No mês passado publicamos alguns artigos sobre pirataria. Essa semana, mais alguns fatos ocorreram que nos trouxeram de volta a esse assunto polêmico.
Eu concordo com as reivindicações feitas por aqueles que ficaram órfãos do site de downloads ilegais. Era preciso que fosse oferecido um serviço de compra melhor, era preciso que os eBooks fossem lançados juntamente com os impressos, e era preciso que os livros digitais (e até os impressos) tivessem preços mais justos, para que mais pessoas tivessem acesso ao conhecimento e à cultura.
Em parte, concordo com algumas das justificações de quem pirateia. E concordo totalmente com aqueles que querem ter em um eBook comprado a liberdade de usá-lo em quantos dispositivos fossem desejados, e que o eBook pudesse ser emprestado ou compartilhado com familiares e amigos. Ainda não há solução boa para isso, mas creio que chegaremos a elas um dia.
Porém, um comentário feito em um dos nossos posts me chamou a atenção. Nele, a leitora Cristiane disse que a decisão do fechamento do iOS Books pela ABDR era a cara do Brasil, e que mais uma vez estávamos caindo na elitização cultural. Gostaria de falar um pouco a respeito disso, de forma bem simplista.
Para que todos os livros fossem gratuitos, ou algum novo modelo de negócio teria que ser testado, ou as editoras deveriam ser ONGs, que não possuem lucro, e distribuem o trabalho que fazem. Sem lucro, editoras não existem, e a maioria dos autores não existiria. E como teríamos livros sem editoras e autores? A resposta é simples: não haveriam livros.
Pegando como exemplo um autor de que gosto muito, Bernard Cornwell. Historiador, Cornwell possui o dom de transformar suas pesquisas em romances fantásticos, que explicam a história de maneira muito fluida, no meio de um romance. Para poder fazer suas pesquisas, e ainda assim sobreviver, Cornwell precisa de dinheiro. Para escrever seus romances, Cornwell precisa de tempo, muito tempo, e muita pesquisa. Sem dinheiro, ele teria que trabalhar em outra coisa, e talvez não tivesse tempo de escrever os mais de 20 livros – tesouro inestimável para o mundo – que já escreveu.
Ou seja, falando de forma bem simples, se Cornwell não recebesse dinheiro para escrever, não escreveria. Se ele não escreve, não há livro.
O mesmo vale para as editoras. O dinheiro para pagar gráficas, diagramadores, revisores e tantas outras fases de um livro, precisa vir de algum lugar. Se editoras fossem ONGs, o dinheiro viria de patrocínios de outras empresas ou, que ironia, do governo. Ou seja, de algum jeito, esse dinheiro sairia do nosso bolso da mesma forma. Porque ninguém trabalha de graça 24 horas por dia. As pessoas precisam comer, e ter tempo pra viver também. Assim, sem dinheiro, não há livros.
Não estou defendendo as editoras. Sei que os valores pagos para autores muitas vezes é injusto. Mas sei também que muito do dinheiro que uma editora recebe vai para distribuidoras, e até para as livrarias. Não conheço nenhum editor tão rico quanto um banqueiro, ou um político. E também não preciso começar a explicar para vocês, novamente, toda a cadeira das livrarias e distribuidoras, que também precisam de dinheiro para funcionar, né?
Há muitas iniciativas diferentes, como a Bookboon. Também há projetos de muita qualidade, como o que toda a comunidade de Software Livre desenvolve. Mas creiam, as editoras são tradicionais, ainda não vivem na internet. A Bookboon e o Software Livre surgiram na internet, onde pessoas podem gastar uma parte de seu tempo para fazer coisas gratuitas. Mas nem tudo é assim. Por enquanto, na situação em que vivemos, é preciso que o dinheiro rode para que algum conteúdo seja gerado.
Existem muitos, MUITOS livros gratuitos pela internet. E não digo os pirateados. Me refiro àqueles de domínio público. Há tantos livros para download legalizado que eu tenho certeza de que jamais uma pessoa será capaz de ler em toda a sua vida. Cultura de graça, gente! Sem elitização!
