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Direto do Grupo: Tablets x eReaders

28/02/2012
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Durante a semana, temos em nosso grupo homônimo uma série de conversas sobre o mercado do livro digital. Uma ou outra acabam gerando polêmica, e dão para no para muita manga. No dia 23 de fevereiro a participante Fernanda Garrafiel deu seu depoimento sobre o assunto de tablets e eReaders. O assunto gerou mais de 70 respostas, e vamos fazer um apanhado das mais interessantes por aqui:

Muitas outras mensagens interessantes foram enviadas, confira todas se cadastrando em nosso grupo!

Fernanda Garrafiel: Eu sempre achei que os eReaders eram uma tecnologia de transição, que sumiriam com o tempo, dando lugar aos tablets, mais completos. Mas, será que é confortável ler em um tablet? Resolvi testar. Comprei dois livros digitais: “Um Dia” e “A guerra dos tronos”, com aproximadamente 400 e 800 páginas, respectivamente. “Um Dia”, eu li em um Positivo Alfa (infelizmente ainda não tenho um Kindle) e “A Guerra dos tronos”, li em um iPad. Aqui vão algumas considerações, minha opinião, sobre os dois aparelhos:

– Quanto ao peso, o eReader ganha de lavada, não pesa quase nada. O iPad não chega a ser pesado, mas é mais confortável segurar o eReader.

– Quanto à tela: Aqui valem várias considerações:

– Reflexo: a tela do eReader não reflete, e isso é uma grande vantagem se você quer ler na praia, ou em lugar de muito sol, ou com iluminação direta. Com o tablet, você precisa ajustar a posição dele para o reflexo da tela não atrapalhar a leitura.

– Luminosidade: ao contrário do que eu pensava, a luminosidade da tela do iPad não torna a leitura desconfortável. Dá para ler horas sem se cansar. Em lugares mais escuros, eu achei mais confortável ler com o iPad do que com o eReader. O iPad tem um comando onde você pode diminuir o contraste entre o fundo e as letras, e isso resolve muito bem o problema da tela iluminada. No eReader, a tela é fosca, e ele precisa de iluminação externa. Se você estiver em um lugar super iluminado, tudo bem. Mas se a iluminação for direcionada (dentro de um ônibus, por exemplo), eu achei bem desconfortável para ler. É como se as letras não tivessem contraste suficiente.

– Tamanho: o tamanho da tela do iPad se aproxima mais de um livro, é mais confortável. E as margens são ajustáveis. No eReader, se aumentar a letra ou as margens, a tela fica pequena, e você fica com pouco conteúdo por página. Fica com um design ruim.

– Uma grande vantagem do Positivo Alfa é o dicionário embutido. Muito prático, só clicar em cima da palavra e ver o seu significado.

– Quanto a velocidade na passagem das páginas: ponto para o iPad. O Positivo dá uma “piscadinha”  leva um segundo para montar a página seguinte. Parece irrisório? Experimente isso no meio de uma frase.

– O iPad tem mais possibilidades de visualização: é colorido, eu posso escolher a cor do papel, das letras, posso regular a luminosidade, posso escolher a forma como eu quero passar as páginas.

– Uma vantagem para o eReader: os livros ficam todos em um mesmo índice, que você pode organizar como preferir. No iPad, tem o aplicativo da Cultura, se você comprou o livro na Cultura. da Saraiva, se você comprou na Saraiva, tem o iBooks. Seus livros ficam espalhados por vários aplicativos.

Enfim, os dois têm suas vantagens e desvantagens. Mas eu acho, sinceramente, que, entre levar dois dispositivos na bolsa, eu prefiro ficar com o iPad, que tem outros aplicativos também. Além de ler livros, eu tenho agenda, emails, jogos, vídeo. etc. Dispersivo? Claro que não. Você tem várias coisas para dispersar em casa e mesmo assim senta para ler um livro, não é? Então, é a mesma coisa: eu tenho vários aplicativos, mas, quando quero ler um livro, eu leio e deixo o resto para lá.

