Mercado alemão de eBooks, hoje, é o Brasil em 2013
O Publishing Perspectives publicou ontem uma matéria muito completa sobre a situação do mercado alemão de eBooks. A forma como aquele mercado evolui faz pensar que o Brasil trilha um caminho muito parecido. A matéria traz vários números interessantes:
- Ebooks tiveram em 2011 apenas 1% de participação no mercado geral de livros (excluídos livros profissionais e didáticos) – o Brasil não ficou muito longe no índice, embora o volume de negócios seja completamente diferente, visto que o mercado alemão produz e vende muito mais livros que (vendas de 23 bilhões de reais) comparado ao Brasil (4.8 bilhões de reais);
- Segundo as editoras, os eBooks representaram em 2011 6.2% da sua receita, contra 5.4% em 2010 – números bem melhores que os do Brasil;
- O acervo de eBooks em alemão é bem maior que o brasileiro – são 40 mil eBooks à venda em alemão, contra menos de 15 mil eBooks à venda em português;
- eBooks custam em geral cerca de 20% menos que as versões impressas;
- O imposto (IVA) cobrado sobre eBooks é de 19%, contra 7% para os impressos – no Brasil, ninguém sabe direito quanto imposto um eBook paga efetivamente;
Outras diferenças são interessantes. Desde abril de 2011, a Amazon tem uma Kindle Store alemã. O mercado alemão lança anualmente mais de 100 mil livros, quase o dobro de títulos que o mercado brasileiro lança todos os anos. A Alemanha ainda tem, desde 2002, uma lei de preços fixos para os livros para evitar concorrência predatória entre as livrarias.
O que está faltando para o Brasil chegar nos índices da Alemanha?
- Acervo. Há poucos eBooks à venda no Brasil e é difícil esperar grandes vendas, sem ter o que vender;
- Um sistema fácil e simples para comprar os eBooks. Como as livrarias nacionais falham nesse sentido, com sistemas complicados de usar e que irritam os consumidores, empresas estrangeiras vão atender esta demanda: Amazon, Apple ou Kobo. O Google parece meio perdido atualmente, com tantas frentes abertas na empresa.
- Marketing. Você já viu alguma ação séria de divulgação de eBooks brasileiros? Eu também não.
Sabemos que a Amazon e a Apple abrem as versões brasileiras de suas lojas de eBooks este ano. Sabemos que a Kobo está se preparando para fazer negócios no Brasil. É bem razoável supor que em 2013 vamos experimentar o que a Alemanha vive atualmente, o crescimento lento, mas firme, do mercado de eBooks.