Esse é o questionamento de Damien Walter em uma matéria para o The Guardian. Walter lembra que a web (que não é a mesma coisa que a internet) foi criada por Tim Berners-Lee para ser um repositório de livros trabalhos acadêmicos para que estes pudessem ser facilmente acessíveis.
Para este fim, ele planejou uma maneira simples de colocar para fora de texto e imagens em uma página, inventar o que hoje chamamos de Hypertext Markup Language ou HTML.
Percebemos aí o paralelo de hoje. Os eBooks, produtos que caem no gosto do leitor cada vez mais, são arquivos feitos de HTML. O formato ePub, por exemplo, é extremamente similar a um website, formado por HTML e CSS.
Cada página web, por mais sofisticada que possa parecer, é basicamente um livro digital que lemos em nosso computador através de nosso navegador web.
[…] Cada eBook, não importa o quanto possa parecer como um livro impresso, é uma página web que lemos no navegador simplificado incorporado em nosso eReader escolhido.
Hugh McGuire, fundador da PressBooks e da LibriVox, jogou essa teoria no Twitter em Abril do ano passado, e recebeu respostas como “Os livros são pesquisados, escritos, editados, publicados, comercializados… e, portanto, pagos. A internet é ruídos de ego, e portanto livre, gratuita.”
Não precisamos pensar nem cinco minutos para percebermos que essas afirmações já não são mais válidas. Hoje temos sites que passam pelo mesmo tratamento que disseram ser dado a um livro – pesquisados, escritos, editados, publicados, comercializados… e, portanto, pagos –, assim como há eBooks, muitos auto-publicados, que são “ruídos de ego”.
Walter segue dizendo que o futuro dos eBooks é seguir a internet, e se tornarem gratuitos. Pode não ser agora, mas é provável que editoras, autores e todos os participantes da cadeia do livro encontrem novos modelos de negócio e consigam dispor a informação que escrevem e editam de graça, para todos, na rede.
Talvez não seja nada parecido com o que temos agora, mas as possibilidades estão aí, e é um futuro muito provável.
Agora estamos no limiar de, possivelmente, os avanços mais revolucionários da história humana. As tecnologias combinadas da internet – páginas HTML, eBooks, tecnologia de busca, mídia social e muito mais – estão muito perto de tornar todo o conhecimento humano acessível a todas as pessoas, gratuitamente. Mesmo as consequências a curto prazo deste avanço são difíceis de prever, e no longo prazo têm o potencial de melhorar o nosso futuro, tanto quanto a invenção da imprensa melhorou o nosso passado e presente.
O jornalista também cita que todos os avanços da sociedade passaram por obstáculos, e por isso que enxergar esse futuro agora parece tão complicado. Assim como a igreja não gostou da quebra de sua hegemonia do conhecimento com a chegada da imprensa, também empresas de hoje não gostam dessa história de compartilhamento.
Mas, como ele finaliza, ligamos o objeto livro ao conhecimento de forma muito forte. Para que possamos conhecer todo o potencial do livro, precisamos primeiro nos livrar desse objeto-livro, e abrirmos nossas mentes para todo um novo significado do que é um livro.