Marco Giroto: Algumas considerações, ao meu ver:

  1. Com um eReader, você ficará preso aos eBooks do fabricante do eReader. (tirando o Kindle Fire, onde já é possível instalar outros apps nele, mas ele é mais tablet do que eReader).
  2. Se não me engano, já existe carregador solar para o iPad, nunca usei, mas já vi algo sobre. Em breve, os tablets terão uma boa bateria. O meu iPad da primeira geração dura mais do que um vôo entre Brasil e Japão se eu ficar apenas na opção de ler livros.
  3. Com relação ao desconforto, isso é questão de adaptação. Configurando a luminosidade do tablet, dá pra ler durante horas numa boa. Tente ler com o eReader no escuro, não dá.
Entre todas as vantagens e desvantagens de ambos, o tablet sai ganhando em vantagens. Não quero ter um eReader e ser obrigado e só ler livros daquele fabricante.

Daniel Fosco: Na maioria dos casos é possível usar mais de um aplicativo para o mesmo ebook, desde que eles usem Adobe DRM e tenham a mesma AdobeID registrada. Apps que usam Adobe são: Gato Sabido, Saraiva, Cultura, Bluefire, Kobo, B&N e Aldiko (alguns possivelmente travam a retirada de conteúdo pelo iTunes, mas nesse caso é possível baixar pelo site da livraria no PC).

O único contra de testar n aplicativos é que você gastará muitas das 6 ativações de sua AdobeID, mas sempre dá pra falar com o suporte Adobe e pedir mais. Sobre a questão da leitura em iPad, acho essencial apps com modo noturno (tela preta com letras brancas) – permite até que você leia no breu sem machucar a vista

Stella Dauer: Dentre o eReader e o tablet, prefiro o smartphone. Está sempre comigo, posso ler no escuro, no ônibus, sempre discretamente. Experimentei o Kindle Fire, e para quem gosta de ler por horas seguidas como eu, não dá. Os olhos não aguentam. Pode mudar a cor do fundo, mexer no contraste, o que for. Muitas horas olhando para o mesmo dispositivo, no escuro, é como ficar olhando pra tela do computador. Cansa.

A melhor coisa é ler com a luz acesa. E se é pra ler de luz acesa, porque não um eReader? É bem possível ler eBooks de várias empresas, por exemplo, no nook touch, um dos melhores eReaders que eu já vi. E como os livros que eu compro são meus, e não pretendo piratear, quebro o DRM em 2 minutos e aí posso ter eBooks em ePub ou mobi, tanto no Kindle como no nook, como no smartphone, como na tablet.

Ah, e além da tela, segurar o Fire deitada por mais de 30 minutos era bem doloroso. Um eReader ou smartphone são leves e bons de carregar.

Carlos G. R. Castro: Tenho os dois: iPad e Nook 1ª geração. Conteúdo é com o iPad. Agora livros, ainda prefiro o Nook. Os tablets foram criados para consumo de conteúdo. Já os eReaders estão preocupados com o conforto da leitura, peso do dispositivo, objetividade nos menus e duração da bateria. São aparelhos distintos. É como comprar tablet com notebook. Cada um com a sua função…

Claudio Soares: O mercado ditará as alternativas. Mas, tomando como exemplo os celulares: quantos de nós possui um celular que apenas faça e receba chamadas? Multifuncionalidade é uma “feature” obrigatória nos dias de hoje. Nesse quesito os eReaders perdem. Mas, acho que o que deve pesar na escolha é o software.

Tenho eReader e iPad, mas leio mais em notebook (e iPad). Falo de uma leitura ampla, ativa, não me restringindo apenas aos livros. Sinto falta nas plataformas como Amazon etc, de um “sistema gerenciador de leituras” robusto como o Diigo. A leitura deve envolver anotações e compartilhamento de trechos. Isso, para começar. A leitura é uma atividade social.

Marcelo Izukawa: Sempre achei um absurdo a leitura de um livro num smartphone, até o dia que eu peguei para testar. E pra minha surpresa, se tornou a minha principal plataforma. A tela é pequena, mas o tamanho das letras é ajustável. tem que ficar virando de “página” toda hora, mas não me incomoda.

