por Eric Freese, da Aptara.
O ePub é largamente aceito como o padrão para livros digitais no mundo, e suas características são texto adaptável que pode ser lido em uma variedade de sistemas de leitura (incluindo o iPad, nook, Kobo e o Sony Reader, para citar alguns).
A tão aguardada próxima edição revisada do padrão da IDPF, o ePub 3, irá incluir novas funcionalidade que prometem melhorar muito a experiência do leitor, tais como áudio embutido, vídeo e interatividade. Enquanto isso, as editoras têm a esperança de que a nova versão do formato irá consertar a frustração com o fato de o ePub 2.0.1 funcionar diferente em diferentes sistemas (o que me leva, junto com outros, a salientar a importância de testar seus arquivos em vários sistemas diferentes).
Com a especulação abundante desde a introdução da especificação na no segundo trimestre deste ano, as editoras estão esperando para ver o que é realmente possível ser feito com o ePub 3 — e quais sistemas de leitura irão suportá-lo. Para ajudar a gerenciar as expectativas e aliviar a confusão, eu escrevi um breve resumo sobre alguns dos novos recursos da especificação, bem como o que os editores podem fazer para começar a se preparar para elas, assim como avisos sobre o que pode, ou não pode, estar disponível no ePub 3.
Tem havido confusão sobre a afirmação de que o HTML5 e ePub 3 irão trabalhar juntos. Para esclarecer, HTML5 é a linguagem base do ePub 3 (com alguns pequenos ajustes para permitir a paginação e outros comportamentos de leitura). Uma vez que o conteúdo do ePub 3 é escrito em HTML5, os dois irão interagir de mãos dadas.
Os sistemas de leituras do ePub 3 devem ser capazes de processar arquivos XHTML escritos em HTML5. Isso não significa que os navegadores web serão capaz de exibir arquivos ePub, a menos que sejam capazes de processar as informações de navegação adicionais contidas no arquivo ePub. Jé existem alguns sistemas de leitura que são implementadas dentro de um ambiente de navegador (como o complemento para Firefox ePubReader).
A nova base para as folhas de estilo é o CSS2.1 com alguns complementos do CSS3 inclusos. Isto fornece um layout muito mais completo, incluindo visualização em múltiplas colunas, melhor suporte a fonte e impressão direcionada, para citar alguns. Não é necessário que os sistemas de leitura suportem o CSS, mas quase todos eles fazem isso. Uma das principais causas de frustração é a diferença de suporte ao CSS entre os sistemas de leitura.
No ambiente atual do ePub, muitos sistemas de leitura não permitem que as folhas de estilo dentro de um arquivo ePub substituam as configurações padrões do sistema. O ePub 3 não faz nada para aliviar esta situação e, de fato, podem até piorar um pouco devido aos recursos adicionais que serão possíveis com ele. Sistemas de leitura também têm a capacidade de implementar suas próprias extensões de CSS, que são ignorados por outros sistemas de leitura.
O áudio pode ser inserido em arquivos do eBook usando a tag <audio> do HTML5. Isso é o que a Apple, Barnes & Noble e Amazon têm utilizado para inserir áudio nos enhanced eBooks (eBooks melhorados, com algum “extra”). Agora, é simplesmente parte das especificações do ePub 3. Não é necessário que os sistemas de leitura suportem áudio, embora quase todos eles façam isso. Se um sistema de leitura suporta áudio, ele deve oferecer suporte a MP3. Além disso, o suporte aos formatos MP4 e AAC (explicado mais adiante) é opcional.
O vídeo pode ser inserido em arquivos de eBook usando a tag <video> do HTML5. Novamente, isso é o que já vem ocorrendo. E, novamente, não é necessário que os sistemas de leitura suportem vídeo. Na verdade, a maioria dos dispositivos de e-Ink não são capazes de mostrar o vídeo de forma satisfatória.
Um dos principais pontos de discórdia com as especificações do ePub 3 é que não existe um formato especificado que deva ser suportado. Se um sistema de leitura suporta vídeo, a especificação recomenda o apoio de pelo menos um ou ambos os H.264 (também conhecidos como MPEG-4 AVC) ou os formatos de compressão de vídeo VP8, mas isso também não é obrigatório. Infelizmente, a especificação também não diz se algum formato não é permitido. Essencialmente, não há nada que impeça um desenvolvedor de sistemas de leituras implementar algum outro formato de vídeo (como o Flash). O que acontecerá ainda veremos, mas há uma abertura disponível.
Nesse meio tempo, os editores precisarão preparar vídeos em ambos os formatos para apoiar a mais vasta gama de sistemas de leitura. Como já foi discutido no passado, isso poderia levar a grandes arquivos de ePub 3, ou diferentes versões que serão direcionadas a sistemas de leitura específicos (um para o iPad, um para webkit, etc.).
