Elas andam maltratadas, mal ditas, limitadas no repertório e no conteúdo, repetidas e vazias, sem significado.
O que ganhamos em tecnologia e cultura digital estamos perdendo em recursos de linguagem.
Usamos tanto que esquecemos seu valor. Imagens e palavras nos cercam em toda parte, na web, nos filmes, nos anúncios, em cartazes, nas ruas. Somos uma mídia humana feita de palavras.
Precisamos delas para entender nossas emoções, para aprender e questionar. Dependemos delas para dialogar, receber e trocar.
Deveríamos tratar melhor as palavras. Avaliar bem o que andamos dizendo e fazendo com elas. Seria bom prestarmos mais atenção nas nossas formas de expressão, escrita, falada, real ou digital.
Toda palavra existe para ser pronunciada e escutada. Não temos mais o costume de escrever cartas, mas mesmo em um rápido email, podemos escrever e revisar, valorizar a mensagem, o conteúdo e a forma.
Os melhores textos são sinceros e inteligentes, com objetividade e simplicidade. Podem ser curtos e intensos mesmo com pequenas frases, como os haikais.
Nós somos veículos de tanta coisa que dizemos e às vezes não temos consciência. Palavras são vida em estado puro. Podem ser mágicas, drásticas, fantásticas, ferinas ou frias. O que parece uma expressão ou um sentido já gasto pode tomar novas formas e significados com outras combinações.
Quem não valoriza um bom papo ou uma história bem contada? Um texto deve encaixar situações e momentos de forma lúdica e criativa. Na web nunca esbarramos tanto em coisas ruins e confusas de ler, conceitos pobres, cópias globalizadas, discursos centrados nos próprios egos. Para encontrar um bom conteúdo precisamos navegar por muito lixo redundante e fútil.
Precisamos nos esforçar para manter um bom nível de linguagem. Ela é tão necessária quanto a respiração para a criatividade humana.
Nos blogs, nos posts, nos tablets, eBooks, nos celulares e em todas novas formas digitais, as palavras precisam ser tratadas com cuidado. Os meios digitais são as novas páginas em branco, tudo o que pode ser escrito e criado. As palavras dependem de nós, mas o nosso futuro depende muito mais do que vamos fazer com elas.
Roberto Tostes (@robertotostes) é publicitário e escritor. Formado em Comunicação Social pela UFF – Rio de Janeiro. Atualmente dá assessoria em estratégias de comunicação, projetos editoriais e marketing digital. Publicado também na PontoMkt.