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Editoras Brasileiras Não São Marrentas, São Espertas

03/04/2012
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A Amazon está para pisar em terras brasileiras faz tempo. As negociações já passaram de um ano, com tentativas frustradas de convencer as editoras que é uma boa ideia fechar contratos extensos e restritivos com a grande empresa de eCommerce de Seattle.

Mas, se brasileiro é conhecido pela sua simpatia, é também conhecido por não gostar quando não leva vantagem em alguma coisa. Nesse caso, isso pode estar garantindo um mercado mais livre para os eBooks no Brasil. Após sucessivas e fracassadas negociações, a Amazon chamou Mauro Widman, um rosto brasileiro, para cuidar dos contratos por aqui.

E, ao que indicam as notícias, nem isso está surtindo efeito. A cada mês, o anúncio da chegada da Amazon por aqui é prorrogado por mais algum tempo. Anuncia-se que editoras já fecharam contratos, que depois são desmentidos. A empresa de Jeff Bezos já tentou até mesmo abordar diretamente os autores best sellers, mas não há informações se isso teria dado certo.

De acordo com algumas editoras, os contratos da Amazon seriam abusivos, pedindo descontos que beiram o absurdo para a venda de livros digitais – e também impressos. Para se popularizar por aqui, a Amazon quer ganhar com o dinheiro alheio, submetendo editoras a margens de lucro ínfimas, que poderiam tirar muitas delas do mercado (como pode já estar acontecendo nos Estados Unidos).

Eis que temos a Apple

A ironia chega aqui. Somos conhecidos no mundo todo por termos os produtos Apple mais caros do planeta, com impostos que dobram seus valores. Ainda assim, ter um tablet iPad da marca é mandatório para quem trabalha com livros digitais, pois é esse aparelho a menina dos olhos dos entusiastas de tecnologia – os primeiros a abraçar o eBook.

Sendo assim, uma entrada da iBookstore – loja de livros da Apple – seria muito mais facilitada por aqui. E realmente o é, ainda mais porque seus contratos e condições são muito mais flexíveis do que os da Amazon. São contratos que as editoras estão dispostas a aceitar, e por isso a loja deve chegar aqui, no mais tardar, no início de Maio, de acordo com o Globo:

Segundo as fontes, as negociações do mercado editorial brasileiro com a Apple estão mais avançadas do que as feitas com a Amazon porque a companhia cofundada por Steve Jobs segue o chamado “modelo de agência”, preferido por elas, que lhes dá mais controle sobre os livros — diferentemente do chamado “modelo de distribuição” praticado pela Amazon.

— A Apple permite às editoras estabelecer os preços de suas obras, e cobra 30% sobre elas, sem interferir — explica uma fonte. — Já a Amazon quer pegar um livro que na ponta é vendido a R$ 30, R$ 40, e botar em seu Kindle a R$ 9,99. Isso pode destruir o modelo de negócio das editoras.

Outra fonte é ainda mais incisiva, dizendo que o modelo da empresa fundada por Jeff Bezos cria um monopólio onde só ela fatura, e as editoras ficam a ver navios.

Não há aqui a premissa de achar que a Apple é o lado branco da força. Suas censuras e restrições a aplicativos já são conhecidas de todos, e isso se aplica também a livros. Porém, é uma empresa que está sabendo explorar o buraco deixado pela Amazon, e está conseguindo convencer ao menos as editoras brasileiras.

Foi junto à Apple que surgiu também o chamado modelo de agência, junto com cinco das seis maiores editoras dos EUA. A “invenção” está lhe rendendo uma investigação no país, mas é certo que a Apple dá mais liberdade aos editores, ficando com 30% do valor do livro sem impor um valor fixo, como a Amazon faz com os US$9,99.

O leitor sai perdendo?

De início, pode até parecer que os leitores saem perdendo nessa história. Com a Apple, as editoras poderão colocar os preços que desejarem nos livros digitais, que aqui no Brasil ainda deixam muito a desejar – chegando a custar mais do que um livro impresso.

Porém, o modelo de 10 dólares (ou dez reais) da Amazon poderia ser destrutivo para nossa tradicional e pétrea indústria editorial, e a longo prazo os leitores poderiam ficar sem muitas obras, pois algumas editoras podem não segurar essa barra.

 

  1. Para mim quanto mais concorrência melhor. Empresas monopolistas são um entrave ao mercado.

    Quanto mais melhor: Amazon, Apple, Saraiva, Cultura, Gato Sabido, Abril, Kobo, Google…

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