Penguin Cia das Letras

Onde está o filé? Cia das Letras Mostra o Caminho

06/12/2011
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A notícia da semana foi a compra de 45% da Cia das Letras pela Penguin, editora que pertence à gigante Pearson (veja links das notícias abaixo). Tirando a reprodução geral de releases do negócio, não sobraram muitas análises aprofundadas sobre o tema. Pelo menos, não análises públicas. As fontes em inglês, como o TheBookSeller e o Publishers Launch, estão blindadas por paywalls que custam pequenas fortunas…

O CEO da Penguin disse para a imprensa que a empresa já estava presente na China e na Índia, e faltava ter presença definitiva no Brasil. Pelo que se lê das matérias, o interesse da Penguin não é editar livros em português, muito menos, levar autores brasileiros para o exterior. O negócio tem mais a ver com conteúdo educacional,  um setor cada vez mais concorrido aqui no Brasil, e com vendas crescentes para o governo. Essa informação me fez recordar da briga de 2010 por causa do Jabuti, em que acusaram a Cia das Letras de ser uma editora “patrocinada pelo governo”. Com 30% das vendas da Cia das Letras sendo feitas para o Estado, segundo as matérias de ontem, é compreensível o ranger de dentes da concorrência.

Na visão da Penguin, o filé brasileiro está na “exuberância das livrarias brasileiras” e no setor educacional. Considerando que em 2011 a Livraria Cultura inaugurou algumas novas livrarias, enquanto nos EUA a Borders foi à falência, dá para entender o entusiasmo com o Brasil. Em um país como o nosso, onde o livro ainda não se tornou item de consumo de massa, com certeza o mercado deve ter bastante potencial.

Filé mesmo, porém, é o setor educacional. O governo já investe bastante em educação, e a tendência é que invista mais e mais. A percepção geral da classe média, especificamente da classe C, ascendente nos últimos anos no Brasil, é de que a educação é deficiente e precisa de mais investimentos. O governo federal e os estados do Sudeste estão de olho neste eleitorado e a educação tem recebido mais investimentos – abrem-se universidades federais, escolas técnicas, como há muito não se via no país. Sem falar que no setor privado também está acontecendo um boom faz alguns anos, em que as redes de ensino privadas menores são constantemente adquiridas/absorvidas por grupos educacionais cada vez maiores, que se expandem ano a ano. Vide os investimentos da Moderna, do grupo Abril, em um sistema educacional para Tablets…

Competição acirrada é uma maravilha. Agora que já está ficando claro que Amazon e o Google vão desembarcar no Brasil, em 2012, podemos nos preparar para um verdadeiro espetáculo competitivo no Brasil. Pelo menos, enquanto o governo estiver pagando a conta.

Fontes: ÉpocaLuis Nassif – G1O GloboEstadão, Estadão 2Folha de SPColuna Mente Aberta – ÉpocaVeja

 

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