Aqui vamos nós para o que um chefe meu uma vez chamou de futurologia, a arte de adivinhar o que virá a seguir. Observamos muitos passos em direções diferentes no mercado editorial digital e, fora a estratégia canibalizadora da Amazon, nenhuma outra parece ter dado totalmente certo.
Porém, algumas notícias aqui e ali revelam que o futuro parece ser composto de alguns itens e tendências que ainda estão em seu início, mas que nos próximos anos podem se revelar muito úteis e muito eficientes em relação ao eBook. Vamos à minha humilde opinião.
Essa tendência começa a se espalhar aos poucos. A Amazon já captou o sucesso dos seus Kindle Singles, e outras livrarias estão fazendo isso. Vender livros menores é uma boa ideia, porque podem ser comercializados a preços mais baixos e estimulam a compra daqueles que ainda estão em fase de experimentação.
É também uma oportunidade para autores independentes, que podem mostrar seu trabalho de forma breve, e oferecer diversos livros com assuntos diferentes. Editoras podem ter um cronograma mais dinâmico trabalhando com obras menores. E já foi provado que quem lê na internet nem sempre tem paciência para ler grandes textos. A escolha de um livro mais curto e que se resolve mais rapidamente pode ser uma alternativa.
E para estudantes, acadêmicos e outros interessados, haverá a oportunidade de adquirir capítulos ou páginas de um livro. A economia dessa possibilidade é sem tamanho para um acadêmico que está no meio de sua tese e precisa de capítulos de 20 livros, mas não pode comprar todos eles. Já temos projetos similares em andamento no Brasil, como o Minha Biblioteca. Isso pode levar cultura e educação a muitos que não podem gastar demais.
Mais um assunto que já está rolando, mas ainda sem solução boa o suficiente. São muitos os serviços de assinatura de livros, e há sempre comparações com os serviços Netflix (para filmes) e Spotify (para música). Algo tem que existir com estabilidade o suficiente para o livro. A facilidade do acesso versus o desejo da propriedade.
A assinatura não dá o direito de compra de um livro ao consumidor, e sim o direito de lê-lo enquanto pagar pela assinatura. Muitos podem ver nisso uma boa ideia. Nem todos os livros que compramos gostaríamos necessariamente de guardar, e por isso tantos livros são doados. Livros de referência, livros técnicos e até ficções. Se o preço for mais convidativo do que adquirir livro por livro, porque não?
Economia é sempre importante, e se o leitor tiver acesso ao livro quando quiser lê-lo, é uma boa alternativa. A possibilidade de ter acesso a toda uma biblioteca também é atraente, e pode levar o cliente a explorar mais livros, conhecendo obras que jamais teria pensado em comprar, mas que como estavam acessíveis facilmente pelo plano de assinatura, decidiu experimentar. É uma das melhores ideias em que acredito.
O empréstimo de livros já é uma boa realidade nas bibliotecas dos Estados Unidos. Algumas coisas ainda precisam ser acertadas, como a participação das Big Six nessa história. Porém, já está se revelando um bom negócio, e deve se espalhar para outros locais nos próximos anos.
Será que aqui no Brasil daria certo? Nós mal temos bibliotecas, que dirá um acervo eletrônico. Mas talvez o livro digital seja justamente o agente que espalhe a leitura pelo Brasil, quem sabe? Há potencial para isso, ainda mais com a abrangência do PC nas casas brasileiras.
Nesse meio, também há o empréstimo de eBooks de pessoa a pessoa. Um dos maiores empecilhos para a aceitação do livro digital é o fato de que ele, em sua maioria, não pode ser emprestado depois de comprado. Conversas começam, amizades se iniciam e se mantém com empréstimos de livros. Há tanta gente pensando em como deixar o eBook mais social, mas e esse problema?
É bem provável que nos próximos anos encontremos uma alternativa melhor e mais flexível ao travado DRM, não há dúvida. E aí será possível emprestar seus livros digitais sem medo, e com muita liberdade, tudo dentro da lei.
Eu adoro eReaders. Defendo com unhas e dentes. Mas, mesmo com os números de crescimento em vendas, já deu para perceber que o tablet será o líder em leitura digital. Primeiro porque o aparelho pode ter vários usos para seu proprietário, e depois porque é simplesmente mais prático ler em um tablet, que andará sempre com você, do que em um eReader, um aparelho apenas para leitura.
Mas leiam o que eu digo. Eu acho que, pelo menos aqui no Brasil, subestimam e muito a leitura de livros digitais em computadores e smartphones. São os objetos a que o brasileiro mais tem acesso e estão aí, prontinhos para receberem um livro. Smartphones e a internet de centavos por dia estão sendo usados em filas, ônibus, metrô, em qualquer lugar. Na minha opinião, é uma oportunidade que está sendo mal explorada, e que vai crescer timidamente nos próximos anos.
E você? O que acha que deve virar tendência para o eBook nos próximos anos?
Não me surpreenderia se tudo isso realmente se concretizasse, e ficaria muito feliz se sim.