Pessoal, achamos melhor já publicar o segundo “post” dessa série para não criar um hiato de entendimento e fornecer já alguns insumos para explanação do tema proposto e eventual reflexão.
Vamos ao primeiro dos motivos catalogados por nós como “inibidores” das receitas advindas sobre a venda de eBooks:
a) O leitor ainda não está suficientemente familiarizado com o modo de leitura efetivado pelos eBooks.
Só para nivelarmos entendimento: O que seria estar familiarizado com um modo de leitura de eBooks?” Acreditamos que a própria leitura da questão já desmonta o argumento.
Vamos por partes. Quais são as premissas necessárias para leitura?
1) Familiaridade com o idioma proposto;
2) Disposição; e
3) Tempo.
Simples assim.
Não vamos ofender a inteligência do entusiasta leitor advogando a primeira premissa.
Porém, no caso da segunda e terceira, nos parece conveniente uma maior abordagem.
Desde sempre (pelo menos desde que existe a escrita) o ser humano debruça-se sobre a leitura daquilo que deseja ou ainda necessita, em qualquer formato disponível que consiga ler. A disposição para leitura envolveu (e envolve sempre) uma necessidade qualquer do leitor somada a sua contra-partida de tempo disponível. Desde hieróglifos, receitas de bolo, placas, anúncios, periódicos e (até) livros o que moveu, move e sempre moverá o ser humano à leitura é esse triunvirato.
Alguns dirão: Ora, mas para a leitura de eBooks é necessário uma nova plataforma específica, e portanto demanda uma nova cultura.
Opa, opa, opa! Muita calma nessa hora!!!
Qual é essa nova “plataforma”?
Quem “escreveu em pedra” que leitura de eBook tem que ser feita em “plataforma”?
Quem disse que não posso ler um “eBook” em papel após imprimi-lo?
Quem legislou que eBook é sinônimo de “tablets” ou, mais precisamente, “eReaders”?
Quem foi que disse que leitura está necessariamente associada a conforto???
Questões, questões, questões…
Notem, há pelo menos 10 anos (no mínimo) a maioria das pessoas alfabetizadas já efetuam leituras corriqueiras e diárias através de dispositivos digitais, notadamente em computadores pessoais.
Aqueles que não gostam dessa forma de leitura, imprimem o que estão vendo, e “confortavelmente” usam da forma e relação tradicional papel/leitor. Mas o fato é que imprimiram conteúdo digital, apenas não optaram por prosseguir com a leitura no mesmo dispositivo de origem.
Assim, temos que:
a) eBook não pode (e não deveria) ser sinônimo de leitura em dispositivo;
b) eBook é um meio (e não um fim) para publicação de conteúdo editorial.
c) Sua natureza e contexto têm muito mais associação com distribuição do que com publicação.
d) Para (posterior) publicação deste conteúdo editorial distribuído (o famigerado eBook) como um fim, é preciso que este conteúdo esteja encapsulado num padrão que atinja (preferencialmente) o maior número de dispositivos para leitura, sejam PCs, eReaders, tablets, Smarphones, TVs, Console de Video Game ou seja lá o que seja!
Talvez seja por isso que o consórcio responsável pelo desenvolvimento do ePub tenha batizado o padrão com o “Pub”. Quem cunhou o termo “eBook” com certeza foi um marqueteiro (nada contra, sou um também) preocupado em explicar um conceito da forma mais aderente possível. Agora, quem cunhou o termo “ePub” decididamente foi um engenheiro, preocupado com as questões semânticas futuras, função do padrão, alcance e finalidade do que construía.
Concluindo o raciocínio deste artigo, os leitores lêem eBooks sim, e há muito tempo.
Aliás, estão bastante familiarizados com este “meio”, ao contrário da nossa opinião. Há muito, o PDF é um padrão de distribuição e de uns tempos pra cá, inclusive de leitura. Independente disso, arquivos em Word, são lidos, impressos e comentados. Isso sem falar que, semanticamente, qualquer conteúdo digital com narrativa construída, pode ser considerado academicamente como “eBook” ou o “e-everything” que queira.
O que ocorre para nosso dissabor, é que os leitores não lêem “onde” e “como” gostaríamos que lessem. Por isso corre a lenda urbana de que o eBook “ainda não decolou”. Puro mito.
O que não decolou ainda (e talvez não decole) é o “enfiar goela abaixo” um livro, travestido de uma nova roupagem, num dispositivo com apenas esse fim porque “isso sim é e-book…”
Para se pensar…
Estaremos publicando novas postagens sobre essa série em breve.
Esqueça Receitas Diretas Sobre a Venda de eBooks… 2/10