Livro novo

Impressão Sob Demanda Vale Mais do Que eBooks?

07/05/2012
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Juntamente com o comércio mais sólido de eBooks surgiu também a impressão sob demanda. Geralmente esses dois novos modos de comercialização de livros são levados juntos por quem trata de tecnologia nessa área, mas não costumamos abordar esse assunto aqui no REB, por não ter muito a ver com nossa linha editorial.

A impressão sob demanda (POD, ou print on demand) é vista como uma ótima solução para pequenas editoras e, por que não, para as grandes também. Cada livro só é impresso depois que o cliente confirma a compra, e por isso não há necessidade de estoque, de tiragens que podem encalhar e uma séria de outros contratempos que editores enfrentam. O livro não encalha e os custos são relativamente menores, e por isso os preços podem ser mais baixos.

Mas nem sempre é assim. Tomando como exemplo o site Clube dos Autores, um dos mais conhecidos nacionalmente. Um autor publica sua obra lá, em formato DOC. Quando um leitor se interessar e comprar, pode escolher o formato eBook ou o POD, feito em parceria com a cadeia de gráficas rápidas Alphagraphics. De início parece muito bom, uma vez que o autor pode publicar gratuitamente e escolher o valor do livro nos dois formatos.

O problema é que esse caso de POD tem custo bem elevado. Enquanto os eBooks do site custam em média R$10, os livros impressos chegam a R$50, para autores pouco conhecidos. E o comprador ainda precisa arcar com os custos de envio do livro. É um valor impensável para a população brasileira em geral.

Pequenas e grandes editoras podem lidar melhor com esses custos, mas muitas questões ainda estão envolvidas. Uma solução seria deixar a impressão com livrarias e lojas virtuais, o que certamente baratearia os custos, porém o perigo pode ser grande. Uma matéria no Valor Econômico afirma que a Amazon vem tentando seduzir editoras a permitir que ela imprima os livros quando necessário. Mas Mike Shatzkin adverte: “Pedir às editoras que migrem para a impressão sob encomenda é, em grande medida, assumir o controle do setor”. E a Amazon é conhecida de todas as editores por não esconder de ninguém que quer dominar o mercado a todo custo.

Mas o que virá primeiro no Brasil?

É muito importante acompanhar o desenrolar dos procedimentos e acontecimentos no exterior, mas o que importa mesmo é como as coisas serão por aqui. Em um país que tem aberto mais livrarias do que os Estados Unidos podem apreciar, livros impressos ainda são muito importantes, e o eBook engatinha por uma série de fatores, como desconhecimento de tecnologias, falta de renda, impostos, entre outros.

Será que no Brasil seria mais interessante as editoras apostarem no POD?

Raquel Cozer, da coluna Painel da Letras da Folha, noticiou que a editora Singular, braço digital da Ediouro, teve uma troca na direção executiva: ” saiu Carlo Carrenho e entrou Mauro Melli, até então diretor de operações da parte gráfica. “O eBook ainda não aconteceu no Brasil. Importante agora é a impressão sob demanda”, diz Luiz Fernando Pedroso, diretor do grupo. Carrenho discorda: “Não tenho dúvida de que o eBook acontece aqui em 12 meses e quero estar nesta revolução.”

Qual deles está certo? Aqui no Brasil, quem tem chances de fazer mais sucesso? Entre as notícias divulgadas, o que parece é que o POD tem menos penetração no mercado do que o eBook. Ainda mais quando falamos do maior comprador de livros do mundo, o Governo Brasileiro. O POD não faria sentido para tiragens gigantescas, e a venda de didáticos é um dos grandes filões das editoras nacionais.

Já o eBook ganha cada vez mais espaço. Uma notícia publicada hoje no Publishnews informa que o MEC passou a autorizar Instituições de Ensino a ter parte do acervo das bibliotecas em formato digital. “O MEC passou a permitir que as bibliotecas das instituições de ensino superior tenham parte do acervo de bibliografia básica, exigida nos cursos, em formato digital. Antes, toda a bibliografia básica deveria estar disponível fisicamente, em quantidade de exemplares proporcional ao número de alunos. O ministério já permitia que a bibliografia complementar fosse toda digital.” afirma Roberta Campassi.

Para IES, o livro digital traz diversas vantagens. Menos espaço físico para armazenar obras, que quando constantes em bibliografias básicas, precisam ter números grandes para atender a vários alunos de uma só vez; o custo para a compra é menor e pode ser feito em maior escala; a entrega de updates ou erratas dos livros é mais rápida e mais fácil, entre outros.

O público em geral ainda não se decidiu. Embora a maioria continue com o impresso, muitos proprietários de dispositivos móveis como tablets e smartphones já estão se aventurando na compra de livros digitais. A chegada da Amazon, Apple e Google no Brasil deve esquentar ainda mais esse cenário.

 

  1. Belo texto!

    Um ponto negativo que eu vejo no POD é que a qualidade simplesmente não é a mesma da impressão offset. Na verdade, a impressão em si é tão boa quanto, o problema é a montagem do livro. Os cadernos se descolam da capa, folhas caem (experiencia própria)…enfim, não é uma boa para editoras que prezam pela qualidade…ainda. Talvez em pouco tempo teremos melhores maquinas para o POD.

    Quanto ao anuncio do MEC, concordo que isso dará um sacode no mercado editorial de livros universitários.

    Por outro lado, acho interessante olharmos o caso da Ediouro. É uma editora que mergulhou nos ebooks e agora está saindo. Por que? Uma entrevista com esse Mauro Melli seria ótima!

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