Como hobby, cuido de um canal do YouTube de nome EuTestei, com reviews de aparelhos celulares e outros gadgets de tecnologia. A quantidade de comentários que recebo é imensa, em todos os meus meios de comunicação. Muitos dos que me escrevem emails ou enviam mensagens no Facebook são jovens. A idade deles varia muito, mas vai dos 10 aos 23 anos, por aí. Não é o público principal dos vídeos, mas são os que mais me escrevem.
Fico fascinada com os pedidos. Eles me pedem conselhos sobre qual celular comprar, e são sempre smartphones. E me pedem também para resenhar novos modelos de smartphones, dos mais baratos até os mais caros disponíveis no mercado. Eles ficam ansiosos, me procuram inúmeras vezes, atrás dos vídeos. Eles querem conhecer o aparelho, saber como ele é, saber qual é a inovação da vez, o quanto aguenta o novo processador utilizado, se a tela é de boa definição. Crianças de 10 anos.
Esses jovens são os mesmos que acabam ganhando o aparelho dos pais, ou seja, são consumidores indiretos e muito importantes. Muitos comerciais de TV, apesar de se destinarem a adultos, têm como alvo as crianças e jovens, que “mandam” nos pais.
E no meio desse mercado digital todo, onde estamos inserindo os jovens? O que estamos tentando vender a eles? Muitos consomem livros, principalmente garotas. Seja Harry Potter, seja A Batalha do Apocalipse, seja O Diário da Princesa ou até O Diário de um banana, eles consomem livros, e consomem tecnologia também. E porque eles não se interessam por eBook? E porque não são alvo de nenhuma campanha de vendas, ou até de alguma forma de explicar o que é o eBook?
Eles conhecem muito sobre tela Gorilla Glass, sobre como desbloquear um iPhone, mas sabem o que é um ePub? Sabem quais as vantagens de um eBook no lugar de um livro impresso? E sabem que isso poderia lhes tirar dores nas costas caso seus livros didáticos fossem digitais, dentro de uma tablet?
Eles são a próxima geração, a que irá consagrar de uma vez por todas o livro digital, o que fará com que o equilíbrio de 20-80 entre eBooks impressos passe a barreira dos 50-50. São eles que irão comprar livros por si próprios no futuro. Então porque não estamos cuidando de informá-los, de atraí-los?
Realmente, eu já reparei que quando se fala de ebook não tem muito essa ligação com o jovem. Já até me perguntei uma vez: “Por que tem muito mais gente velha se interessando por ebook? Cadê os mais novos?”
É até engraçado, porque quando eu vejo gente mais nova discutir ebook é pra dizer que prefere o livro comum. No final das contas, acho que o mais jovens são os que mais vão comprar ebook (indiretamente ou não) e os que vão acabar fazendo os livros comuns durarem mais.