Depois de alguns meses, as previsões noticiadas em abril e junho realmente se confirmaram. A jornalista Raquel Cozer (Folha) descobriu e publicou em seu blog o equivalente à “certidão de casamento” das duas empresas:
Lembrei-me da questão envolvendo o domínio da Amazon e fui ver como andava o domínio www.kobo.com.br. Já tinha dono. Então fui tentando alternativas. Digitei www.kobobr.com.br e www.kobobrasil.com.br e, nos dois casos, caí no site da Livraria Cultura. Como Kobo e Cultura não confirmaram o acordo, no sábado publiquei nota no Painel das Letras apenas citando o redirecionamento.
Hoje perguntei a Pedro Herz, dono da Cultura, por que os endereços estão em nome da livraria desde o dia 21 se, como ele reiterou, ainda não há acordo. Ele só riu: “É que somos amigos.”
Amizade colorida, certamente.
A Kobo iniciou há alguns meses um amplo movimento de parcerias, após a sua aquisição pela multinacional japonesa Rakuten. Na Itália, por exemplo, a parceria da Kobo foi acertada com o grupo Mondadori.
Para ver a notícia completa, confira A Biblioteca de Raquel.
se for pra ter ebooks a 30 paus, vou continuar só na literatura estrangeira do kindle à média de 8 dólares = 16 reais… vodaze a cultura brasileira dessas editoras elitistas muquiranas
Pior que temo que a chegada da Kobonão será um avanço interessante (no sentido do que esperamos) da forma como se configura. O bom da Amazon, que dava expectativa de melhores preços, podendo-se entender isso com bem mais confiança, era que ela ia entrar como concorrente sabidamente individual, capitalista (daquele que acaba favorecendo o consumidor, não o deturpado capitalismo brasileiro), com estratégias próprias de preços, reconhecidamente agressivos. Gosto até bem mais da Kobo, simpática, aberta e trabalha com formatos não proprietários, mas essa parceria com a Cultura muito provavelmente significa que será abrasileirada no mau sentido, apresentada aos métodos praticados aqui – ao menos pra nós consumidores da nossa inclusão digital nada inclusiva.
Acho que vai acabar continuando o mesmo esquema conhecido de caros preços e aparelhos, e depois se reclamara que o livro diital não emplaca no Brasil. O Kobo touch ( já desatualizado, perceba-se) deve aparecer por R$ 450-500, bem caro pra hj em dia. Não acredito que ia ser usado como comparação o valor de um Kindle importado – vamos dizer, R$ 500,00 a grosso modo, se fosse pretendido vender o aparelho a r$ 250,00 – r$ 300,00, não? Não faria sentido, seria “atirar no próprio pé”. E isso pro Touch mais simples, o Glo com certeza se vier, será mais caro que o Kindle importado, até para aproveitar uma ocasião fortuita pra isso: o valor maior acabaria “justificado” pela Amazon, por hora, só estar vendendo o Kindle Touch simples para cá a +/- R$ 500,00, seria ”lógico” que custasse, vamos dizer, R$ 600,00 por ter retroiluminação e outros avanços, em comparação. Será que seria difícil resistir a esse jeitinho brasileiro?
Tem tablet Android a esse preço de R$ 450,00-500,00: ruins e genéricos, eu sei, de marcas duvidosas, mas desde quando brasileiro sabe consumir? Sendo menos ferino e mais pragmático, o cara com R$450,00 na mão vai comprar o Kobo ou um Tablet, nesse mundo de leitores em que vivemos? Temo que acabe sendo tudo no final “quase” mais do mesmo, somente com um aparelho bom de vantagem (fato, é ótimo), o que será frustante, a saber, vi na internet esse mesmo senhor da Cultura numa entrevista (a respeito do livro digital)não dar grandes bolas pro ebook, que não funciona aqui, etc, dizer que ainda falta muito pro livro físico crescer no Brasil, passando-me uma impressão bem pouco disposta a mudar, atuar agressivamente nesse panorama nacional de ebooks.
De fato, isso foi ano passado, antes dessa parceria, na qual não sei em que proporção, ou quem definirá preços, estratégias, mas os augúrios pessimistas / pragmáticos / comformados que não consigo deixar de escutar na minha cabeça pessimsita me fazem duvidar (sadiamente, que se diga, rezo para estar errado) que realmente haja alguma coisa de diferente prester a acontecer na atualidade brasileira. Meu lado negativo é capaz de apostar que os preços atuais que a Cultura pratica se mantém, e o aparelho se confirmar esse valor não vai vender nada (compativamente falando) e o avanço provável será só aparente – aproveito o ensejo, para reclamar até do suporte estatal (MP dos tablets abaixou algum preço pro consumidor final relevante? Será que vai sair a isenção de impostos pros livros digitais?)