Jana Lauxen, do blog Homo Literatus, publicou uma lista com as 6 coisas que um autor não deve fazer para publicar seu livro. O texto completo vale a pena ser conferido (veja o link ao final do texto).
Aqui vai uma seleção dos melhores trechos:
1. Não faça propaganda toda santa semana nas redes sociais
Você é livre para publicar o que quiser em suas redes sociais, mas não tem o direito de invadir, uma vez por semana, as redes sociais alheias com links sobre seus projetos, seus textos, suas publicações. E isso inclui marcar pessoas no Facebook. Não existe nada mais desagradável do que postagens onde o autor marca 749 amigos, literalmente obrigando a geral a curtir e comentar o dito post.
2. Não fale sobre o que não sabe.
Tem um ditado que diz “É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota, do que falar e acabar com esta dúvida”. Isso vale para tudo e para todos, e vale para o novo autor também.
Uma vez, um escritor conhecido meu postou no Facebook uma mensagem que recebeu de uma determinada editora, com sua proposta de publicação. Esta proposta incluía a aquisição, por parte do autor, de um número X de exemplares. Pois o autor postou o e-mail na íntegra, citou o nome da editora, e logo abaixo publicou um pequeno texto, ridicularizando sua proposta e colocando em cheque sua credibilidade (“acha que eu sou palhaço de pagar essa fortuna para publicar, mimimi, blábláblá).
Uma postura infantil, dispensável e que certamente desqualifica este autor para publicar em qualquer editora – inclusive uma onde ele não precise pagar.
3. Cuidado com o peso do seu ego.
Muitos autores juram que são gênios, e nada pode ser pior do que isso.
Já vi autores entrarem em contato com editoras escrevendo besteiras do tipo “Em anexo encaminho o novo best seller brasileiro”, sendo que best-seller, Sr. Gênio da Literatura, se escreve com hífen.
Imagino esse cara chegando numa moça em uma festa e dizendo “Oi, você quer ter a sorte, a honra e a incrível oportunidade de ficar comigo?”.
4. Não subestime o trabalho alheio.
O novo autor tem mania de querer tudo (quase) de graça.
Reclama do investimento em revisão, do preço final do livro, dos custos envolvendo distribuição e divulgação, do lucro sobre a venda de cada exemplar.
Certa ocasião, um autor escreveu pra mim: “Tá difícil ser um novo autor sem dinheiro, né?”. Deu vontade de responder: “Olha, é difícil VIVER sem dinheiro, camarada”.
5. Saiba escrever.
Parece óbvio, e é.
Mas, mesmo assim, muitos autores não entendem.
Não foi nem um e nem dois autores que já me disseram que não revisam o que escrevem por que “são escritores, não revisores”. Risos. Olha, amigo, a revisão faz parte da produção literária, caso você não saiba. Escrever e não revisar é igual querer cozinhar sem acender o fogão (“sou cozinheiro, não acendedor de fogão”).
E, tirando raríssimas exceções, quem escreve um livro de 650 páginas geralmente mais encheu linguiça do que qualquer outra coisa.
6. Não exija o que não pode oferecer.
O autor quer ser lido, publicado, divulgado, comprado, idolatrado. Mas não quer fazer absolutamente nada para que isso aconteça.
Quer ser lido; mas escreve mal e errado (“sou escritor, não revisor”).
Quer ser divulgado; de graça, né? Por que, afinal, quem trabalha com marketing literário não precisa pagar aluguel e nem comer.
Continua querendo ser divulgado, agora pelos seus amigos do Facebook; mas nunca curte, compartilha, comenta, e muito menos divulga o trabalho destes mesmos amigos.
Editoras existem desde que o Brasil foi descoberto, mas somente na última década o mercado editorial se democratizou e se expandiu, permitindo que pessoas sem costas quentes nem padrinhos influentes também pudessem publicar, e vender, e se dizer escritores.
Contudo, esta democratização trouxe, igualmente, amadorismos e picaretagens, tanto por parte de muitas editoras, quanto por parte de muitos autores.
Se quisermos tornar nosso mercado editorial um mercado sério, que trabalhe em cima de qualidade, com comprometimento e competência, e que remunere adequadamente todos os profissionais envolvidos (incluindo o próprio escritor), precisamos, enquanto autores, também fazer a nossa parte.
O autor também precisa se profissionalizar e parar de tratar a literatura como uma brincadeira.
Confira o texto integral no blog Homo Literatus
Concordo plenamente. Por coincidência do destino não fiz ou cheguei a ponto de fazer qualquer uma das coisas citadas acima e estou redondamente feliz de poder ter a certeza de que enviei, revisei e descartei as coisas certas para uma obra futuramente publicada( quem sabe). Obrigada!
ótimo texto, Simples, conciso, direto.
Gostei do que li, esclarecedor, está dizendo resumidamente o que o escritor precisa saber. Se o mercado editorial abriu-se aos novos escritores que a honra dele seja mantida com bons produtos.
Concorde com tudo mais se o autor e a historia é boa mesmo tem que tratar ele com mais respeito. Porque as grandes editores fazem nada do que vc esta falando?
Olha, eu não gosto de interpelar pessoas, mas você leu bem o item nº 5?
Augusto Barros no 5 tem nada haver esse é uma satira. No meu caso eu falo 5 idiomas não sei escrever bem portugues por isso que deu tanto trabalho. Meu segundo livro escrevo em ingles e mando traduzir depois.bem mais rapido e melhor.
muito bom!. explicação clara e reflexiva. gostei.
Apenas para deixar minha contribuição: no item 3, os dicionários American Heritage e Oxford grafam a palavra “bestseller” junto; Já o site da Amazon.co.uk o apresenta separado. O mais correto seria seguir os dicionários, portanto “bestseller”. Mas… também existem muitos jornais que adotam “best-seller”, como o Dailymail.co.uk. Portanto: empate técnico… 🙂
Realmente, falta um pouco de senso por parte desses autores, que muitas vezes nem sequer merecem ser chamados de “amadores”, pois estes anda têm a chance de aprender com os erros e progredir. Contudo, narcisistas à parte, eu tenho que admitir que o mercado editorial no Brasil é realmente dispendioso. É claro que o autor não deve barganhar, eu concordo que nada deve sair de graça, mas essa é uma realidade presente no Brasil, não só no meio editorial, mas no custo de vida. Pagamos muitos impostos, inclusive quando compramos, temos pouco retorno, somos proporcionalmente consumistas e tudo isso faz a situação complicar pra todo mundo. É como diz a famosa frase: “Não tá fácil pra ninguém”. O cara que te disse que tá difícil ser autor sem dinheiro não deixa de ter razão. Só que não é só ser autor que demanda dinheiro. Eu diria que ser brasileiro demanda dinheiro e para isso, deve-se “ralar” mesmo. Mas é bem melhor ser recompensado pelo esforço.