eBooks Precisam Ter Seu Próprio ISBN


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A chegada do Google Editions trouxe algumas sinalizações interessantes para o mercado. Uma das menos comentadas, embora das mais relevantes, foi o acordo entre a Google e a Bowker, responsável pela designação do ISBN nos Estados Unidos. A Bowker irá fornecer ISBN’s para os livros vendidos através da Google, que não tenham recebido um ISBN do seu editor.

Há décadas o ISBN facilita a distribuição e o controle de catálogos, tornando possível distinguir as várias edições de uma mesma obra. O acordo da Google com a Bowker demonstra o quanto a empresa se preparou para a entrada no mercado de livros. Chega a ser curioso que a Google esteja se preocupando com esse detalhe, enquanto muitas editoras de ofício demonstram um certo desprezo pelo ISBN nos eBooks.

O mercado de eBooks trouxe confusão para o palco. Alguns editores consideram que o eBook é apenas uma reprodução fiel da versão impressa, portanto empregaria o mesmo ISBN.

Se Arnaldo Cézar Coelho fosse um funcionário da Biblioteca Nacional, ele diria o seguinte:

– Galvão, a regra é clara: a cada edição, a cada tipo de suporte, tipo de formato, tipo de acabamento e tipo de capa, tem que ter um ISBN diferente. A editora sabe disso… não fazer um ISBN só para o eBook é catimba, Galvão!

E nós sabemos que o Arnaldo carrega as regras debaixo do braço!

O aparecimento dos eBooks parece ter afrouxado a dimensão da importância do ISBN para algumas editoras. Embora eBooks não usem papel, nem requeiram distribuição física, eles ainda precisam ser catalogados e inclusos em banco de dados de distribuição, algo crítico para os esquemas crescentemente automatizados do mercado. O ISBN serve, justamente, para distinguir as diferentes edições e suportes em que um livro é publicado. É uma questão elementar de organização designar um ISBN exclusivo para os eBooks, tornando possível identificar e distinguir eBooks de impressos, em um nível avançado de distribuição.

No exterior, o debate atualmente encontra-se um nível além: questiona-se se é necessário um ISBN para cada formato de eBook. E a orientação dada pela Agência Internacional do ISBN é que sim, precisa. Alguns editores, entretanto, temem um grande aumento dos custos, considerando que um único eBook pode ser republicado em incontáveis formatos diferentes, PDF, ePub, etc. Estes editores defendem que seja designado um ISBN, único, englobando todos os eBooks. Também consideram que livros vendidos em um circuito restrito (como os self-published da Amazon), podem realmente ser oferecidos sem ISBN, uma vez que, sem necessidade de distribuição, o número perde sua utilidade.

O fato consumado é que os eBooks precisam de um ISBN para chamar de seu, diferente do ISBN do formato impresso. Principalmente se a editora quiser distribuir esses eBooks. Se um ISBN para cada formato, ou apenas um… isso ainda vai render anos de discussão.

Significa aumentar custos? Um pouco, sim. Considerando as vantagens desse investimento para a cadeia produtiva como um todo, para a distribuição em geral, compensa largamente. Se facilitar a identificação de diferentes edições funciona bem há décadas com os livros impressos, por que seria diferente com os eBooks?

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