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O Mercado de eBooks na Polônia – Semelhanças com o Brasil


Alguns dias atrás saíram os primeiros artigos do Revolução eBook em Inglês, em parceria com o site FutureBook (confira aqui e aqui). Em conversas com os interessados no Twitter troquei algumas palavras com Piotr Kowalczyk, autor independente Piotr-Kowalczykpolonês que mantém o site Ebook Friendly. Empolgado com o panorama brasileiro, ele escreveu um artigo extenso sobre a situação dos livros digitais na Polônia. Vamos conferir alguns trechos:

Até o momento, com base na cobertura de notícias de sites de eBooks, eu estava convencido de que o Brasil era muito mais avançado do que qualquer outro mercado de eBook internacional. Faz todo o sentido quando combinado com rumores sobre Kindle Store Brasil o lançamento no verão.

No entanto, depois de ler os dois artigos a partir de dentro do mercado brasileiro de eBook, posso dizer que a Polônia não está muito atrás dos conjuntos de referência do Brasil. Eu acho que especialistas de vários países poderiam dizer isso sobre seus mercados, também.

O resto do mundo está se aproximando, e a maioria de nós não está ciente de quão rápido as coisas mudam, por isso é bom compartilhar  outros fatos e números dos mercados locais.

Exato. O que acontece aqui, no caso, é que o Brasil sabe se mostrar para o mundo, para o bem ou para o mal. Somos um dos fortes no BRIC, e hipoteticamente, não estamos sendo derrubados pela crise global, como está acontecendo com a Europa, por exemplo. Isso faz com que sejamos muito visados pelo mercado editorial digital, mesmo que ainda sem muita estrutura.

Deixe-me começar a partir de uma opinião pessoal. Eu acho que nosso mercado respira muito o ar da Amazon. Eu não tenho certeza que este tipo de dependência está empurrando o mercado para a frente, mas ele está definitivamente mudando a direção para onde estamos indo. Deixe-me adivinhar, muitos desses 170 países onde os dispositivos Kindle são enviados, são como nós – que vivem na notícia de Jeff Bezos.

Um exemplo a partir de 2009. Os principais meios de comunicação poloneses e a blogosfera cobriram fortemente a introdução do Kindle 2 em fevereiro – o dispositivo que na época estava apenas disponível nos EUA.

Ao mesmo tempo, um projeto de eBook polaca, chamado Eclicto, estava sendo desenvolvido pela Kolporter SA. Foi o primeiro ecossistema moderno de eBook em nosso país, com um dispositivo dedicado (Netronix EB600 com um software proprietário) e eBooks em formato ePub. Infelizmente, o projeto não teve muita atenção da mídia de massa.

Algo parecido aqui. Temos aparelhos caros, mas brasileiros. Infelizmente, não há como não ficarmos ansiosos pela chegada da Amazon, uma vez que o Kindle pode chegar a R$199. O que já deveria ter sido feito era uma atitude por parte do governo, que poderia ter andado mais depressa com as leis de isenção de impostos, barateando os eReaders por aqui e ajudando o mercado nacional a caminhar tão rapidamente com o internacional. Assim como outros países, provavelmente viveremos na sombra das empresas estrangeiras.

Quando o Eclicto foi lançado em dezembro de 2009, seu catálogo possuía 800 títulos, mas apenas 300 estavam em formato ePub.

No Outono seguinte, a Empik, Barnes & Noble polonesa (que entrou negócio do eBook comprando uma das maiores distribuidores de eBook do país, a Virtualo), abriu uma eBookstore com 3500 livros em formato ePub. A maioria deles (2600) eram livros de domínio público. A Empik anunciou que iria aumentar a oferta para cerca de 5000 eBooks até o Natal de 2010.

Atualmente, a Virtualo tem algo em torno de 17000 eBooks em formato ePub. Quando tiramos os clássicos de domínio público (14.000), temos até 3000 títulos lançados por editoras polonesas. O que é muito importante, e eu vou escrever sobre isso mais tarde, é que também há uma oferta crescente de publicações em formato mobi. Há mais de 8000 eBooks mobi na Virtualo, incluindo 1400 títulos que não são de domínio público.

Outra eBookstore grande polonesa, a Nexto, afirma possuir catálogo de mais de 17.000 itens digitais, mas eles contam, em conjunto com os eBooks, revistas digitais e audiolivros, assim, muito provavelmente, a sua oferta de títulos eBook recém-lançados em ePub é comparável a da Virtualo (cerca de 3.000).

Quão grande é o mercado de eBook polonês, economicamente falando?

Bartłomiej Roszkowski, CEO da Nexto, estimou para o Diário Rzeczpospolita em abril do ano passado, que as vendas de eBooks chegariam a 11 ou 12 milhões de PLN (US$3,5 milhões) em 2011. E é no máximo 2% da indústria do livro.

Mais dados semelhantes ao Brasil. Por aqui também podemos afirmar que os eBooks são no máximo 2% do mercado atual. Porém, não sabemos dizer qual o número de eBooks em formato mobi. Se contarmos os que são vendidos na Amazon, há uma média de 5 mil, incluindo aqueles em domínio público. Então deve ser relativamente pequeno esse acervo.

O imposto (VAT) é um dos fatores mais importantes que determinam o desenvolvimento do nosso mercado de eBook. O imposto para os livros impressos é de 5%, mas para livros digitais é de aproximadamente 23%. Este custo é, obviamente, transferido para os preços.

Mas as coisas não estão assim tão ruins, na verdade. Litera Lubi Cyfrę, um blogueiro perito em eBooks, no início do ano fez uma verificação de preços nas principais eBookstores. Em média, os preços dos eBoks são de 10 a 20% mais baixos do que as edições impressas.

Curiosamente, os preços mais baixos são oferecidos pela Empik (30% mais barato) e ela Gandalf (28% mais barato). Ambos os fornecedores possuem conteúdo da Virtualo, que continua sendo mais cara do que eles (apenas 12% mais barato do que livros impressos).

Aqui ainda não há uma média de preços de eBooks, mas estima-se que sejam até 30% mais baratos do que os impressos. Aguardem uma matéria futura sobre isso.

A matéria ainda se estende por assuntos como DRM, aplicativos, aparelhos disponíveis e auto-publicação. Vale a pena ler para conhecer mais sobre um mercado muito similar ao nosso, e tentar aprender com o que eles já passaram. Além disso, editoras brasileiras podem ficar de olho, pois mercados similares podem conversar muito bem, e daí podem surgir acordos interessantes.

 

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