Nerd que é nerd está sempre na internet. Nerd que é nerd quer sempre as novidades assim que elas aparecem, odeiam esperar as coisas chegarem ao Brasil e, se possível, até viajam ao exterior para comprar seus objetos do desejo antes de todos (vide o iPad).
Uma notícia da jornalista Raquel Cozer na Folha, alguns dias atrás, revelou que o autor da saga As crônicas de gelo e fogo, George R. R. Martin, se diz impressionado com as vendas de seus livros aqui no Brasil. De acordo com a nota, o Brasil é o país onde seus livros mais vendem cópias, e ele está interessado em vir aqui conhecer seus assíduos leitores.
Até pouco tempo atrás, você só encontrava os títulos da série As crônicas de gelo e fogo no formato impresso. As versões digitais chegaram há pouco tempo, tanto aqui quanto lá fora. Ainda assim, pipocaram milhares de cópias digitais pela internet, em sites de downloads ilegais. Estavam ali, perfeita e praticamente disponíveis para aqueles que queriam sua versão digital, a dois cliques e um CAPTCHA de distância.
Esse tipo de série é o gênero preferido de nerds e geeks, que estão sempre colados na internet. É o tipo de saga épica que lembra Senhor do Aneis e os temas de RPGs que cirulam por aí. E esses leitores, sempre na internet, possuidores de tablets e smartphones, compraram as versões físicas dos livros de George R. R. Martin. E compraram em um volume tão gigante que fez inveja a outros países, muito mais “leitores” que o Brasil.
Os livros físicos são encontrados na internet por preços que variam de R$25 a R$45, algo considerado caro para o povo brasileiro. E, ainda assim, contra todos os pessimistas e dramáticos que choram pela pirataria, os livros físicos, caros, pesados e gigantes, foram adquiridos em larga escala. Aqui, temos apenas até o volume 4 publicado, enquanto lá fora já estão vendendo o volume 5 e, ainda assim, foram adquiridos em larga escala. E isso tudo com milhares de cópias piratas disponíveis na internet, facilmente encontráveis.
São casos como esse que colocam em cheque as afirmações daqueles que dizem que o livro digital abre caminho para a pirataria. Francamente, com a demora da chegada da versão eBook, seria de se esperar que houvessem cópias e mas cópias ilegais por aí. O consumidor quer o livro digital junto com o impresso, e não há porque isso já não acontecer com os títulos best-sellers.
Vou confessar que eu peguei pdfs piratas dos livros 4 e 5 do Crônicas em inglês mesmo, mas explico porquê: Mesmo tendo o livro 4 em poket ainda tinha lugares em que eu não podia abrir o livro pra ler, ou esquecia o livro e não queria ficar sem ler, então lia no celular. Com o volume 5 foi pior, porque comprei em pré-lançamento e mesmo assim teria que esperar meses até ele chegar dos EUA na minha casa pra eu poder ler. Então assim que lançou eu procurei e baixei um pdf nojento que me dava dor de cabeça ler no celular, mas me manteve lendo até chegar o livro físico e muito depois de ele chegar, porque já que os pockets só são vendidos mais de um ano depois, acabei comprando o hardcover, que é gigante e não tem condição nenhuma de tirar de casa.
Nerd que é nerd quer o livro físico, pra sentir o cheiro e o peso, sentir nos dedos quantas páginas faltam, usar meia dúzia de marcadores e, principalmente, encher a estante.
O que ainda falta pra fazer a felicidade completa dos nerds é ao comprar o livro físico termos a opção de pagar um valor simbólico e receber o livro digital, pra poder ler no kindle, tablet, pc ou celular em qualquer lugar.
O que gera pirataria é a demora dos lançamentos dos livros digitais.
Eu mesmo me prometi que não iria mais comprar livros físicos (com raras excessões).
E estava aguardando "Crônicas de Gelo e Fogo" Vol. 4 há meses. Desde o lançamento do livro físico.
Só recentemente que saiu a versão digital e comprei na hora.
O problema é que se a demora for muito extensa, a ansiedade é maior e acaba-se procurando as versões "não-oficiais". E depois , animar de comprar a versão "oficial" depois de ler a pirata, é para poucos.
Outra coisa que acho que ajuda a pirataria "digital" é o preço dos livros digitais serem o mesmo ou MAIORES que a versão física. O que não tem a mínima lógica.