Semana passada, comentamos sobre as intenções da Associação Nacional de Livrarias em enviar carta aberta, ao Governo Federal, com propostas de regulação dos livros digitais no Brasil, para proteger as livrarias.
Reproduzimos aqui a íntegra desta carta (bem curta, por sinal), que representa as preocupações dos pequenos livreiros brasileiros com o avanço do livro digital. Os negritos da carta são originais.
Diante de novos desafios, assim como diante da chegada iminente do maior varejista mundial do comércio eletrônico, bem como da paulatina porém inexorável difusão da leitura sobre suportes digitais, a ANL – Associação Nacional de Livrarias apresenta sua posição, acompanhada de sugestões para todos os integrantes da cadeia produtiva do livro.
Diferentemente do que ocorre no campo dos meios de comunicação, em que existem leis que disciplinam o mercado, regulando e limitando a participação de empresas multinacionais, no mercado livreiro e editorial brasileiro predomina quase que exclusivamente a livre iniciativa, com um claro déficit de proteção para a produção nacional. Quem tem poder maior de compra dita as regras, sem levar em conta a necessidade de preservação da bibliodiversidade, nem a importância de manter o vigor dos distintos canais de comercialização. Enquanto se mantém há várias décadas a praxe de se cobrar o mesmo preço para jornais e revistas numa mesma região geográfica, independente do tipo de ponto de venda, o que torna viável a existência de uma vasta rede de distribuição para estes produtos, até hoje não se chegou a um acordo semelhante para a comercialização de livros.
Sofremos hoje com baixíssimos índices de leitura e pequena presença de livrarias espalhadas pelo país. Segundo dados do IBGE, menos de um terço dos municípios brasileiros possui ao menos uma livraria. Este número, que por si é preocupante, vem diminuindo ao longo dos anos, tendo havido aumento da concentração nas regiões Sul e Sudeste e maior peso de grandes empresas varejistas.
Preocupada com essas questões, e mirando-se na experiência acumulada pela indústria cinematográfica que soube preservar, apesar de todas as turbulências e transformações recentes, sua cadeia de distribuição, a ANL, principal entidade em defesa dos livreiros brasileiros, através de sua diretoria, se manifesta e compartilha as seguintes orientações:
Portanto, com a preocupação da difusão da cultura e do livro, a ANL almeja o crescimento e fortalecimento da estrutura do mercado que
refletirá diretamente no avanço da cultura e da educação no país.
Ednilson Xavier
Presidente
Aí é que esta o e-book é que irá fortalecer e difundir a cultura no país com preços baixos, o que eles não querem perder é o mercado tirânico deles.
Resumindo: Nosso cartel está sendo ameaçado. Faça alguma coisa, governo!
Livre concorrência mandou um oi ¬¬.
Cara, eu realmente posso entender a preocupação da ANL, e a vejo, principalmente, como uma questão unilateral e financeira, isto é, fica claro que a ANL está mais preocupada em perder seu rico dinheirinho (através das diversas livrarias) do que realmente preocupada com “menos de um terço dos municípios brasileiros possui ao menos uma livraria”. É, em si mesmo, uma idiotice dizer que o brasileiro não lê, quando um livrinho qulaquer bate nos R$40,00, e isso é muito para a população de classe média no Brasil. OK, se fosse para comprar um único livro por ano, tudo bem, mas como é que vamos nos igualar a um Japão, que lê em média quarenta livros por ano? Na amazon americana, o e-book custa 1/3 do livro impresso, isso sem contar as taxas de importação. Aí, vem um bando de hipócritas, pensando no próprio bolso, dizendo que não pode haver muita diferença de preço? E que estão preocupados que o povo brasileiro não lê? Ah, vão pra pqp!!!
O apelo da ANL é pela manutenção das margens de lucro que seus associados possuem (ou pretendem manter). As sugestões contidas na carta são francamente prejudiciais aos consumidores finais do produto. Espero que o Governo não se aventure a interferir neste mercado mais do que já faz, tributando insumos que compõem a cadeia produtiva do livro digital (cf., por exemplo, o imposto incidente sobre o leitor digital de livros). Não ocorre aos subscritores da nota que a diminuição do preço médio dos livros aumentará a base de leitores?
Argumento lastimável esse de que só há livrarias em 1/3 dos municípios. Frente essa triste realidade os gênios da ANL sugerem 120 de intervalo entre o livro físico e o digital. Dessa forma os moradores destas cidades não atendidas terão que esperar ainda mais!!!! (isso sem falar do enorme incentivo a pirataria que tal intervalo iria criar)
Nojenta a postura das livrarias. Aliás, elas não são o supra-sumo da divulgação cultural e não são empreendimentos de sucesso? Porque não conseguiram distribuir livros eletrônicos no Brasil durante todos esses anos? Mais um caso de empreendimento familiar que se acha o máximo, mas que possui pés de barro
Estão confundindo causa com consequência. Existem poucas livrarias porque os brasileiros leem pouco, e não o contrario.
Acho que eles se esqueceram de dizer que os livros deveriam ser produzidos com cinzel e pedra, não é?
Só espero que eles não tenham lobby suficiente (eles têm?) para implantar essas baboseiras. E pensar que os agentes do mercado de livros são os que mais lutam para que esse mercado seja mínimo.
Mas quanta baboseira!!!
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A diferença pode ser de até 30% entre o valor impresso e o digital.
Poderia ser até menor, lá pra 50% do valor de capa…
Espero que o governo não compartilhe (será?) dessa palhaçada.
Certamente o governo não aceitará tais lamentáveis argumentos, quiçá todas as ridículas recomendações da ANL.
Deixa eu entender: eles reclamam que a difusão da leitura no país é pequena, aí sugerem cortar grande parte das vantagens dos e-books pra perpetuar um modelo de negócio que no país é exatamente uma das causas dos baixos índices de leitura?
O próximo passo seria exigir uma mídia física e capa pra cada e-book vendido, além da disponibilização dos e-books apenas em livrarias físicas, então?
Lamentável disfarçar um interesse comercial como sendo "preocupação com da cultura e do livro" e com o "avanço do país".
*A cultura e O livro
Sem contar André Leitzke Junior que este interesse comercial atinge as escolas através do Programa do Livro Didático.
O livro é escolhido para ser usado durante 3 anos. Exemplo: o livro "x" é montado em 2012, editado em 2013, distribuído em 2014 e usado até 2016.
Nem preciso te dizer o quanto as informações mudam em 4 anos, as relações mudam em 4 anos … a abordagem muda em 4 anos … ainda mais hoje nesse mundo de tecnologias avançadas e que logo são disponibilizadas para as "massas".
esse é outro absurdo!