que se vê são iniciativas que patinam entre o voluntariado, intervenção estatal e pirataria. E todos esses modelos se baseiam na distribuição de títulos para download (geralmente em formato .pdf) sem se amparar, repita-se, em um modelo de negócios.

Infelizmente a cultura contemplativa em relação aos livros e às bibliotecas – que normalmente são fruto de iniciativas públicas ou filantrópicas – não parece ser o suficiente para despertar o interesse de boa parte dos brasileiros pela leitura. Nesse sentido, a experiência de uma biblioteca digital municipal de um município do Colorado (EUA) pode servir como padrão para o que podemos almejar por aqui.

De acordo com uma reportagem do Teleread, o sistema de bibliotecas de Douglas County adotou novos padrões em relação à distribuição digital de conteúdo: encerrou contratos com as distribuidoras, montou um pequeno data center próprio para hospedar os livros, passou a adquirir os títulos diretamente com as editoras sob condições contratuais específicas, implementou sistemas de busca eficientes e deu um jeito de oferecer aos usuários a visualização de livros como se eles estivessem na estante. Lembrando que a realidade por lá é bem diferente da nossa.

(imagem: Raysonho/Wikimedia Commons)

Para aspirar um modelo semelhante, as bibliotecas públicas brasileiras teriam que se reinventar em pelo menos três aspectos. Nada simples, mas nunca é tarde para mudar.

1. Tratar a biblioteca como uma empresa
Partidários da cultura livre podem protestar, mas, queira ou não, é o que uma unidade de informação deve ser. Independente da sua finalidade – seja gerar lucro ou não – ela deve ser administrada, com um levantamento dos seus ativos e passivos, custos de manutenção e espaço ocupado pelos livros, rotatividade dos títulos, políticas de renovação do acervo, captação de recursos, dentre outras medidas. Se apenas 7% dos brasileiros são usuários frequentes de bibliotecas (CBL/SNEL), pode-se inferir que a rotatividade é baixa, o volume de livros mofando nas estantes é grande e o custo para manutenção dessa unidade se torna alto – eventualmente é um fardo para a sociedade manter.

Logo, antes de migrar para o meio digital, é preciso que nossas bibliotecas sejam repensadas e tratadas como um negócio. Caso contrário, estaremos fatalmente destinados a conviver com os velhos PDFs. As unidades não terão como negociar valores justos com as editoras nem oferecer os títulos de maneira competente aos usuários – sério, a CDU e a CDD vão ter que dar lugar aos algoritmos.

2. Usar e abusar das ferramentas da Web
Quando um leitor visita a home page de uma biblioteca, não tem que necessariamente saber o que digitar nos campos de buscas. Muitas vezes ele quer apenas passear entre as estantes, assim como faria em uma biblioteca física. Uma medida bem interessante seria criar uma classificação de conteúdo baseada nos interesses previamente estabelecidos pelo próprio usuário (algo parecido com o que a Netflix ou o Google já fazem há anos).

Funcionalidade e interatividade também deveriam fazer parte, principalmente quando se trata de bibliotecas públicas. Por aqui são poucas as que disponibilizam a seção “fale com um bibliotecário” – um contrassenso, afinal o atendimento ao público é uma das atividades-fins desse profissional. Um chat online cairia bem.

E, finalmente, o HTML5 e o EPUB estão aí para serem utilizados. As duas linguagens são padrões para qualquer dispositivo, portanto universais e com mínimos problemas de compatibilidade.

3. Conquistar novos leitores
Eis a questão. Eles são, afinal, a razão da existência das bibliotecas, sobretudo públicas. Mais do que nunca os profissionais ligados à pedagogia e leitura devem se engajar para formar novos leitores capazes de utilizar gadgets para ter acesso ao conhecimento e à informação. Caso contrário, não importa o esforço das editoras e livrarias virtuais em inovar, a quantidade de usuários sempre vai ser baixa.

 

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