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Serviço de assinatura de ebooks ofende a inteligência dos consumidores

05/08/2013
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— Sejamos francos: você pagaria R$ 3,90 por semana, para ter acesso a um pingo de livros?

A operadora de telefonia Oi lançou há poucos dias a Oi Bookstore, um serviço de assinatura de ebooks (R$ 3,90 por semana) para assinantes e internautas em geral, disponível para download em aparelhos Android, via Google Play. Pelo valor da assinatura, o leitor pode ler até três livros ao mesmo tempo.

O primeiro problema do serviço está no número de obras disponíveis. Até o momento em que este texto foi escrito (dia 03/08, 14h), a Oi Bookstore contava com pouco mais de 130 títulos – este número, claro, não aparece no texto de divulgação do serviço.

Na apresentação da loja, a Oi afirma que o serviço “cumpre o papel de biblioteca virtual, com diversas obras, divididas em 35 categorias – que vão desde Administração e Biografias à Música e Zoologia”. Aqui chegamos ao segundo problema – as mesmas obras se repetem, sucessivamente, nas tais 35 categorias. Alguns casos chegam a ser esdrúxulos. Na prateleira de História, por exemplo, você encontra livros como “Armageddon 2419 DC”, “Por que tenho de sofrer” ou “Deus está interessado no seu divórcio”. Os exemplos são inúmeros. Pior ainda, alguns livros repetem-se em mais da metade das categorias. O livro “Deus está interessado no seu divórcio”, por exemplo, aparece também nas categorias “Língua” e “Jornalismo”(!), para citar só algumas delas. Fica complicado chamar o serviço de “biblioteca”, quando uma biblioteca (ou livraria) minimamente digna do nome jamais procederia assim.

Livros da categoria "História" na Oi Bookstore - ficcção científica e auto-ajuda  virou livro de história?

Livros da categoria “História” na Oi Bookstore – ficção científica e auto-ajuda é livro de História?

Só para fins de comparação, por R$ 16,90 por mês (ou R$ 4,22 por semana) um usuário pode assinar o serviço Netflix e ter acesso a um volume gigantesco, de boa qualidade e diversificado de vídeos, seriados, desenhos e filmes de grandes estúdios.

O que podemos pensar quando a Oi cobra R$ 3,90 por semana (ou R$ 15,60 por mês) para os leitores terem acesso a uma biblioteca ínfima, desorganizada, com pouco mais de 130 títulos? Três coisas: puta falta de sacanagem, insulto à inteligência alheia e falta de consideração com os consumidores. Teria sido melhor aguardar mais, reunir um volume mais diversificado de obras, e aí sim, colocar o serviço no ar. Ou, enquanto o volume for baixo, agir com clareza e honestidade e dizer claramente qual a quantidade de obras disponíveis.

(A concorrente Vivo também oferece o seu serviço de assinatura de livros digitais, a Nuvem de Livros. O custo (para clientes da Vivo) é de R$ 0,99 1,99 por semana para um acervo total de 7 mil títulos (para não clientes, o custo é de US$ 5,99 por mês). Mesmo assim, muitos leitores criticam o acervo do serviço e a dificuldade de acessar os livros disponíveis. O foco da Nuvem de Livros parece estar muito mais voltado a conteúdos de aprendizagem, do que para uma leitura de lazer – algo aparentemente pouco claro para um contingente considerável de usuários.)

Conceitualmente, a ideia de vender livros digitais por assinatura é muito promissora, tanto que já existem iniciativas parecidas de outras operadoras aqui no Brasil. O problema é que a Oi Bookstore, ao apresentar o seu serviço, ilude fragorosamente os seus clientes. É o tipo de coisa que estraga o conceito junto ao consumidor.

Imagine você entrar em uma livraria física, e ver incontáveis prateleiras, divididas por assuntos, ficção, biografia, psicologia, medicina, história… mais de trinta assuntos. Você passeia pelas prateleiras. Olha com mais atenção e repara – são sempre os mesmos livros nas prateleiras, por mais diferentes que sejam os assuntos. Difícil imaginar algo assim, mesmo na mais bagunçada e mais amadora das livrarias. Não seria uma vergonha? Seria. Mas na Internet, pelo visto, a falta de critério não tem medo de aparecer em público.

O modelo de assinaturas para ebooks tem futuro? Depende. Se os responsáveis por fornecer o conteúdo forem as empresas de telefonia, a chance de dar certo é quase zero. Estas empresas não têm compromisso algum com a qualidade dos serviços e com o respeito aos consumidores. Mal conseguem fazer seus serviços básicos funcionarem, como os serviços de voz e internet. Alguém seriamente consegue acreditar que as operadoras serão capazes de desenvolver um serviço decente de assinatura de livros, capaz de oferecer conteúdo bom de forma fácil, por um preço decente? É o tipo de modalidade de negócios que só dará certo, se for tocado por uma empresa/organização cujo único propósito seja distribuir conteúdo – como é o caso do Netflix. Quem sabe, se não será o próprio Netflix que virá com um serviço de assinatura matador para ebooks?

 

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  1. Um reparo: o custo semanal da Nuvem de Livros (para clientes da Vivo) é de R$ 1,99. Quanto a valer a pena é muito questionável. Vou irá cancelar no primeiro tempo vago… Há muito material dito didático e pouquíssimos livros novos. Se eles não mudarem o rumo das coisas, muita gente poderá, também, se sentir enganada…

  2. Eles mesmo fizeram a assinatura sem o meu consentimento e não aceitam o cancelamento! Como devo proceder? Ir ao Procon?

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