Impressos e ebooks não podem co-existir, afinal

10/12/2012
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Tradução livre do texto de Adam Juniper, publicado em 07/12/2012 no site Futurebook:

Nadando (ou naufragando) em um novo mundo que pertence a fabricantes de dispositivos (que também são, sem coincidência, donos de lojas), as editoras costumam confortar-se com a idéia de que o velho vai co-existir com o novo, de alguma forma. Quem sabe, talvez ele irá, mas por um momento, vamos testar a força da lógica em que os argumentos comuns de co-existência são baseados, incluindo este infográfico belamente ilustrado do Mashable via Ilex.

Ao ler o infográfico, a lógica é simples: pessoas que compram e utilizam eReaders também compram e usam livros impressos, logo os impressos irão seguir vivos.

O que essas estatísticas não perguntam, é por que os proprietários de dispositivos também adquirem títulos impressos novos? A experiência sugere que muitos livros não estão disponíveis digitalmente, títulos de não-ficção podem não ser tão atraentes pela cor, design, razões de portabilidade, obras suntuosas para mesa de café não terão a mesma sensação, as crianças podem não ter os dispositivos necessários e, relevante, não é fácil fazer um produto digital ser atraente como presente.

Isto parece muito como uma lista de problemas que as plataformas de eBook, varejistas e editores estão todos trabalhando duro para resolver, e o número de títulos disponíveis sobe o tempo todo, ePub3 e dispositivos coloridos significam que mais tipos de livro – incluindo não-ficção – podem ser produzidos com boa qualidade como produtos digitais, e eles só podem ficar mais finos, mais baratos e mais versáteis. Na portabilidade, o digital está começando a enfrentar o problema, com produtos como guias de viagem, que podem ser apreciados na tela grande de um tablet ao planejar uma viagem, para, em seguida, serem reduzidos para a tela de um smartphone on-the-go.

À medida que cada problema é resolvido, haverá uma razão a menos para os proprietários de dispositivos comprarem impressos, e o número de pessoas que possuem dispositivos está crescendo o tempo todo, mesmo; um duplo golpe, que só pode ter impacto sobre tiragens e, por extensão, os preços dos impressos. Quando esse impacto for repassado para os clientes, o impresso vai parecer ainda menos atraente (mais próximo aos atualmente proibitivos preços de impressão sob demanda). Sem a redução drástica no fluxo de caixa, muitas lojas vão ficar pelo caminho, reduzindo os impressos ainda mais.

Admito que há muito a debater aqui; pessoas gostam de descobrir livros em livrarias, pessoas gostam de livros, e presentes especializados e produtos de alto valor ainda terão um bom futuro, mesmo por essa lógica, mas apenas porque os proprietários de Kindles também compram impressos, não quer dizer que os editores possam sentar e relaxar (as vendas de discos de vinil aumentaram um pouco, mas apenas no contexto de uma indústria maltratada).

Eu não acredito publicação significa apenas livros ou ebooks, mas sim, significa encontrar maneiras melhores de curar e disseminar material de qualidade. Parafraseando Stephen Page, da Faber & Faber, eu realmente quero ser parte “da maior mudança na forma como a leitura e a escrita se unem, em 400 anos”. Quem não gostaria?

Texto original: Futurebook

 

  1. Pois é, mas de que adianta gastar uma “fortuna” com um tablet ou e-reader aqui no Brasil, só pra comprar um e-book com quase nenhuma diferença de preço? Só se realmente valer a pena.

    1. Os preços irão baixar. Às editoras não importa de onde vem o dinheiro, mas que venha dinheiro. No momento que Amazon e Kobo estiverem com uma fatia de mercado suficiente para bater de frente com as editoras, elas irão ceder. No momento, a grande beneficiada, ainda mais que a cultura, está sendo a Saraiva, que consegue vender os livros impressos com um desconto tão grande que faz com que alguns livros de papel tenham um preço melhor que os livros digitais. Enquanto o imposto sobre os livros digitais não cair, vai ser difícil ter preços competitivos.

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