O tamanho do livro mudou. Antes o design era planejado exclusivamente para a venda de um objeto impresso em formato 23 x 16 cm, para citar um padrão médio como exemplo. Agora o produto passa a ser comercializado também em versão menor, algo em torno de 4,5 x 2,5 cm – o tamanho regular encontrado em vitrines de livrarias virtuais e eBookstores.
Isso equivale a dizer que o lindo exemplar de Dom Quixote, publicado pela Penguin-Companhia, que era assim…
…. ou foi enviado da seguinte forma pela editora…
… pode aparecer desta maneira no site da livraria virtual:
Escolhi um livro da Penguin-Companhia, pois a identidade visual do selo é forte e as traduções são premiadas. Não encontrei pesquisa sobre reputação de marcas do mercado editorial brasileiro, mas, se alguma tivesse sido feito, sem dúvida a Companhia das Letras teria destaque.
Ainda que a marca Companhia-Penguin tenha ótima reputação, não dá para negar o baixo apelo da imagem na vitrine da livraria digital. Título e nome do autor não estão legíveis e não é possível ver com muita nitidez a bela ilustração da capa.
Esses são elementos importantíssimos, que ajudam o usuário a perceber o valor do produto. Esse valor não está necessariamente relacionado ao preço (e embora tenha papel importante, “preço” é uma conversa longa, para outro momento). O valor percebido tem mais ligação com a expectativa do consumidor sobre os benefícios que aquele produto pode trazer.
Depois que a editora entrega a capa para ser comercializada em ambiente digital, não tem mais controle sobre a forma como a imagem será utilizada. E, se sua editora tem projetos diferentes para impressão em formato regular e pocket, por que não pensar também em um novo para o formato digital?
Não estou dizendo que todo ebook deva ter a capa diferente do livro impresso – isso seria um luxo impensável neste momento. Mas é importante pensar que o mesmo projeto pode ser adequado para funcionar também em livrarias virtuais e ebookstores.
Ao mesmo tempo, estou afirmando que o projeto de capa de um ebook não deve seguir a mesma lógica do livro impresso.
Tudo pronto? Se você acredita que seu usuário vai querer comprar o ebook imediatamente, não seria interessante você conversar com usuários reais? Algumas editoras têm postado uma versão semifinalizada da capa em suas redes sociais para receber feedback dos leitores. Talvez seja uma boa para afinar o resultado.
Se você não sabe como criar uma capa nem tem grana para investir nisso agora, você pode encontrar sites que oferecem templates gratuitos para sua capa.
Particularmente, não gosto do resultado, mas essa pode ser uma opção temporária. Para lembrar a máxima do metodologia Lean de projetos: “‘Pronto’ é melhor do que ‘perfeito’.”
A capa dos meus ebooks fui eu mesma que fiz, usando o app LetterPress, disponível para iOS. É um app bonito, que imita uma oficina tipográfica, e salva as imagens em alta resolução. Você pode ver as capas neste link (são os 3 primeiros ebooks da lista). Pesquisar aplicativos além do Illustrator pode ser uma boa.
Não tenho dados do mercado brasileiro sobre como a capa pode alterar as vendas, mas encontrei no blog da Kobo Writing Life o post We’ve got you covered Friday: let’s talk numbers.
O artigo apresenta o resultado do redesenho da capa do ebook Welcome to the Fight: Silent Wars, do autor autopublicado Glen Romero. Basicamente, foram refeitas a ilustração da capa e tipografia. O resultado? No primeiro dia em que a capa foi atualizada, o ebook vendeu 30 unidades, depois de passar 6 meses sem qualquer venda.
Há diversos sites em inglês com dicas valiosíssimas sobre capa de ebooks. Os meus favoritos:
No meio da semana teremos uma postagem-bônus, sobre benchmarking de capas para ebooks. Não perca!
E o que você tem pensado sobre capas de ebooks? Vamos conversar? Mande um e-mail para leticiaferes@gmail.com
Na próxima coluna, melhores práticas de webwriting. Até! =)
Oi gostaria de avisar que o texto está sem os links….