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5 Coisas Aprendidas no Mundo Editorial em 2011


Jenn Webb da O’Reilly preparou um artigo muito bom sobre o que foi aprendido no meio editorial em 2011, com ênfase no digital. Vamos ver quais as considerações dela:

A Amazon é, de fato, um concorrente disruptivo em publicação

Parece que esse ano a Amazon terminou de vestir a carapuça do mal para as editoras. Além de espremê-las ao máximo para manter o modelo normal de mercado e baixar os preços dos eBooks, ainda saiu com vários serviços que mostram que irá competir junto com as editoras.

Lançou sua plataforma de auto-publicação, adquiriu livros infantis de editoras e lançou um programa de empréstimo que deixou todo o mercado editorial mais fulo ainda. Não fez  nada para agradar as editoras, simplesmente porque ela vende toneladas de livros digitais e por isso sabe que todos precisam dela.

Avançou para mercados fora dos Estados Unidos, como Espanha, Itália, Reino Unido e promete mais para 2012, como Brasil, Japão e outros. Está em uma corrida maluca para dominar o mundo, e seu CEO Jeff Bezos sabe muito bem como inovar em estratégias para ganhar esse prêmio.

Nas palavras de Webb:

Se não estava aparente antes, as intenções da Amazon na publicação tornaram-se claramente óbvias este ano. A onda começou pequena, com uma série de ampliações das ferramentas de auto-publicação para os autores, mas cresceu em proporções de tsunami quando  lançou imprint após imprint, de romance a ficção científica. A Amazon também contratou o peso-pesado da indústria Larry Kirshbaum, que “foi incumbido de construir algo que será semelhante a uma editora comercial em geral.”

Editoras não são necessárias para a publicação

Com o sucesso de sites como o Smashwords e o lançamento de ferramentas de auto-publicação em lojas virtuais (como na Amazon, e Barnes & Noble), junto com o sucesso de autores independentes como John Locke e Amanda Hocking, ficou provado que ter uma editora por trás de um autor e uma obra não é algo totalmente necessário.

Sim, tivemos casos em que editoras tentaram provar o contrário, e eu sempre digo aqui que editoras são e serão muito importantes em todo o processo editorial sempre. Mas ainda assim, é possível fazer sucesso, ganhar dinheiro e conquistar leitores sem a ajuda de uma editora.

Nas palavras de Webb:

A Amazon tem um papel neste crescimento, também. O The Wall Street Journal relatou que “A Amazon.com Inc. abasteceu o crescimento [na auto-publicação] ao oferecer aos escritores auto-publicados 70% das receitas em livros digitais, dependendo do preço de varejo. Em comparação, as editoras tradicionais tipicamente pagam seus autores com 25% do total de vendas digitais e muito menos em livros impressos.”

Leitores com certeza gostam de eBooks

Desde agosto, demos inúmeras notas de crescimento nas vendas de eBooks, versus a queda nas vendas de livros impressos. Este também foi o ano em que a Amazon anunciou que já vende mais eBooks do que livros físicos. Isso tem que querer dizer alguma coisa, e isso significa que leitores realmente estão aderindo ao digital na hora de comprar seus livros.

Com a explosão de vendas de tablets e smartphones, nada mais óbvio do que termos o crescimento da leitura nesses aparelhos. As grandes lojas virtuais chegaram a mais países, e isso também ajudou. No Brasil, assim como em vários outros países, mais editoras lançaram seu catálogo em eBook, o que fez com que mais pessoas tivessem acesso a mais livros. Chegamos a mais de 5 mil downloads do livro da biografia de Steve Jobs, publicado pela Cia. das Letras.

Nas palavras de Webb:

A boa notícia é que as pessoas ainda estão lendo e estão abraçando a transformação digital. O Grupo de Estudos da Indústria do Livro (BISG) divulgou um relatório em novembro, mostrando que os leitores estão solidamente comprometendo-se com livros digitais. Alguns destaques do relatório mostram que “Grandes compradores estão gastando mais. Mais de 46% dos que dizem adquirir eBooks ao menos semanalmente relatam que aumentaram seus dólares gastos para livros em todos os formatos, em comparação com 30,4% de todos os entrevistados.” Além disso “Cerca de 50% dos consumidor de livros impressos, que também adquiriram um livro eletrônico nos últimos 18 meses poderia esperar até três meses para a versão eletrônica de um livro de um autor favorito, ao invés de imediatamente lê-lo em versão impressa.”

HTML5 é uma importante tecnologia de publicação

Já falamos aqui. Apesar de o ePub ser o padrão mundial, e estar se consolidando como o formato preferido de editoras e lojas virtuais, o HTML5 é muito mais versátil, agnóstico e duradouro. O próprio ePub3, assim como outros formatos especiais, são feitos com HTML5.

Nas palavras de Webb:

O HTML5 entrou no espaço de publicação em grande forma este ano – com alguns chamando-o de “futuro da publicação digital.” Do armazenamento para a multimídia para o comportamento de conteúdo (pense agitando o iPhone ou redimensionamento automático para diferentes tamanhos de tela) para geolocalização a uma série de outros recursos interativos, o HTML5 está se moldando para se tornar um jogador importante no setor. A Amazon (principalmente) abraçou-o em seu formato Kindle 8, e o HTML5 é suportado no ePub3.

O HTML5 é agnóstico de plataforma e pode até mesmo ser capaz de salvar – ou fazer – dinheiro a editores. Em entrevista no início do ano, Marcin Google Wichary explicou: “É muito importante reconhecer que o HTML5 serve para todos os dispositivos que você pode pensar, como o iPhone em seu bolso, o Google TV, os tablets, as telas pequenas e grandes. É muito fácil pegar o conteúdo que você já tem e através da “magia” do HTML5, refiná-lo para que ele funcione muito bem dentro de um determinado contexto. Você não tem que fazer seu trabalho outra vez.”

O DRM é cheio de conseqüências não intencionais

Cada vez mais, o DRM mostra-se um vilão na continuidade do mercado editorial digital. Apesar de ainda não haver qualquer alternativa satisfatória para ele, muitos sabem que ele prejudica o leitor honesto, prende o cliente a uma plataforma, põe em risco o armazenamento a longo prazo de uma biblioteca particular e ainda custa dinheiro para a editora e para as lojas virtuais.

Além disso, é uma falsa sensação de segurança a qualquer um, seja editora ou autor. Apenas quem não sabe mexer com tecnologia (ou até mesmo essas pessoas) não têm ideia de como quebrar o DRM de um eBook em menos de 5 minutos. Existem plugins rápidos e fáceis para aplicativos gratuitos, com inúmeros tutoriais na internet.

Nas sábias palavras de Webb:

Então, para recapitular, nós aprendemos que o DRM não impede ninguém de pirataria, nem vem com os dados necessários para apoiar o seu impacto. Mas dá aos editores uma coisa: um longo pedaço de corda com a qual se enforcar.

 

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