Beatriz é coordenadora de mídias digitais na editora Zahar, responsável pela produção e comercialização dos títulos digitais da editora. Na Conferência, Beatriz fará a mediação da mesa Dicas para correções em ePubs. Conheça mais sobre ela, e o seu trabalho com livros digitais, na entrevista a seguir:
Revolução eBook – Nos fale um pouco sobre você, onde trabalhou e onde trabalha atualmente.
Beatriz Simonini – Meu contato com o livro digital começou estagiando na primeira livraria digital do Br, a Gato Sabido, enquanto eu ainda estava na faculdade de produção editorial. Durante a faculdade e meus primeiros estágios em editoras eu não tinha nem ideia de que o livro digital começava a aparecer no Brasil.
Quando eu comecei nessa livraria digital, as vendas eram muito baixas, e pude acompanhar, aos poucos, o crescimento e a entrada de cada vez mais editoras e livros. Me lembro a primeira vez que colocamos à venda aqueles romances de banca para mulheres, com ciganos e castelos na capa. Eles foram um fenômeno, vendiam muito para aquele momento, foram um anúncio dos 50 tons de cinza e similares que viriam depois fazer tanto sucesso no digital.
Depois, dentro da mesma empresa e já formada, migrei para a Xeriph, que é uma distribuidora digital. Aí que começou meu relacionamento direto com os editores, escutando suas dificuldades e entendendo um pouco melhor do que é fazer um livro digital e disponibilizá-lo no Brasil e no mundo todo. Além disso, como tinha bastante contato com as livrarias, pude acompanhar a entrada de cada grande empresa internacional no país no final de 2012, os receios e tentativas de proteção das lojas nacionais, as dificuldades fiscais e empecilhos para o estabelecimento das Amazons e etc em nosso país. Foi então que decidi que queria trabalhar com outra parte da cadeia, administrando a produção de conteúdo digital dentro da editora e podendo participar na definição de estratégias dentro desse mercado tão novo e com tantas possibilidades. Vim para Zahar, onde estou agora, tocando a área digital e aprendendo muito sob esse novo ponto de vista do mercado.
RE – Nos explique melhor o seu trabalho: o que você faz em específico e quais tecnologias você usa?
BS – Eu coordeno todas as etapas da produção do ebook a partir do momento em que adquirimos os direitos digitais: a produção e revisão, envio para as lojas e avalição das vendas em cada uma, participo da definição de ações e promoções, e por aí vai. A produção dos nossos ePubs é terceirizada, e não mexo diretamente com o arquivo, mas muitas vezes é necessário sim, abri-lo em cada dispositivo, checa-los, entender os erros apontados pelas lojas, enfim, saber manusear o arquivo e entender o suficiente para exigir dos nossos fornecedores o que gostaríamos, e saber as limitações do formato para conseguir adequar bem um conteúdo que normalmente é pensado somente para o impresso. Uso normalmente o sistema OS X para poder interagir com a plataforma da Apple, mas às vezes tenho problemas com outras plataformas que foram construídas só para Windows. Todos os devices de leitura são necessários (estou atrás de um Kindle Fire, que ainda não chegou no Brasil), além do Sigil para que eu mesma possa consertar os errinhos básicos de um ePub que não sobe em alguma loja e não tenha que ficar constantemente devolvendo-o aos fornecedores, Adobe Photoshop para mudar a definição das imagens e capas (sempre necessário), Calibre, apps de leitura (todos) e muito Excel para controlar todas essas entradas e saídas.
RE – Porque um editor deveria publicar no formato digital?
BS – Acho impensável não publicarmos também livros no formato digital. Já migramos para e-mails, sites de informação, blogs, mensagens de texto, wikipedias, e-commerces, facebook… Enfim, quase toda a informação que trocamos hoje em dia é digital, não faz sentido termos um tipo de conteúdo que se mantém imune a esse mundo.
RE – Qual a maior barreira que você encontrou ao iniciar a trabalhar com os livros digitais?
– Acho que foram duas as maiores: a barreira da limitação tecnológica, do formato que não é padronizado, que se modifica constantemente, tornando cada vez mais necessário criar um tipo de arquivo para cada leitor digital, cada loja… E escutar constantemente de todos os meus amigos que jamais lerão um livro digital, que gostam mesmo é do cheiro do papel, rs.
Acho que foram duas as maiores: a barreira da limitação tecnológica, do formato que não é padronizado, que se modifica constantemente, tornando cada vez mais necessário criar um tipo de arquivo para cada leitor digital, cada loja… E escutar constantemente de todos os meus amigos que jamais lerão um livro digital, que gostam mesmo é do cheiro do papel, rs.