Livros na nuvem

Editora Fala a Respeito das Dificuldades de Publicar o Catálogo em eBook

22/11/2011
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Vicky Hartley é a Líder de Marketing e de Desenvolvimento Digital da Duncan Baird Publishers, uma editora independente de livros sobre mente, corpo e alma, saúde, bem estar e outros assuntos. Ela contou ao site FutureBook suas experiências com a digitalização de seu catálogo de livros em eBooks.

Logo de início, ela percebeu que não seria tão fácil quanto parecia:

A primeira e mais importante coisa que aprendi, foi que por mais simples que o ePublishing pareça em sua cabeça, ele é na verdade sempre mais complexo do que você ou qualquer pessoa em sua empresa pensa que será.

Ao longo de seu depoimento, Hartley conta como precisou atrasar cronogramas, incluir um orçamento extra para verificação de livros e tantos outros procedimentos que acabaram deixando a equipe quase louca. Um dos maiores problemas foram a miríade de lojas, formatos e metadados, um diferente do outro:

Para começar, a logística de publicação de um eBook não são preenchidas com os processos mais eficientes, há formatos diferentes, cada um com suas próprias limitações e excentricidades, há muitas lojas lá fora, com seus próprios requisitos para metadados e até mesmo os dados do livro têm os suas próprias especificações sobre o preenchimento de uma entrada bibliográfica. Não é o suficiente dizer que é um eBook no campo formato.

Hartley também imaginou que tudo em seus arquivos estaria pronto, mas não imaginava que tudo precisaria ser revisto, uma vez que está sendo passado para o digital (e isso porque ela nem precisa passar tudo para o Novo Acordo Ortográfico como nós):

Depois, há as dificuldades internas, alguém precisa reunir os arquivos (certificando-se de que os títulos anteriores são a versão mais atualizada), então você precisa atribuir ISBN para cada tipo de eBook, e então você precisa verificar se todas as imagens que você comprou para são liberadas para edições digitais (e comprar um direito novo, se não tiver) – tudo isso antes mesmo de começar o processo de conversão.

Ela ainda explica que pensou que a conversão seria fácil, mas que nunca nenhum livro veio pronto para ser publicado:

Quando se trata finalmente da conversão em si, sinceramente, pensei que, se você enviou a alguém o InDesign ou o PDF do livro então o eBook que voltaria seria relativamente limpo, mas infelizmente isso é raro, então você precisa de recursos internos para verificar o eBook todinho (se você quiser produzir bons eBooks). Você também precisa de um bom relacionamento com sua empresa de conversão para se certificar de que eles compreendam os erros que você quer corrigir e entender as limitações do formato eBook.

Ao final de todo o texto, ela deixa um aviso:

Então, para você e outros pequenos editores independentes que pensam em entrar na era digital, o que eu aprendi é que para planejar como levar suas edições impressas para eBooks você precisa considerar todos os aspectos, que você precisa gastar muito tempo criando metadados, e que você precisa de uma pessoa para coordenar tudo além do escritório todo para ajudá-lo, porque este trabalho aparentemente simples será sempre mais complicado do que qualquer um de vocês pode imaginar.

 

  1. Stella,

    o problema também ocorre nos sites de venda de eBooks. Eu como responsável pelos ebooks na Livraria Cultura encontro os seguintes problemas diariamente:

    1) Arquivos de editoras com imagens, páginas e conteúdo faltando ou trocado;
    2) Incompatibilidade dos ebooks com o gigante universo de ereaders e tablets com aplicativos para ereaders (mesmo a Cultura tendo um app oficial);
    3) Metadados incompletos, errados ou faltando – por exemplo, o metadado descreve uma edição e a editora manda outra no arquivo pdf/ePub.

    O que realmente iria ajudar seria uma plataforma unificada que fizesse o meio de campo entre as lojas (Livraria Cultura, Saraiva, Xeriph, Amazon, Google, Apple, Kobo, etc) enviando os arquivos e metadados já adaptados para cada plataforma.

    Existem algumas startups nos EUA que estão tentando isto mas ainda é muito cedo.

    Abs,
    Mauro Widman

    1. Mauro, seu depoimento é de extrema importância para os leitores aqui do REB. É importante ressaltar que as lojas também têm dificuldades com o conteúdo enviado pelas editoras. A articulista do texto ressalta, esses são os passos para quem quer fazer um bom eBook, mas o que parece é que muitas estão interessadas em apenas colocar uma enxurrada de eBooks à venda. Depois que não dá certo, reclamam do mercado.

      Seria essencial uma pessoa em cada editora, profunda conhecedora do workflow de distribuição e publicação, coordenar o processo final do eBook, avaliando se está tudo correto. A BN está trabalhando em uma padronização dos metadados, mas enquanto não tiver nada, continuaremos nessa desordem.

      Uma plataforma unificada seria uma maravilha, mas o meu medo é que ela se torne uma espécie de monopólio, como tenta ser a Amazon.

      Muito obrigada por deixar seu ponto de vista! Se me permitir, gostaria de fazer um post a respeito!

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