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O tempo destrói tudo… mas especialmente os artistas?

21/10/2013
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Primeiro foram os cantores brasileiros, que 40 anos atrás eram censurados, mas envelhereceram – e se tornaram eles próprios, censores. Agora é a vez de Mario Vargas Llosa mostrar que o tempo vai aprofundando seu conservadorismo. A vítima? O livro digital:

“O espírito crítico, que sempre foi algo que resultou das ideias contidas nos livros de papel, poderá se empobrecer extraordinariamente se as telas acabarem por enterrar os livros.”

“Estou convencido de que a literatura que se escreverá exclusivamente para as telas será uma literatura muito mais superficial, de puro entretenimento e conformista.”

É preciso fazer todo o possível para que o livro de papel não desapareça”, insistiu, destacando que “há uma problemática nova com a grande transformação que significa para o livro e para a cultura em geral o desenvolvimento de novas tecnologias e, sobre isso, há muita incerteza”.

Embora as agências internacionais estejam reproduzindo a fala dele esta semana, já faz um tempinho que Llosa levanta sua voz contra o livro digital – em 2010, ele já dizia basicamente a mesma coisa.

Só o tempo dirá quem tem razão.

Seja como for, o livro digital não irá empobrecer o espírito crítico – disso já se encarregam as revistas de fofocas, os programas sensacionalistas na televisão, as escolas mal-equipadas e sem professores… entre tantas outras coisas.

 

  1. É engraçado como o conceito de "conservadorismo" pode ser pespegado a várias coisas diferentes, e, ao mesmo tempo, ser utilizado para queimar o filme do verdadeiro conservadorismo, que é, antes de tudo, um conceito cultural e político. Eu, por exemplo, também aprofundei meu conservadorismo na última década, mas nunca fui mais pró-ebook do que agora. E olha que criei meus primeiros ebooks em 1999, tendo inclusive participado do lançamento de um ebook de Hilda Hilst em 2000, cujo posfácio escrevi. Não é o conservadorismo político de Vargas Llosa que o afasta do ebook — é o "conservadorismo" raso (isto é, conservadorismo em sentido lato, por extensão de sentido) de quem se apega às tecnologias que já conhece e tem medo das inovações técnicas. E esse conservadorismo não tem nada a ver com o outro. Conservarei sempre meu apoio à difusão dos ebooks.

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