Porque esse pessoal que reclama que a cultura é elitizada não vai acessar ao site do Domínio Público e baixar toda a coleção de Fernando Pessoa? Porque não baixam todo Machado de Assis? Conteúdo de alta, altíssima qualidade! Porque não procuram livros cujos autores disponibilizam gratuitamente suas obras para download?
Ah, não. Vocês não querem os velhos para ler. Vocês não querem aproveitar o chato do Machado de Assis. Vocês querem Harry Potter de graça. Vocês querem A Guerra dos Tronos free. Vocês querem o último volume da Marian Keyes, vocês querem Crepúsulo e Jogos Vorazes, lançamentos! Vocês querem o conteúdo novo, a modinha, aqueles que muita gente teve que investir muito dinheiro para fazer sucesso, aqueles que um autor suou muito para terminar de escrever. Vocês querem o Vade Mécum de graça, um livro de uma complexidade sem limites para diagramar, revisar, imprimir, etc.
Vocês querem livros de qualidade, bem revisados, traduzidos, editados e diagramados. Querem a facilidade de encontrar o livro pronto, e baixar o Adobe Reader ou o Calibre, tão gratuitos quanto, para ler tudo. E querem agora! Não querem esperar!
E mais: pouquíssimos querem se arriscar como os proprietários do iOS Book e dar a cara para bater, criando um site e mantendo ele. Comprando livros, digitalizando, gastando tempo e distribuindo para os outros. Vocês querem na mão.
Se querem cultura gratuita, a internet tem de sobra para vocês, para uma vida toda, eu garanto.
Querem lutar por preços de eBooks mais justos? Eu estou na luta com vocês, tanto por preços mais baratos como por serviços mais utilizáveis, por atendimento menos robótico, por traduções de qualidade. Contem comigo.
Mas, como diria meu pai, não me peça de graça o que eu faço para viver. Não peçam isso das editoras e nem dos autores. Há inúmeros problemas nessa cadeia, mas roubar tudo de graça não é a solução para ninguém.
Concordo plenamente, Stella! Sempre digo isso: autor, editora (seus funcionários) também precisam de dinheiro!
Que tal aqueles que defendem o conteúdo pirata passarem a trabalhar sem receber no final do mês?
Como você já disse, e muito bem dito, estamos aqui para lutar por preço justo, por serviço de qualidade, por liberdade, etc… Mas nós leitores precisamos ter consciência e consumir conteúdo legal.
Quer de graça? pelos legalmente gratuitos? Quer muito ter aquela obra da moda que custa R$30,00? Trabalhe, junte dinheiro e compre! Quando queremos um novo celular não fazemos isso? Ou alguém ai, chega na loja, pega o aparelho e se sente por direito de levar sem pagar?
* Quer de graça? PROCURE pelos legalmente gratuitos?
Concordo em tese. Por exemplo, o volume 1 do Game Of Thrones eu li pirata (nem conhecia a série).
Por ter gostado, comprei o 2, 3, 4 e 5.
E no que diz respeito à série, fiz a mesma coisa. Assisti a primeira temporada pirata. A segunda e a terceira eu comprei o box. A quarta eu paguei na tv.
Ahhh é, talvez porque o modelo de bibliotecas que existe a milênios também tira o “pão” dos autores e editoras…
Antes você podia ir na biblioteca e pegar um livro, podia emprestar e pegar emprestado, mas hoje em dia só porque virou digital ninguém pode mais nada, o que nós fazemos nada mais é do que o papel de biblioteca digital, a única diferença das antigas é o tamanho do seu alcance…
No modelo de bibliotecas, alguém um dia comprou o livro que está lá para ser alugado. E em uma biblioteca, apenas uma pessoa por vez, e apenas daquela região, tem acesso ao livro. Na biblioteca digital da internet, um mesmo livro pode ser baixado e lido simultaneamente milhares, milhões de vezes.
Não, não foi provado que a pirataria prejudica editoras. Não há dados que comprovem isso, e eu falo sobre isso abertamente aqui no site.
