Até o dia 18 de novembro de 2007, o livro digital ainda era uma aposta esquisita, cuja melhor materialização atendia pelo nome de Sony Reader. Eu estava nos EUA naquele ano, e lembro de ter visto posters do Sony Reader nos vagões de trem de Nova York. Naqueles dias, só assim para se ver um ereader dentro de um trem.
Aí veio o dia 19 de novembro de 2007, lançamento do Kindle. Depois daquele dia, o mercado do livro foi mudando, mudando, mudando…
Saltando cinco anos, a mudança é perceptível. Os ereaders dedicados – aqueles com tinta eletrônica (e-ink), que servem apenas para ler, se tornaram comuns – até já perdem espaço para outros aparelhos, os tablets. O lançamento do Kindle criou um novo mercado, digital, com novas estratégias de marketing. Sacudiu velhos modelos de negócio, criou outros, recauchutou mais alguns… é o produto que realmente colocou o livro dentro da revolução da informação. Hoje, é impossível pensar o livro digital, sem olhar o exemplo da Amazon. Ou o próprio futuro do livro e seu mercado.
Podemos contar nos dedos, de uma só mão, as empresas que conseguiram desenvolver um sistema tão simples e fácil para o consumidor, quanto a Amazon conseguiu através do Kindle. A empresa de Jeff Bezos ensinou que, para o livro digital ser adotado em massa, era preciso dar acesso ao conteúdo de forma universal – deveria ser possível ler o ebook comprado no Kindle, em uma miríade de sistemas e aparelhos, da forma mais fácil e rapidamente possível – como diz a missão da Amazon: em qualquer aparelho, em qualquer lugar, em até 60 segundos. Da compra até o começo da leitura. Além da Amazon, alcançaram esse feito com sucesso somente a Apple, Barnes & Noble, Google e Kobo. E olhe lá… com falhas aqui e ali.
Por tudo isso, bem resumidamente, o lançamento do Kindle foi um divisor de águas, e damos eco para a passagem simbólica dos cinco anos do seu lançamento. Nada mais justo reconhecer os méritos e darmos parabéns ao Kindle, à Amazon e a Jeff Bezos, por colocarem nos trilhos um mercado que, para muitos, parecia confinado aos filmes de ficção científica.
Ao Kindle e suas encarnações, muito sucesso, e muitos anos de vida.