Lúcia Reis tem 24 anos, começou a trabalhar com livros digitais em 2011, na editora Zahar como Assistente de Produção, desempenhando tarefas de produção de e-Books, adaptação de projetos gráficos, cotejos e correções técnicas.
Em 2012, foi contratada pela editora Rocco com objetivo de estruturar o departamento de Livros Digitais, onde hoje atua como coordenadora. É responsável pelo fluxo de produção, gerenciamento de custos e projetos, atuando também na parte de vendas.
Revolução eBook: Nos fale um pouco sobre você, onde trabalhou e onde trabalha atualmente.
Em 2011 comecei a trabalhar na editora Zahar como Assistente de Produção, especificamente na adaptação dos e-books (de backlist e lançamentos) para os padrões da editora.
No final de 2012, fui contratada pela editora Rocco, onde atuo no cargo de Coordenadora de Livros Digitais.
Revolução eBook: Como você iniciou a interessar-se sobre eBooks?
Sempre me interessei por tecnologias, o que me direcionou à oportunidades profissionais dentro desta área.
Minha primeira experiência profissional foi com a produção de cursos a distância na FGV-Online, onde percebi que havia um espaço de atuação na área tecnológica para formandos em Letras.
Como muitos dos estudantes de Letras, almejava trabalhar no mercado editorial e, para alguém com o meu perfil, livros digitais parecia a oportunidade ideal.
Revolução eBook: Nos explique melhor o seu trabalho: o que você faz em específico e quais tecnologias você usa?
Faço o planejamento mensal dos livros digitais dos selos da editora, estabelecendo uma rotina de lançamentos mensais, mesclando backlists relevantes, e distribuindo as tarefas entre os colaboradores externos e nossa equipe interna, de maneira a manter nossa produção dentro do orçamento.
Na parte referente a produção, faço a coleta dos arquivos para a conversão e encaminho ao fornecedor dando instruções gerais. Ao receber o arquivo convertido, ele é passado por um cotejo e, depois da aplicação de emendas, é feita uma edição final no arquivo, adaptando-o para um melhor desempenho nas diferentes plataformas.
Também atuo na parte comercial, negociando espaço nas livrarias e elaborando ações e promoções para divulgar o conteúdo da editora.
A respeito das tecnologias utilizadas, estes são os principais programas presentes na minha rotina de produção: InDesing, Sigil, Gimp, FontForge/BirdFont, Notepad++, LibreOffice (extensões Perfect ePub, writer2ePub), ADE, Readium, ePubFixer, ePubcheck, KindleGen.
Revolução eBook: Porque um editor deveria publicar no formato digital?
Apesar de ainda não termos um mercado consumidor de e-Books estabelecido, a publicação no digital amplia a área de divulgação do conteúdo no qual a editora está investindo. No meio às inúmeras publicações existentes, é importante para a editora utilizar todos os possíveis espaços para dar maior visibilidade para seu catálogo. O ambiente virtual é mais uma forma de atingir um possível público consumidor e disponibilizar o conteúdo em diversos formatos amplia também o perfil de potenciais leitores.
Revolução eBook: Se você tivesse que criar uma equipe de produção de livros digitais, por onde iniciaria?
Acredito que isso dependa das necessidades de cada editora. Numa editora como a Rocco, cujo fluxo de lançamentos chega a 15 títulos por mês e o fluxo de produção dos digitais (que englobam também backlist) chega a 20 títulos ou mais, é essencial termos profissionais aptos a lidar com questões referentes a produção.
De maneira geral, eu diria que é necessário ter ao menos uma pessoa na equipe que entenda da parte técnica e seja capaz de avaliar o trabalho dos potenciais fornecedores e de coordenar a produção.
Também é importante, no entanto, ter alguém com conhecimentos de marketing e vendas em ambientes virtuais, pois sem isso os livros não chegarão ao conhecimento do consumidor.
Revolução eBook: Qual a maior barreira que você encontrou ao iniciar a trabalhar com os livros digitais?
Acho que a maior barreira ainda é formar um mercado consumidor consolidado. Para isso é preciso promover não só o conteúdo, como também a experiência de leitura.
Há ainda muito preconceito a respeito do livro digital, basicamente pela visão equivocada deste como concorrente do livro impresso.
Acredito que exista e vá continuar a existir mercado para ambos os formatos, pois cada um possui características próprias, com vantagens e desvantagens, e são destinados a diferentes perfis de consumo. Em suma, não os compreendo como concorrentes, vejo o digital preenchendo uma lacuna criada pela demanda cada vez mais urgente por mobilidade.
É uma excelente profissional, ouço falar muito bem dela na área. Parabéns!