Entretanto, isso não legaliza o fato de que é roubo, e que pode sim estar prejudicando a editora, e o autor. Assim como não há provas que a pirataria prejudique a editora, não há provas que não prejudique.
Um tolo com um propósito nobre.
A ignorância não é desculpa para cometer crimes.
As bibliotecas são centros de conhecimento e não de entretenimento.
Bibliotecas recebem uma fundo todo ano para compra de livros, e é uma importante fonte de renda para as editoras. Parabéns Stella! Amei o texto e esclarecimentos. Muito consciente. Acho que as pessoas que comentaram sobre o posicionamento do Brasil não estão conscientes e raciocinando de fora do calor dos acontecimentos…
Este é um mundo de pessoas (algumas) que se preparam para serem profissionais em seus meios, e aja preparação.
Achei muito bem esclarecida a situação pela Stella.
Acrescento que já existem bibliotecas digitais no mundo, onde se pode pegar livros digitais para ler, ou mesmo neste link fantástico aqui: http://openlibrary.org/
Achei tudo muito bonito, mas continuo procurando meus livros de graça na internet…No dia que fizerem como na Amazon e venderem o livro digital por 7 dolares eu compro…Como pode? Eu compro um livro nos Estados Unidos, pago frete e sai muito mais barato do que aqui…!! Temos mais é que baixar mesmo…Conheço um autor de livro didático, que me disse que ele ganhou quase nada, num livro que já vendeu milhares de exemplares!!!!!!!!!!
Que coisa linda!
Você tem IPad? Ótimo, isso me permite roubá-lo de você, pois é mais barato nos EUA.
Você tem carro? Que maravilha, pois isso também me permite roubá-lo de você. É mais barato nos EUA.
Mas foi um texto lindo, empolgante mesmo.
Acho essa discussão é muito importante, em especial no nosso país. Como todo mundo envolvido ou interessado em editoração/indústria do livro está careca de saber, o livro brasileiro é muito caro. Não temos uma infra de distribuição suficiente (livrarias e toda logística relacionada). É vergonhoso um país dessa magnitude não desenvolver uma indústria livreira de maior porte.
Tenho que concordar com a leitora Cristiane, é coisa de um país que se desenvolve *a pesar* da cultura elitizada. Vale lembrar também, que os subsídios ao setor somam 34% de seu faturamento – quer dizer, o público tem muito a cobrar do setor (e também do Estado, claro)!
Quando o negócio é o ebook, o problema toma outro rumo. Os custos de distribuição se transformam completamente – claro que ainda há custos, mas potencialmente muito inferiores ao custo do livro “físico”, e especialmente quando pensamos no número de cópias que podem ser distribuídas uma vez que o trabalho dispendioso de editoração está feito e pago.
É notícia velha, mas que ainda temos de enfrentar, que o brasileiro consome pouca cultura (segundo o IPEA/MinC 2006, cerca de 3% da renda familiar, e só 1,8% desse montante é destinado aos livros… quase nada). Só 560 milhões de reais para consumo de livros, de um total de 32bi em consumo de bens culturais. Há também a concentração do consumo nas classes A/B e, mais importante, a concentração nas regiões metropolitanas (SP e RJ especialmente).
O que fazer para impedir que a própria sociedade se encarregue de preencher os “buracos” na distribuição, que é o pode estar acontecendo com a distribuição digital em p2p e sites de download? Há como controlar o ato milenar de *emprestar* livros, hiperbolizado pela versão digital que ao invés de emprestar, copia? Uma questão também importante é se está sendo positivo controlar essa prática! As travas digitais, afinal, afligem o bem cultural na medida em que podem impedir a fruição coletiva(e, note-se, a publicização das obras!!).
O que quero defender nesse comentário é que a questão é bem mais complicada do que o legal e o ilegal, a sacanagem ou falta de sacanagem. Não temos no brasil um público consumidor de livros. Frente a esse deserto, pode-se pregar a vontade, sem muita solução.