A principal vantagem é que o telefone está sempre comigo, fácil de carregar e super leve para ler. Mas já tive um Kindle e gostava bastante dele também. Gostava bastante da tela sem brilho, mas a maior vantagem era a facilidade da compra dos livros. Um clique e o livro já estava lá para leitura. Sem prazo de entrega, sem cadastro disso, sem número daquilo…

Fernando N.: Estou começando agora nos livros digitais e busquei adquirir exatamente um Kindle básico, para não ter um gadget faz tudo. Sinto em discordar Cláudio, mas a multifuncionalidade só é obrigatória nos dias de hoje por uma questão de mercado, eu particularmente não curto muito essas coisas que fazem tudo, há smartphones tão cheios de gadgets que as vezes eu até lembro que ele também serve para ligar para outra pessoa e falar com ela.

Gostei das colocações aqui de outras pessoas que desmistificam a idéia de que ler em um tablet seja cansativo tanto quanto em um computador, espero que essa experiência seja agradável no futuro, por enquanto me satisfaço com o Kindle por ser exatamente isso, apenas um leitor de livros e textos, nada mais. Eu curto a idéia da tela eInk dos eReaders como o Kindle, e as vezes confesso que sinto falta de uma luminosidade quando a luz do quarto está fraca, mas lembro que os meus livros de papel também tinham o mesmo problema e fico feliz por não ser um livro pesado de 600 paginas no colo.

Nem me preocupo muito ainda com as questões de Direitos Autoriais, ainda não comprei nenhum livro digital, porque já tenho várias coisas para ler que adquiri de outras formas, e acho que ainda está muito salgado o preço e com desculpas das mais esfarrapadas, e se você estão dizendo que a qualidade ainda deixa a desejar, piora ainda mais as desculpas.

Claudio Soares: Fernando, que bom que você discorde. Pontos de vista discordantes ajudam no debate, sempre. Entretanto, estou me baseando em uma tendência tecnológica iniciada, talvez (pelo menos foi quando eu entrei nessa história), com a popularização das GUI (Graphical User Interfaces) no início dos anos 90.

O que trouxe essa “tendência”?

1) Multimídia, multifuncionalidade e multitarefa: a interface “monousuária” e baseada em texto do DOS perdeu para a interface gráfica do Windows (e do OS, da Apple).

2) Hipertexto: a leitura deixa de ser linear (tenho dúvidas se ela assim o foi algum dia…) e passa a ser hipertextual, menos passiva, mais ativa. Os livros dialogam entre si.

3) Aplicações-multicamadas (versus aplicações “monolíticas”): descentralização do desenvolvimento de software (e logo veremos isso com os livros também).

4) Conteúdos dinâmicos: conteúdo estático é fácil copiar. Precisamos de mais conteúdos dinâmicos (livros como serviços) e menos DRMs.

Enfim, o tema é mais amplo e envolve uma revolução dos conceitos de leitura e produção literária. A leitura e a escrita serão essencialmente mediadas por software e isso muda tudo. Para o bem e para o mal, podemos até discutir.

Lembro, entretanto, que uma tecnologia só é assim vista pelos que nasceram antes do seu advento. Esse tipo de discussão será totalmente dispensável pelas próximas gerações.

Creio que precisamos mudar o foco da discussão para como passamos a produzir livros “mais inteligentes” que incorporem produtivamente os recursos que a tecnologia nos oferece. Devemos pensar “fora da caixa”, entende? Inovar e não apenas “simular” o antigo no digital.

Fábio Mariano: Já tive a oportunidade de ler livros ePub tanto no eReader Positivo (eInk) quanto no tablet iPad. Peço desculpas a todos, talvez por discordar com a maioria, mas não achei confortável a leitura no ipad. A luz da telinha continua sendo um problema para mim. Senti um pouco mais de conforto com a leitura no e-reader apesar de achar discreto o contraste entre os caracteres tipográficos e o fundo. Em ambientes escuros prefiro não ler.