A funcionalidade de sobreposição foi adicionada à especificação para permitir que o texto e mídia possam ser apresentadas de forma combinada. Por exemplo, realçar o texto enquanto ele é lido em voz alta pelo computador, ou como parte de uma trilha sonora. Para empregar essas sobreposições, será necessário criar arquivos especiais Synchronized Multimedia Integration Language (SMIL).
Sistemas de leitura não são obrigados a fornecer essa funcionalidade, mas se fizerem isso, devem permitir que os leitores ignorem ou pulem essas sobreposições. Sobreposições também podem ser usadas para disponibilizar a função text-to-speech, que lê o texto em voz alta A especificação do ePub 3 menciona a Especificação Lexicon de Pronúncia (PLS) e o Speech Synthesis Markup Language (SSML) para dar suporte na geração de voz sintética, mas não requer que os sistemas de leitura usem essa informação.
Os arquivos Scalable Vector Graphic (SVG) já são permitidos dentro de arquivos ePub há algum tempo. No entanto, seu uso era limitado, em grande parte devido à falta de suporte pelo sistema de leitura. O ePub 3 agora obriga que os sistemas de leitura sejam capazes de processar o SVG dentro do eBook, inclusive permitindo que os usuários selecionem texto e pesquisa dentro do conteúdo desse formato. A única parte do SVG que não é permitida é a capacidade de animação.
O MathML é parte do HTML5 e, portanto, é parte do ePub 3. Os sistemas de leitura devem ser capazes de processar a forma de apresentação do MathML, mas também pode suportar a forma de conteúdo do MathML. Não vou entrar em muitos detalhes aqui. Mas as editoras que lidam com conteúdo matemático e científico pode estar interessadas, uma vez que essas mudanças irão permitir que fórmulas possam ser incluídas como parte das da marcação XHTML em vez de serem inseridas como imagens. Isso significa que o conteúdo será redimensionável, entre outras coisas. Ainda é recomendado que as imagens das fórmulas sejam incluídas como fallbacks.
Os recursos externos são pedaços de conteúdo que não são tipos de mídia não necessariamente aceitos. Por exemplo, PDFs podem ser considerados recursos estrangeiros. Já vi casos em que os arquivos PDF são incorporados em arquivos ePub. Quando isso é feito, pelo menos um fallback (talvez um equivalente de texto simples) deve ser incluído para permitir que sistemas de leitura que não suportam esse recurso possam funcionar normalmente.
Scripts e interatividade são outros dos recursos mais esperados do EPUB 3. Mais uma vez o ePub 3 recebe esta funcionalidade através do HTML5. Geralmente isso significa JavaScript, mas esta não é a única opção. Enquanto os scripts podem deixar tênues a linha entre eBooks e aplicativos, deve ser notado que os sistemas de leitura não precisam suportar esse recurso. Além disso, sistemas de leitura têm a capacidade de colocar limitações adicionais sobre os recursos fornecidos para scripts por uma variedade de razões, incluindo segurança e capacidade de processamento. Dito isto, os editores devem já pensar em maneiras possíveis para que o conteúdo pode ser mais interativo e começar a planear a criação dessas melhorias. Como sempre, eles também devem se certificar de que a experiência de leitura não é será afetada se um leitor decidir desligar os scrips, ou se um sistema de leitura não tiver suporte a eles.
O ePub 3 criou uma especificação Canonical Fragment Identifier (EPUBCFI) para criar e acessar vários locais dentro do conteúdo. Isto permite um refinado acesso ao conteúdo, mesmo ao nível de uma palavra ou frase. O uso desta especificação poderia permitir aos índices o link para uma exata palavra dentro do conteúdo. É também a base da especificação de uma futura interligação entre documentos.
Na verdade, o ePub 2.0.1 consiste em dois esquemas — ePub e DTBook. O DTBook tinha a intenção de fornecer conteúdo aos sistemas de apoio para pessoas com deficiência visual através de leitores de Braille e outras tecnologias. Por causa das características de acessibilidade já inclusas no HTML5 dentro, foi decidido que o DTBook seria descontinuado e suas funcionalidade poderiam ser inseridas no ePub. Então, tecnicamente, os arquivos ePub 3 são acessíveis a partir “do design”.
Os editores devem fazer tudo dentro da razão para garantir que todos os itens dentro de seu conteúdo são acessíveis. Isto inclui as descrições de todas as imagens e textos alternativos para o MathML e scripts.
Esperemos que este mergulho rápido nas especificações tenham fornecido contexto suficiente para você saber o que esperar à medida que avançamos para o novo reino de formatação de eBook, o ePub 3. Haverá, sem dúvida, muitos novos recursos conforme as melhores práticas se solidificam e os sistemas de leitura tornam-se ainda mais avançados. Portanto, fique atento. Novas votações de recursos ainda estão ocorrendo.
As 10 melhores dicas para capitalizar seus eBooks e outras novas mídias
1. Conheça os seus leitores
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