Há de se usar o potencial político dessa distribuição digital barata de formas mais criativas, e tentar – tardiamente, como é nosso costume – desenvolver o moderno leitor brasileiro. Acho que pensar o ebook nesses termos é bem importante!
Agradeço pelo espaço de debate.
Uma correção: não são R$560 milhões que as famílias dedicam aos livros anualmente, mas R$560 mil… Não é desconhecido de quem trabalha no ramo, também, que a maior parte das compras do setor é feita pelo Estado – livros didáticos/para-didáticos em especial.
O estudo citado é o O CONSUMO CULTURAL DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS.
Sua analise é muito precisa e clara. Parabéns.
Falando como Editor e como Autor, Stella, até o momento, o seu melhor artigo! Parabéns!
Abraços.
Eu digo URRA pra tudo que está escrito no artigo. É óbvio que todo mundo quer serviços melhores e preços mais acessíveis, mas esse papinho de elitização são de uma hipocrisia sem tamanho. Você colocou a coisa de maneira incisiva: o pessoal que baixa desenfreadamente simplesmente quer, e não lhes causam qualquer espécie de dilema moral o fato de que pessoas – não só autores, em quem imediatamente se pensa quando se fala de um livro – vivem daquilo que eles estão adquirindo de graça. Não se trata de dizer que o download ilegal é moralmente nojento ou que não tem serventia (ele pode servir como protesto, para chamar a atenção), mas, antes, trata-se de atentar para o óbvio: tudo precisa ter limites.
“Achei tudo muito bonito, mas continuo procurando meus livros de graça na internet…… (…) Temos mais é que baixar mesmo…Conheço um autor de livro didático, que me disse que ele ganhou quase nada, num livro que já vendeu milhares de exemplares!!!!!!!!!!” <—– É risível essa desastrada "tentativa" de argumento. Ao menos admita: você quer baixar porque é mais fácil, porque não há esforço envolvido além de apertar um botão, porque você não dá a mínima. E o desdobramento lógico de uma mentalidade como essa é que se chegará a um ponto em que não haverá mais livro. UM tanto distópico um pensamento como esse, mas é a consequência direta do que o argumento do “tá tudo uma merda, vamo baixar” implica.
Josué, deixa de ser Caxias, aposto que você já tirou muita xerox de livro na faculdade (Tem diferença??) …O fato é : Eu queria ler “As esganadas” do Jô…Vi que o ebook estava ao mesmo preço da obra em papel…A editora está me querendo fazer de palhaço…!!!Visto que ela não terá os custos de distribuição, papel, funcionários, etc…Estava tentando ganhar em cima da boa vontade das pessoas…Então em baixei e li…Aliás nem gostei muito do livro!!!
Dizer que não haverá mais livro é um exagero, senão não haveria mais CD ou DVD, já que a pirataria é mais antiga…A pirataria forçou as grandes empresas a baixarem seus preços…Você vai em qualquer “Americanas” da vida e acha CDs na faixa de 10 reais..
Não, é claro que não tem diferença nenhuma. Ignore o fato de que xerox na enorme maioria dos casos envolvem capítulos de livros, e não obras completas. Há também o fato de que esses materiais são essenciais para qualquer formação acadêmica, enquanto livros baixados de graça, vamos falar a verdade, o são para entretenimento. Vamos começar daí.
Como eu falei no comentário anterior, acho válido baixar um livro como forma de protesto (tudo bem que não foi só para protestar que você baixou o Esganadas). A questão que quis apontar – e que o texto da Stella também o faz – é a tendência daqueles que baixam livros desenfreadamente de querer tudo que estiver ao alcance, e ainda sob desculpas do tipo “elitismo cultural”. Não seria nada mal parar para pensar um pouco antes de baixar o que quer que fosse. Nada mal mesmo.
E é claro que autores sempre existirão, mas um pouco de realismo nunca é demais: autores precisam ser remunerados.
