Uma matéria da Revista ISTOÉ se aprofunda no mercado brasileiro de livros, consultando alguns de seus representantes sobre a chegada de grande empresas como a Apple e a Amazon por aqui. Mesmo com dados inconsistentes de venda e baixa taxa de leitura pelo brasileiro, as duas esperam obter ótimos números com venda não apenas de eBooks, mas também de livros impressos (caso da Amazon).
A constante reclamação de que o brasileiro lê pouco não incomoda os executivos da Amazon e da Apple, os dois gigantes globais dos livros eletrônicos. Esse “pouco” foi suficiente para fazer com que pelo menos um deles chegue ao País em breve, segundo rumores do mercado editorial. Aproveitando os entraves que tomaram conta das já avançadas negociações entre a Amazon – maior livraria online do mundo – e as editoras nacionais, a Apple mandou executivos para o Brasil, que já teriam firmado acordos para começar nas próximas semanas as vendas de títulos em português pelo aplicativo iBooks, disponível para iPad.
A Amazon ainda enfrenta resistências por causa do medo de represália por parte das livrarias físicas que as editoras têm. Além disso, o contrato-padrão da empresa de Jeff Bezos não agrada os editores brasileiros, que não estão fechando nenhum acordo. Poucas editoras, aproximadamente dez, fecharam acordo com a Amazon, que esperava ter ao menos 100 delas em seu site. “É uma questão de mercado. Alguém vai acabar cedendo”, diz Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).
O preço também pode ser um entrave para a popularização do eBook no Brasil:
Os defensores do eBook argumentam que ele sempre será mais barato (em torno de R$20) por não ter o custo de impressão. Mas nem todos concordam. “O livro digital é barato porque parte do preço é dividido com o título impresso”, diz Marcelo Duarte, jornalista e diretor-editorial da editora Panda Books, que tem 42 de seus 380 títulos em versão para iPad. Ele acredita que versões exclusivas para eReaders serão mais salgadas. “A impressão é apenas parte do custo. Há outros processos, como diagramação, tradução e edição”, afirma Duarte.
Se a ação de qualquer das gigantes (embora eu preferisse que isso fosse resultado de um coletivo de editoras menores) conseguir mudar as estatísticas relativas ao número de leitores no Brasil, isso já terá sido um importante serviço que mitiga, em parte, o inconveniente do monopólio que venha a se estabelecer.