Vender livros direto para o consumidor, sem intermediários, não é um hábito para a maioria das editoras. É mais fácil entregar os livros para uma distribuidora, que cuida da logística e que repassa os livros para as livrarias, que por sua vez vendem para o consumidor. No digital, porém, essa sistemática pode sofrer uma revolução, em que a editora passa a vender direto em seu site, direto no seu app, etc, obtendo margens de lucro maiores e “desintermediando” o processo.
Segundo um editorial publicado na Publishing Perspectives esta semana, a venda direta ao consumidor responde por 25% das receitas com ebooks nos EUA. Para Jonas Lennermo, Diretor de Criação da Publit.se, companhia sueca que fornece soluções de D2C para editoras (mesclando impressão sob demanda com eBooks), “vender diretamente para o consumidor final redesenha toda o mercado editorial”. Ele tem razão. Para ficar no ponto de vista da editora, o seu trabalho passa a ser uma grife, a sua marca se torna concretamente uma identidade com significado e tudo isso precisa ser transmitido e reconhecido pelos consumidores. E aí está a parte complicada, em que é preciso se destacar numa crescente multidão de editoras que disputam a atenção dos leitores:
Because the great benefits of selling directly to the readers also demands a new mindset. D2C is perfect for the long tail economy, which grow both bigger and longer, but will always struggle with discoverability as its inherent nemesis. To stand out in the vast and growing world of digital content, you need to leave the shadows of traditional publishing and take a big, brave step out in the light. You need to build a relationship with your readers, be present where they are, and make it easy for them to understand what you do and to tell others about it. In other words: you need to build a brand.
It’s not about ads, fancy logos or catchy slogans. It’s not about adding a superficial layer of marketing fluff to smudge your favorite stories. In fact, it’s quite the opposite. There are a plethora of buzzwords – freemium, content marketing, evangelists and the like – which are just industry circumlocutions of something that’s quite straight forward. Tell people why the stories you sell are your favorite ones. Be relevant. Be accessible. Be honest.
A venda direta de ebooks ao consumidor está surgindo como modelo alternativo ao predomínio das grandes empresas de tecnologia e varejistas online, que detém os principais meios de distribuição e venda existentes hoje. As maiores bases de usuários com cartões de crédito cadastrados pertencem à Amazon e Apple. É mais fácil vender com eles, e o preço disso é uma dependência crescente. John Oakes, co-fundador da OR Books (americana), exemplifica claramente a situação das editoras americanas e como ele conseguiu, através de vendas diretas, escapar do garrote da Amazon. O texto completo pode ser visto aqui, mas o recado principal é o seguinte:
O que é vender? É habilidade para vender. E se as editoras vendessem ebooks e impressos diretamente aos consumidores – e os consumidores se acostumassem com a ideia de comprar diretamente? Subitamente alguém pode imaginar a Amazon se tornar um anacronismo, juntando-se à longa lista de espécies extintas do mercado editorial.
E isto vale para outras coisas também, como combater a pirataria.