3º Congresso Internacional CBL do Livro Digital

Congresso do Livro Digital Supreendeu, no Final Das Contas

14/05/2012
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O Congresso Internacional CBL do Livro Digital de 2011 deixou algumas pessoas frustradas, mas a soma geral foi que a versão desse ano agradou em relação aos outros.

O evento foi realizado no mesmo local dos outros anos, a Fecomércio em São Paulo, com acesso fácil a metrô e à Avenida Paulista. A comida e os coffee breaks também foram elogiados. O local conseguiu acomodar sem problemas os 450 inscritos.

Primeiro dia

As palestras tiveram um saldo positivo, embora algumas tenham deixado a desejar. Karine Pansa, presidente da CBL, iniciou o Congresso e a palestra que se seguiu, de YoungSuk Chi, presidente da IPA, foi bem inspiradora, e abordou de forma geral o mercado dos eBooks. Aliás, esse era um dos objetivos do evento, passar por toda a cadeia produtiva da indústria editorial.

Em seguida, foi a vez do renomado Roger Chartier falar. Ele não agradou a todos, uma vez que seu tema abordado e o modo como foi abordado eram muito mais acadêmicos do que práticos. Interessados em pesquisa e história chegaram a considerar a fala de Chartier uma das melhores do Congresso, embora pessoas mais ligadas ao mercado não tenham apreciado muito.

Para falar de direitos autorais, subiram ao palco Lynette Owen, diretora da Pearson Education, e Jens Bammel, secretário Geral da International Publishers Association. Bammel é prático e tocou em assuntos como licenciamento de conteúdo, enquanto Owen acredita que o DRM logo será deixado de lado.

Após o almoço teve início a palestra do português Henrique Mota, diretor da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, uma fala que foi bem recebida pelo público. Ao mesmo tempo, em uma sala ao lado do auditório principal, foram apresentados os trabalhos científicos, que também trouxeram assuntos diferentes e relevantes. Jonathan Nowell, presidente da Nielsen Book, falou das vendas globais de livros e a importância dos metadados, outro assunto de extrema importância para os que querem ter sucesso com os livros digitais.

A mesa inovando suas publicações com aplicativos foi uma das mais estranhas do evento. Enquanto Roberto Bahiense falou em tom de propaganda de sua plataforma Nuvem de Livros, os empresários e autores independentes Renato Gosling da Fingertips e Fábio Hayashi da Deal Group apresentaram dados básicos sobre o mercado digital e falaram de suas publicações, sem ter sequer feito um livro digital ou livro aplicativo na vida.

Para encerrar o primeiro dia, o esperado Pedro Huerta, diretor de Conteúdo Kindle para América Latina. Como esperado, ele não deu números, não trouxe dados da Amazon e não respondeu com clareza nenhuma das perguntas do público, mas sua palestra foi interessante para avaliar a chegada da Amazon no Brasil

Segundo dia

No segundo e último dia, a primeira apresentação do dia foi de Danusa Oliveira, vencedora dos trabalhos científicos. Depois, esteve no palco a melhor mesa do evento, eBooks para além de impressão digital: o futuro terá uma diversidade de mídias, interligadas e interativas, levada por Bill McCoy, diretor da Internacional Digital Publishing Forum (que regula o padrão ePub) e Eduardo Melo, diretor da Simplíssimo. Os dois deram um panorama do mercado como ninguém, com McCoy sem defender qualquer padrão e Melo colocando a realidade do mercado de produção no Brasil.

O publicitário Washington Olivetto não falou de livros em nenhum momento, mas apresentou suas campanhas mais famosas, inspirando a criatividade dos presentes. A seguir, Robert Galitz, editor da Dölling & Galitz Verlag, fez uma palestra devagar (ele falava alemão, que era traduzido para o português e depois retraduzido para o inglês) mas interessante, apresentando um projeto de enhanced eBook com vídeos raros de Albert Einstein.

Na mesa o Livro Digital na Sala de Aula, polêmica. Com Regina Scarpa, coordenadora da Fundação Victor Civita, Jens Bammel e Monica Gardelli Franco, diretora de Formação de Conteúdos Educacionais do MEC, o assunto educação e livros didáticos foi aprofundado, e tão aprofundado que Monica Franco acabou discutindo com um espectador.

Depois do stress, Claire Nguyen, diretora da Biblioteca Interuniversitária de Santé e Sueli Ferreira, Diretora Técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP transformaram um assunto que tinha de tudo para ser desinteressante em algo muito elucidativo. Ambas explicaram o sistema digital de bibliotecas que coordenam, os problemas que enfrentam e as boas soluções que aparecem.

Quase no final, Ronald Schild, presidente da Libreka, e Paul Petani, diretor da Ingram Content Group, fizeram com que a falta repentina de Newton Neto do Google não tivesse diferença. O assunto abordado foram as plataformas de distribuição, e rapidamente fizeram um resumo de tudo o que acontece nesse pedaço do workflow que muitas editoras nem conhecem.

Para encerrar o dia, o bem humorado Kelly Gallagher, vice-Presidente da RR Bowker, deu um extenso resumo sobre o comportamento do leitor, o consumidor de eBooks, e apresentou números gerais sobre os eBooks no mundo e no Brasil (as poucas informações que tinha), e mais uma vez inspirou a plateia a entrar de cabeça no mercado digital.

 

Fora do palco

Para os que não gostaram da programação, fica um aviso: não é só de palestrantes que se faz um congresso. Tão interessante quanto quem subiu ao palco era também que não subiu, e estava por lá para acompanhar. Uma volta durante as pausas para o café e você podia encontrar gente muito boa para conversar.

Estavam passeando por lá Greg Bateman, colunista do Publishnews e empreendedor americano que está aqui em busca de oportunidades, já tendo trabalhado com Kindles e eInks; Sriram Panchanathan, vice presidente da Aptara, uma das empresas mais importantes na cadeia do livro digital dos Estados Unidos; Ednei Procópio, da Livrus e da CBL.

Entre muitas outras pessoas. Andar por lá foi a chance de encontrar bibliotecários, estudantes que querem entrar nesse mercado, responsáveis por editoras e livrarias com quem vale muito trocar umas palavras, conferir opiniões… enfim, a conversa informal foi tão rica quanto a que aconteceu no palco.

Para o ano que vem

Em 2013 já é certo que acontecerá uma nova edição do congresso, o que é muito bom para o mercado editorial. Até lá, tenho certeza de que o mercado estará muito, muito mais evoluído, já teremos a presença fixa de grandes players e muitas outras editoras já estarão apostando nesse futuro.

Fica o pedido para que mais assuntos técnicos e de processos sejam abordados e, quando abordados, as pessoas tenham pelo menos feito um trabalho a respeito.

 

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