O editor Julio Silveira trouxe um ótimo artigo ao Publishnews. Nele, Silveira fala da relação das editoras com o autor, assunto sempre delicado. É difícil um viver sem o outro, mas isso nunca impediu injustiças.
Silveira conta a história de Charles Dickens, que apesar de ser adorado nos Estados Unidos, não recebia um centavo pela sua obra, que era copiada e vendida à sua revelia no país. Outro famoso autor, Victor Hugo, foi quem consegui a primeira vitória para os autores, trazendo a Convenção de Berna em 1886:
… onde estabeleceu-se o grande acordo entre autores e editores, a base jurídica daquele “©” singelo na página de créditos dos livros de hoje. No toma-lá-da-cá entre escritores e impressores, foram os últimos que se saíram melhor. Enquanto os autores conseguiam o reconhecimento (direito moral), as editoras-impressores garantiam para si a exclusividade para exploração comercial. Assim, o instituto criado na Convenção de Berna não foi o droit d’auteur, como queria Hugo, mas sim o copyright, o “direito (da editora) de tirar cópias”.
Acostumados com isso, hoje muitos autores ainda desconfiam do digital, onde as margens de ganho são maiores do que os 10% de sempre.
Mas, como explica Silveira, “talvez a questão seja apenas de descompasso”. O autor é a razão de existência da editora, assim como o autor pode ter muitas vantagens com a editora, pode ter muito mais tempo para fazer o que gosta – escrever – e deixar trâmites legais, impressão, divulgação, etc, com as editoras.
Ao invés da briga, editores e autores poderiam se entender. Um reconhecendo a importância do outro, e ambos ganhando de forma justa e amigável.