Caso uma editora esteja claramente cometendo um roubo num livro digital, não me oponho a que se baixe tal livro. Da mesma forma, a questão da DRM me incomoda muito, assim como o processo de compra do eBook em si. Mas, novamente: a alternativa não é sair baixando tudo que estiver disponível
Lógico que ele quer baixar porque é mais fácil. É isso que os fornecedores de conteúdo tem que entender, o usuário quer o caminho mais fácil, se este for o caminho dos piratas, será esse que o usuário irá seguir.
A Amazon é uma empresa que já compreendeu isso, sua estratégia de mercado é tornar a vida do usuário mais fácil, oferecendo conteúdo de qualidade a preços módicos. Tomara que ela chegue logo em setembro e de uma chacoalhada no mercado nacional.
Que belíssimo artigo, Stella! Parabéns!!!
Excelente. Um desabafo. A remuneração ao trabalho é garantido não só pela Constituição Federal, mas pela própria moral. Não há o que acrescentar ao artigo da Stella. Vou fazer minha parte divulgando para meus contatos. Obrigado Stella.
Stella, um alento ler textos como este. Claro, objetivo, incontestável. E, principalmente, ESCLARECEDOR. Obrigada.
Concordo plenamente com a matéria. E digo mais: a ABDR precisa fazer mais ações. A pirataria é desenfreada por causa da impunidade da pirataria no Brasil.
Alguns usam essa bandeira da “internet livre”, “democratização do conhecimento”, que também pode ser chamada de informalidade. Um dos principais problemas da nossa economia brasileira.
Concordo plenamente com o conteúdo do artigo.
Se eu baixo livros grátis na internet? Sim, tanto os de domínio público quanto os piratas (não vou negar), tenho a versão física de quase todos eles, além de comprar ebooks legalmente (e retirar o DRM, pois se paguei tenho de ter liberdade de ler meu livro onde quiser).
Adquiri reccentemente um positivo alfa para poder ler meus ebooks, mas ainda tenho centenas de livros físicos aqui.
O que deve ser feito para reduzir a pirataria é um sistema de vendes simples e fácil, preços baratos e liberdade para quem pagou por seu livro.
Detesto pagar pelo meu e-book e depois não conseguir lê-lo, como já aconteceu comigo, perdi muito tempo entrando em contato com a loja para conseguir ler o livro, que eu comprei legalmente, por isso acho que essas limitações do DRM são muito chatas e colaboram com a pirataria.
Outro problema é que não existem versões digitais legais dos livros.
Eu, por exemplo queria comprar os livros do Milton Hatoum, mas só encontrei um livro, e não era “Cinzas do norte”.
“Sem lucro, editoras não existem, e a maioria dos autores não existiria.” A falta de lucro não é um obstáculo para a existência de autores. Sempre houve e sempre haverá autores, com ou sem dinheiro. Em que condições, em que quantidade, em que qualidade, isso sim pode variar, mas eles não estão, de forma nenhuma, no mesmo barco das editoras. Isso é uma falácia. Muita gente não diferncia os interesses aqui, mas eles são diferentes.
Concordo plenamente com a matéria. No fundo brasileiro gosta mesmo de se aproveitar. Ora, se você não tem dinheiro para comprar um livro digital, então vá ler algo de domínio público. Vou dar um exemplo: Muitas pessoas pagam mais de R$2.000,00 em um aparelho celular, mas certamente 90% destas nunca compraram um aplicativo original, só usam aplicativos piratas. Da mesma forma, aqueles que reclamam do preço do livro digital são os mesmos que gastam R$200,00 em uma noite com bebida. No fundo o que há é uma grande hipocrisia, e infelizmente isto é cultural em terras tupiniquins.
Concordo com o Domingos Lima. A pessoa não tem 20 a 30 reais para dar num livro mas tem 2.000,00 para um iPad. Essa história de elitismo e liberdade não cola.
Assumo que baixo livros de graça porque é mais simples e menos trabalhoso. Não perco meu tempo fingindo que estou lutando contra o “sistema”, como alguns pseudo revolucionários fazem.
Concordo com vários coisas no seu artigo, Stella. Entre elas, que as pessoas exageram e querem tudo que é modinha de graça, sem querer pagar por elas, e o fato de que você correu o risco de ser simplista. E entendo que precisava ser simplista para abordar apenas um ponto, sobre esse que vai ser sempre polêmico quando abordado.
