Nos últimos dias, tenho lido muita coisa sobre DRM. Além das notícias sobre o processo do governo americano contra as cinco editoras e Apple, este é outro assunto que não sai das manchetes.
Não há nada de muito especial ocorrendo, mas movimentos paralelos, sutis mas importantes, estão trazendo esse assunto à tona. E mais: o assunto discute um possível fim do DRM, a proteção contra pirataria que só traz dor de cabeça ao leitor honesto e funciona mais ou menos como uma peneira tapando o sol.
O DRM traz custos à editora. Cada livro digital vendido tem US$0,22 (ou ~R$0,45) descontado de seu preço para pagar o DRM oferecido pela Adobe, o mais comum utilizado. Além disso, exige um adiantamento de US$10 mil para a Adobe e mais uma taxa mensal de manutenção de US$1500. Por isso, é inviável para muitas editoras a manutenção desse serviço, deixando-as à mercê de livrarias para que possam vender seus eBooks. Livrarias pequenas, de bairro e independentes, também saem perdendo, pois também não podem arcar com todo esse valor para vender eBooks com DRM.
Parece pouco para os frequentes R$20, R$30 que encontramos em eBooks aqui no Brasil. Mas lá fora tem muita gente – normalmente autores independentes ou pequenas editoras – que gosta de oferecer os títulos entre US$0,99 e US$2,99. Nesses casos, é um valor bem alto.
Além disso, são as livrarias e não as editoras que possuem contato direto com a Adobe. Sendo assim, as editoras não podem participar das decisões a respeito da proteção de seu produto, ficando a cargo de terceiros cuidarem disso, um perigo. De acordo com Andrew Rhomberg do Digital Book World, em muitas maneiras o desenvolvimento do DRM está estagnado.Este não é um fator insignificante na hora de editoras reconsiderarem sua posição com relação ao DRM. Pode não ser a questão central, mas à luz dos recentes desenvolvimentos, é uma questão a qual devemos atenção.
O DRM empaca tudo. O leitor só pode colocar seu eBook em até seis dispositivos diferentes, e não pode esquecer de “desautorizar” um dispositivo, com o risco de perder uma licença. Preso a essa proteção, o eBook só pode ser lido em alguns dispositivos, os que tiverem a tal tecnologia ou que possuam aplicativos com a tecnologia. Isso contradiz a ideia de hoje, em que seu eBook pode ser acessado de qualquer lugar.
Como já disse aqui, a fim do DRM pode ser uma alternativa para que as editoras combatam o monopólio da Amazon. Uma vez que não podem bater os preços de Jeff Bezos, podem oferecer arquivos sem DRM por preços maiores, tendo como diferencial a liberdade de uso do arquivo.
Maja Thomas, vice presidente da Big Six Hachette dá a deixa para que pensemos que a editora venha a ser a primeira das grandes a abandonar o DRM. “O DRM é apenas uma lombada. Ele não impede ninguém de piratear. Apenas deixa o processo mais difícil, e qualquer um que quiser uma cópia gratuita de qualquer um de nossos eBooks pode ir à internet agora e conseguir uma” disse em entrevista ao site paidContent. “Você pode argumentar que, ter eBooks sem DRM seria em benefício dos consumidores e, possivelmente, até mesmo para as editoras, porque então você não teria o bloqueio de dispositivo de bloqueio que você tem agora” completa.
O mercado da música é similar ao editorial quando o assunto é digital. E tanto a Amazon como a Apple já vendem mp3 sem DRM. Será que os eBooks seguirão o mesmo caminho?
Com informações do TeleRead.