O editor de livro da revista Época, Danilo Venticinque, publicou um texto lapidar sobre um das frases feitas mais repisadas do nosso país. Embora não trate do livro digital, dois dos argumentos são indiscutíveis:
O brasileiro não lê, mas o país é o nono maior mercado editorial do mundo, com um faturamento de R$ 6,2 bilhões. Editoras estrangeiras têm desembarcado no país para investir na publicação de livros para os brasileiros que não leem. Uma das primeiras foi a gigante espanhola Planeta, em 2003. Naquela época, imagino, os brasileiros já não liam. Outras editoras vieram depois, no mesmo movimento incompreensível.
O brasileiro não lê – e os poucos que leem, é claro, são os brasileiros ricos. Mas a coleção de livros de bolso da L&PM, conhecida por suas edições baratas de clássicos da literatura, vendeu mais de 30 milhões de exemplares desde 2002. Com seu sucesso, os livros conquistaram pontos de venda alternativos, como padarias, lojas de conveniência, farmácias e até açougues. As editoras têm feito um esforço irracional para levar seu acervo a mais brasileiros que não leem. Algumas já incluíram livros nos catálogos de venda porta-a-porta de grandes empresas de cosméticos. Não é preciso nem sair de casa para praticar o hábito de não ler.
Os outros argumentos são interessantes, mas se apóiam em dados que não são exatamente unânimes, como a polêmica avaliação de que o preço médio do livro no Brasil caiu 40% nos últimos anos… coisa que o leitor comum não percebe ao entrar nas livrarias. Tirando isso, um ótimo texto – leia a versão completa no site da Época. E você, o que acha? Brasileiro lê, ou não lê?
Longe de querer dizer o que deve ser lido, mas coisas como “50 tons” que pululam nas livrarias “nacionais” não acrescentam muito…