A letra branca em fundo escuro do ipad também me incomodou bastante, mesmo em ambientes escuros. Consigo ler assim só por alguns minutos.

Nos dois dispositivos me senti muito incomodado com o recurso touch. Às vezes, por algum hábito de leitura, coloco os dedos entre o texto. Não exatamente para marcar a linha que estou lendo, mas para apoiar melhor o livro dependendo do trecho. Então, quando ponho o dedo na tela, a página avança para a seguinte. Por conta disso, acabo me sentindo tentado a rever alguns hábitos de leitura. E mudanças, pelo menos no começo, podem ser desconfortáveis.

O recurso touch também me deu a sensação um tanto claustrofóbica, só podia segurar o aparelho pelos cantos e queria ter mais liberdade para tocá-lo durante a leitura, não gostaria de ter as mãos travadas em uma determinada posição. Me senti um pouco como no lugar de um condutor de veículo automotor, onde temos uma posição adequada para manter, não podendo esticar as pernas ou ficar em pé dentro do carro. É aquela sensação entristecida de quem se percebe preso numa jaula tecnológica. Mas, voltando, será que tem como desabilitar momentaneamente o recurso touch? Neste caso eu prefiro os botões do Kindle (também já li no Kindle e me pareceu muito bom, ainda que tenha sido uma leitura curta).

É provável que seja algo muito pessoal, mas ainda não me adaptei plenamente à leitura de livros digitais. Aliás, ainda não me adaptei aos aparelhos eletrônicos de um modo geral, desde os computadores aos tablets. Ler no computador para mim é impraticável. Sou obrigado a imprimir todos os PDFs que recebo. Trabalhar com computadores é, quase sempre, uma tarefa árdua. Sou designer gráfico e evito usar o computador até onde me parece possível. Está sendo difícil até escrever esse email. Depois de algumas horas na frente da tela luminosa sinto um terrível incômodo nos olhos. É como assistir televisão numa sala escura em uma distância de apenas dois palmos da tela.

Ainda uso, sempre que possível, máquina de escrever manual. Acho prático, confortável, não trava, não consome energia elétrica, não há infecção por vírus e a impressão é simultânea, a gente toca e já está impresso! LINDO! Muito bom para escrever longos textos. E, talvez por já estar acostumado, acho a fonte monoespacejada da máquina agradável à minha leitura. Já li várias dissertações datilografadas e senti bastante conforto.

Sim, sou jovem, tenho apenas 30 anos de idade. Talvez eu esteja me antecipando, e é bem possível que depois de escrever esse email todos vocês comecem a atirar eReaders na minha cabeça, mas, no que diz respeito à leitura, acho a questão do conforto bastante relativa. Parece que há inúmeras variáveis em questão. Deve ser muito desconfortável ler um livro de conteúdo desinteressante em iPad, eReader, e mesmo em livro impresso.

Existem questões que dependem do interesse do leitor, de sua disposição física (alguém com fome provavelmente vai ter outra experiência de leitura em relação a alguém bem alimentado), de sua familiaridade com o idioma, de sua concentração naquele momento, de seus hábitos de leitura, da saúde dos olhos…

Não acho que existam plataformas melhores ou piores, me parecem apenas coisas distintas. eReader oferece uma experiência de leitura X, o tablet uma experiência Y, e o livro impresso uma experiência Z. A boa leitura depende de tantas coisas…

 

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  1. Pingback: Tablets distraem leitura, diz New York Times « Blog do Leituras Conectivas

  2. Uso o Tablett
    Sony Z2 com o Aldiko, pra mim funciona muito bem.
    Leio em media 1 a 2hs por dia

    Quanto usar o cel/smartphones….o meu eh relativamente antigo, tela pequena, mas quanto a cel e fotos, me atende muito bem e cabe no bolso sem fazer volume.

    Pra mim, certas coisas devem sim ser separadas, tudo em um nao eh muito a minha praia.

    Gostei do post

    Abracos

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