Os autores, editores etc dentro da cadeia (depois me aponte aonde vc explica melhor, mas tentarei procurar aqui), necessitam de dinheiro e por isso devem sim ganhar por isso.
O que eu particularmente vejo nessa história de pirataria, que muita gente tenta fazer um monte de coisas para barrá-la, seja criando formas burocráticas para adquirir, seja encarecendo, DRM. E isso faz com o que o livro digital seja o contrário do que ele poderia ser, de fácil e rápido acesso. É mais difícil eu “emprestar”, comprar, e as vezes até ler, um livro digital do que um físico, devido a essa burocracia e medo da famigerada pirataria de a maioria dos consumidores cometem.
Sendo meio amargo, mas esse comportamento me leva a crer que as pessoas dessa cadeia de publicação de mídias em geral, caem em três tipos negativos:
COVARDES – Tem medo de inovar e de “perder” dinheiro.
GANANCIOSAS – Todo mundo que tiver contato com a obra tem que pagar, e focam o seu lucro nisso ao invés de ver quanto precisam ganhar por aquela publicação, independente do número de cópias que circula pelo mundo.
BURRAS – Pelas duas razões acima, e ainda por preguiça de tentar achar um caminho melhor, já que as tentativas dele não estão surtindo efeito.
É possível ter lucro mesmo existindo a pirataria, sem precisar barrá-la.
E, já que o assunto polêmico, é o parecido com o combate ao tráfico de drogas. Gasta-se milhões em tentar barrar o tráfico de drogas, morre um monte de traficantes, policiais e um monte de viciados, e quando sobrevivem é sem apoio médico/psiquiatrico, e ela nunca deixa de faltar no mercado. Todo esse combate se torna inútil, enquanto países que resolvem encarar como um problema de saúde, gasta menos e não tem tantas mortes e outras mazelas.
Assim como as drogas, a pirataria pode ser encarada de forma melhor, se tentarem aprender como ela funciona ao invés de barrá-la. Assim como você, acho fantástico o trabalho de muitos que produzem pela organização das equipes, pela eficiência e muitas vezes a qualidade. E não posso reclamar quando o estado intervem e fecha, pois ainda é a lei (dura lex sed lex).
Mas ainda há um longo caminho para se achar um meio termo. Concordo que lutar por facilidade do acesso, preços mais baixos seja um caminho, mas às vezes eu não precisaria lutar, e sim as tais pessoas da cadeia, deveriam simplesmente o fazerem.
E ao invés de querer colocar essa equipe eficiente de piratas malvados atrás das grades, convide-os para cuidar dos seus negócios digitais, que já mostraram que não sabem fazer, talvez assim aprenderiam mais, lucrariam mais, e teríamos livros mais baratos e acessíveis e todos sairiam ganhando.
O óbvio que precisa ser dito, porque é difícil para alguns entenderem…
Concordo!
Eu baixo livros pirateados mesmo, não escondo de ninguém, tenho um kindle touch que é praticamente meu filho.
MAS muitos dos livros que eu baixo, não tem no brasil,ou as vezes só um volume de uma série de 10, sem previsão para lançar os outros.
MAS a maioria dos livros que eu vejo em e-book para comprar, prefiro comprar a versão física, pois em 99% dos casos é mais barato.
Eu compraria todos os e-books, mas com esses preços…
Não há muito o que dizer Stella. Parabéns!
[]s
Silvio T Corrêa
http://www.silviocorrea.com.br
Depois que adquiri um kindle passei a baixar mais livros, tanto de domínio público quanto piratas e não me arrependo disso. A diferença é que sempre que posso compro livros físicos (praticamente mensalmente) e quando começo a ler um livro no kindle e estou gostando trato de comprar o livro físico para terminar de ler nele (foi assim com “as esganadas” e com os livros do Martin, por exemplo). Geralmente só leio livros completos no kindle aqueles que ainda não foram oficialmente lançados aqui e que foram traduzidos por fãs (como diversos títulos de Stephen King que nunca foram lançados ou que são muito raros).
