O PDF não é de forma alguma um exemplo do que é um livro digital. Para resolver esse problema o IDPF (International Digital Publishing Forum) criou o padrão aberto ePub para que os eBooks pudessem ser lidos de forma mais fácil em vários dispositivos, principalmente os móveis. Mas com a chegada do HTML5, editoras podem começar a se perguntar se essa própria linguagem de marcação – que vive dentro do ePub – não pode ser adotada para eBooks, tornando-os muito mais universais do que já são.
Ednei Procópio publicou em seu site um extenso artigo a respeito disso. Confira alguns trechos:
Conteúdos de eBooks [electronic Books] desenvolvidos utilizando uma tecnologia padrão ganham um alto valor agregado, e de desempenho, tanto em termos de design no conteúdo da obra quanto em termos de integração do próprio conteúdo com diversos outros sistemas. Com a adoção da tecnologia HTML5 é possível, por exemplo, criar aplicativos para leitura que possam rodar independente dos hardwares e softwares, cujos sistemas sejam considerados fechados ou proprietários.
Sugiro, desse modo, que os colegas do mercado editorial não percam mais os seus valiosos tempos sub-licenciando pseudo-eBookStores caras baseadas em Adobe Content Server, cuja segurança é… na verdade, não quero aqui falar mal da Adobe, nem de ninguém, porque alguns podem alegar que eu estou generalizando, e a minha ideia não essa, acredito que a Adobe ainda seja uma grande empresa. Mas, se realmente valesse a pena utilizar o Adobe Content Server, a loja de livros eletrônicos da Livraria Cultura não teria ficado fora do ar. E, veja bem, não é a primeira vez que isto acontece. Eu fui o responsável direto pela primeira seção de eBooks da Livraria Cultura em meados de 2004. A solução tecnológica também era proprietária [eu não tinha voz ativa no projeto], e a primeira seção de eBooks da Cultura saiu do ar sem deixar vestígios. Me parece que a Livraria Cultura ainda não aprendeu a lição de que esse negócio de DRM só traz gastos com suporte técnico.
Por ter um retrovisor de uma década de experiência no tema, sugiro que os colegas não gastem, mesmo que tenham, cerca de trinta mil reais tentando criar aplicativos em linguagem C para depois correr o risco de não ter a sua aplicação aprovada pela big Apple, e correndo o risco também de, no futuro, a aplicação não poder ser lida nas próximas versões do sistema iOS. Mas, acima de tudo, sugiro que os amigos do mercado editorial não obrigue os seus consumidores a terem o sistema iOS para comprar os seus livros. Sugiro [se é que eu posso, né] que não dê o seu conteúdo de graças aos outros, em troca de audiência. Invista em uma solução para criar uma audiência própria.
Para o conteúdo das obras, o HTML5 permite a visualização de textos, sons, imagens, vídeos, etc., em qualquer notebook, netbook, ultrabook, tablet, e-reader, smartphone e até as mais novas SmartTVs. Assim, apps de livros eletrônicos em HTML5 tornam os conteúdos mais ricos e, como já dito, compatíveis com as múltiplas plataformas.
Com a utilização da tecnologia HTML5 para a convergência de hardware, software e conteúdo para os livros eletrônicos, e com a consciência de que estamos enfrentando a revolução das mídias graças à Web, e não graças a Apple, a Google ou Amazon, será possível para qualquer agente da cadeia produtiva do livro transformar-se em um canal, mesmo que alternativo, de produção, distribuição e comercialização dos livros eletrônicos. E ainda ter a opção dos demais canais de audiência já atualmente existentes, e de tantos outros que certamente virão, e até criar a sua própria audiência em torno do conteúdo.
Uma dúvida, e-books em html só poderiam ser lidos online não é?
Talles, o HTML5 tem um recurso chamado “application cache”, que pode ser usado na produção de conteúdo para leitura offline, após o primeiro acesso. Tem suas limitações, mas pode ser usado para isso sim.
Olá Marcio, eu acabei lendo sobre este recurso, mas de toda forma, o dispositivo de leitura, seria os próprios web browser não é mesmo? Você leria seus e-books a partir do navegador?
Talles, sim, atualmente esse recurso teria que ser implementado via navegador. Particularmente, gosto de manter uma cópia dos meus arquivos para fazer o que quiser com eles, então não me prenderia em um sistema totalmente na nuvem. Mas essas duas formas de leitura (via browser ou via arquivo) não precisam ser mutuamente exclusivas. Um exemplo disso é o Safari Books Online, da O’Reilly, que oferece livros na nuvem e opções de download do arquivo do livro.