Vocês lembram dos velhos softwares de editoração de livros, como Pagemaker, Corel Ventura e outros semelhantes? Estes softwares marcaram época e continuam marcando presença, sobretudo quando é necessário converter o conteúdo produzido neles para um formato mais atual, seja para uma nova versão impressa, para o formato ePub e outras versões digitais. É neste momento que notamos o quanto o processo produtivo de conteúdos, no nosso caso específico, de livros, está amarrado a softwares proprietários, que na prática ficam fora do controle dos editores.
Atualmente o software mais utilizado profissionalmente para produzir livros é o InDesign, nas suas várias versões. Em um hipotético futuro, se a Adobe desaparecer e com ela o Indesign, o que será de todo o conteúdo produzido nele?
Em um mundo que está se tornando cada vez mais digital e que muda rapidamente, é fundamental para o editor ter o próprio conteúdo em um formato reutilizável e que não esteja vinculado a um software especifico.
A web está adotando cada vez mais esta linguagem flexível e reutilizável. O mesmo texto em HTML5 pode ser visualizado em tela de computador e em dispositivos moveis, usando uma apresentação diferente do mesmo conteúdo. Logo teremos este mesmo conteúdo na nossa geladeira ou microoondas.
Ter o próprio livro no formato HTML5 permite reutilizar este conteúdo em diferentes modalidades, seja colocando “na nuvem”, em forma de eBook ou até mesmo impresso. Isto mesmo. Com um bom HTML5 em conjunto ao CSS, posso criar uma versão impressa do meu texto.
É aqui que acredito o ePub desempenha uma função importante. Não creio que este formato vai ser eterno, mas ele permite, quase força o editor, a ter que transportar, “converter” o proprio conteudo para uma linguagem HTML. Se esta passagem, ou seja, se a transformação do conteúdo de um formato grafico (PDF e softwares vários) para uma linguagem de marcação for bem feita, o editor terá o próprio conteúdo disponível para futuras transformações e reutilizações.
E o ePub3 nesta historia? Bem, o ePub é na realidade um “pacote”, uma caixa que pode conter os arquivos em HTML5. O editor pode “empacotar” o conteúdo neste formato ou então “desempacotar” ele para ser utilizado em outras formas. Com relação ao ePub 2, este novo formato permite vários elementos a mais, entre eles a possibilidade de termos um layout que se adapte e seja pensado para os diferentes aparelhos. Na minha opinião, esta é uma das vantagens principais. Além disto é possível ter fórmulas matemáticas apresentadas de forma correta e bem visíveis, é possível ter uma formatação do conteúdo mais bonita e elegante, que faça jus à tradição tipográfica acumulada desde Gutenberg. Ah, também é possível ter elementos multimídia como vídeo e áudio, além de interatividade. Para ilustrar melhor os conceitos expostos acima, veja este slide sobre a relação entre o ePub3 e o HTML5.