Creio que o que falta mesmo é essa questão de baratear e facilitar o acesso. Mesmo não sabendo inglês perfeitamente, por exemplo, já comprei uns dois livros na loja da amazon pela facilidade do serviço deles e pela dificuldade em encontrá-los aqui no Brasil. Quem gosta realmente de ler (e ai se concentram os verdadeiros consumidores) não vai se incomodar em pagar 10/12/15 reais em um livro digital. Um absurdo um livro digital custar mais caro do que um físico e nem é muito raro isso acontecer por aqui. A diferença da Amazon para essas outras lojas virtuais é que ela não trata o livro apenas como um produto.
Concordo com o que você diz Stella, o texto está ótimo, parábens! Só não concordo com o fato de você ironizar os gostos mais comuns hoje em dia. Posso dizer por experiência própria que boa parte dos lançamentos que você mencionou são de grande qualidade. Assim como já li toda a série de Harry Potter, já li grande parte da obra de J. R. R. Tolkien. Gosto de Game of Thrones mas também já li Machado de Assis, assim como Fernando Pessoa e Clarice Lispector. Já li Capitães de Areia, The Catcher in The Rye (Apanhador no Campo de Centeio) e Animal Farm (A Revolução dos Bichos). Além de muitos outros clássicos como Julio Verne, Polyanna, o Mundo de Sofia, etc. E isso levando em consideração que estou no 9 ano, logo ainda sou jovem. Minha única crítica é esta.
Agradeço a atenção e parabéns novamente.
Acho que estamos sendo um tanto hipócritas, falamos aqui de livros mas poderia ser de qualquer coisa. Diga-me quantos aqui compraram o windows que estão usando neste momento e seus pacotes? Diga-me quem paga tudo que tem e nunca pegou ou pirateou? Vamos ao meu caso, eu amo ler tudo desde clássicos á atuais. Porém nunca teria acesso a muito se não estivessem na net. O problema não são os livros de 20 reais que ao meu ver está com ótimo preço mas sim uma série que chega a custar cada um 80. Não tenho dinheiro para custear tantos livros na velocidade que leio e nem espaço físico. Já ouvi dizer que muitas pessoas que leem o “pirata” acabam por comprar o livro pois além de querer prestigiar o autor o livro é tido como relíquia, claro aqueles que caem no gosto, agora pagar nem que seja 20 reais por um livro detestável é puro desperdício. As editoras não iriam ganhar mais se não tivesse o tal pirata acho que seria até ao contrário, as pessoas que não tem acesso gratuitamente não compram, até porque no Brasil não é habito do Brasileiro ler, os que tem acesso gratuitamente compram sim pelas razões que sitei acima, comprei um agora que até tenho no meu pc gratuito, como já li um free da autora e gostei dela resolvi comprar um outro título da mesma, que inclusive estava na promoção e adorei. O fato é cada um dá importância (valor) aquilo que lhe convêm. Voltando ao assunto do livro de 80 reais, eu pretendo comprar quero toda a coleção pois me apaixonei tanto que quero que meus filhos me perguntem, mãe me indica um livro e eu puxar da estante essa coleção pela qual me apaixonei! Se não tivesse lido gratuitamente jamais saberia de sua existência e se soubesse não faria o menor esforço pra comprar um livro tão caro ainda mais sabendo que é uma coleção. Me digam, porque colocar um e-book no mesmo valor de um livro de papel? Alguns podem até defender as editoras mas não acredito que o preço final de um livro não tenha uma margem ótima de lucro, sem contar as livrarias que fazem cartel e quando um livro fica muito tempo na prateleira você consegue ver o preço real do livro. Vi um livro de 50 ir pra 15 reais.
Quanta asneira… impor Machado de Assis e cia. Cambada de moralista… Usuários piratas do Windowss. oq me faz mais falta eh o iosbooks. Aquele era o site perfeito, tinha as capinhas dos livros… Tristeza lembrar que acabou. 🙁