O mercado editorial teve uma queda de 13% no seu faturamento total em 2020 na comparação com o ano anterior, mostra a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro que acaba de ser divulgada.
O número leva em conta as vendas para o mercado e para o governo, em valores ajustados pela inflação. Quando se olha apenas para as vendas ao mercado, a queda foi de 10%.
Os dados da tradicional pesquisa — realizada pela Nielsen em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros — consolidam o forte impacto que a pandemia do coronavírus teve sobre um setor que estava até então em recuperação.
O levantamento também mostra que a participação das livrarias virtuais cresceu 84% no faturamento das editoras no ano da pandemia, enquanto as lojas físicas tiveram uma queda de 32%.
Se o faturamento das vendas por canais virtuais era de R$ 502 milhões em 2019, ele saltou para R$ 923 milhões no ano passado, quando as livrarias tiveram que fechar por causa da quarentena.
“O varejo online se preparou e capturou boa parte do mercado, não só o do livro”, diz Marcos Pereira, presidente do sindicato. “Essa concentração leva a negociações mais difíceis, mas tenho observado um investimento grande também na abertura de novas lojas. Todas as vezes que o comércio consegue abrir, a há um crescimento nas vendas das livrarias. O online vai capturar parte grande do mercado, mas nossa preocupação é criar um ecossistema saudável, em que a livraria física também seja valorizada.”
“Isso é algo que veio para ficar, e as livrarias vão aprender também a lidar com as vendas virtuais”, diz Vitor Tavares, da Câmara Brasileira do Livro.
O faturamento total no ano foi de R$ 5,2 bilhões, com 354 milhões de exemplares vendidos. A venda de livros didáticos teve redução de 15%. A produção do setor decaiu em todos os quesitos, mas o número de lançamentos foi mais significativo, tendo caído 17,4% em comparação com o ano anterior.
O setor com melhor desempenho foi o de obras gerais, com alta de 3,8% em vendas ao mercado. Em contraste com os livros didáticos, comenta Mariana Bueno, da Nielsen, esse são os “livros que a gente compra porque quer, porque gosta de ler”. “Temos que olhar para esses indicadores que são de fato positivos.”
Entre os recortes, o setor com pior resultado foi o de religiosos, com recuo de 18% no índice de vendas gerais.
O resultado tem ruído com o balanço da pesquisa Painel do Varejo de Livros, que monitora a receita pelos canais de venda e retrata uma situação mais favorável para o setor. Mariana Bueno, da Nielsen, aponta que “são pesquisas que conversam, mas não batem diretamente, porque uma olha o varejo e outra olha a indústria”.
Fonte: Folha de SP – 25/05/2021 – https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/05/pandemia-abate-mercado-editorial-mas-livrarias-virtuais-crescem-84.shtml