Ano passado, em abril de 2012, a livraria virtual e editora Tor Books UK, ligada à Macmillan, anunciou que iria passar a vender eBooks livres de Digital Rights Management (DRM). Entre elogios da parte de leitores e autores e lobbies da Hachette, a estratégia está dando certo. Poucos dias atrás, a editora declarou que a quantidade de livros pirateados é insignificante.
A Tor foi uma das primeiras a compreender que travas virtuais não representam um empecilho para a pirataria, apenas um leve inconveniente. E que os verdadeiros clientes são os únicos a serem prejudicados com políticas de DRM. Essa ainda é uma medida controversa, que conta com defensores incondicionais na indústria do livro, que veem na ferramenta a única maneira viável de garantir o respeito aos direitos autorais concedidos por contrato. Segundo a companhia:
Para a nossa comunidade de leitores em particular, sentimos que foi um passo justo e essencial. A comunidade do gênero é muito próxima, com uma grande presença online, e com editores, autores e fãs tendo uma comunicação cada vez mais próxima.
O selo publica títulos do gênero ficção científica e fantasia – incluindo comic books – e tem uma base de leitores com características peculiares. “Sabemos que nossos leitores são early adopters, os primeiros a experimentarem novos formatos, novas experiências de leitura e novos dispositivos”, informa o blog da Tor. Em suma, eles gostam de tecnologia e são muito engajados com os autores e com a própria marca, segundo uma análise de Suw Charman-Anderson, colunista da Forbes. Entre prós e contras, ela aponta:
Honestamente, acredito que a melhor coisa que podemos fazer agora é experimentar, como a Tor fez, de uma maneira cuidadosa e criteriosa. Eles sentiram que os seus leitores estavam particularmente frustrados com o DRM, e descobriram que seus autores eram favoráveis à ideia de removê-lo.
Os resultados obtidos pela Tor mostram que não houve um crescimento na pirataria, e de quebra ganhou o apoio da comunidade, que se agradou do fato de ter sido ouvida. Esse é um padrão a ser rompido: a sisudez do mercado editorial, que despeja títulos sem entender, sequer superficialmente, o comportamento do leitor. No caso da britânica, são leitores que estão na vanguarda da adoção de tecnologia: conquistando-os, é mais provável que um novo produto ou serviço chegue ao mercado amplo e seja bem sucedido.
A medida da Tor não é a única receita de sucesso, porque ela vem com uma série de outras soluções agregadas. O relacionamento próximo com os leitores é insubstituível, e a construção da marca junto aos clientes é um processo lento e gradativo. Leitores/clientes fiéis não trocariam um livro vendido a um preço justo, sem DRM, por um congênere pirata. Mas construir dá trabalho. Quebrar padrões dá mais trabalho ainda. Sobretudo em uma indústria de paradigmas inflexíveis.
Com informações do Ars Technica
Obrigado por compartilhar isso. Sempre defendi essa ideia.
Obrigado por compartilhar isso. Sempre defendi essa ideia.
Por falar nisso, a Simplíssimo possibilita ao autor vender sem DRM, nem que seja em algumas lojas?
Oi Virotti. Sim é possível vender sem DRM em todas as lojas. Apple, Saraiva, Kobo e Google Play permitem ter o eBook vendido sem a aplicação do DRM.