Um artigo publicado por Ben Vanderberg no site DPCI fala a respeito dos PDFs em relação à publicação digital.
Editoras com catálogos de conteúdo impresso estão procurando maneiras convenientes para publicar seu conteúdo nas plataformas digitais crescentes. Muitas vezes, o formato digital com que eles têm ficado confortável é o PDF. No entanto, quando produzindo de conteúdo na forma de livros ou revistas digitais, há um monte de coisas que as pessoas têm de ter em conta que não são tão simples como exportar um PDF.
Totalmente verdadeiro. Aqui no Brasil, mais da metade do catálogo de livros digitais ainda está em PDF. Não porque seja um formato considerado melhor, mas foi com ele que as editoras brasileiras começaram a experimentar o eBook. O problema é que anda hoje possuem esses livros em PDF, e eu já tive a tristeza de ser testemunha de um livro que tinha até mesmo as marcas de corte do livro impresso.
Publicar um livro em PDF não significa mandar exportar com um clique no InDesign. Já é ruim termos de lidar com arquivos que não se redimensionam nas telas, pequenas ou grandes, imagina ainda ter que saber que o eBook pelo qual você pagou mais de R$25 é apenas uma exportação mal feita do livro impresso?
O PDF foi desenvolvido para uma saída específica em mente: impressão. Tem um tamanho de página fixo. Enquanto isso funcionou para impressão, na era digital a sua “página” é a tela do computador. Com tablets, smartphones, laptops, etc, não há padronização de um tamanho de tela. Você pode ter uma proporção de 4:3 em um iPad, mas você pode ter um tamanho de tela 16:10 em um tablet Xoom Motorola, ou 16:9 em uma tela de computador. Além disso, o tamanho físico destes dispositivos tem um papel enorme na legibilidade.
Podemos dizer que aqui no Brasil, há uns 6 anos atrás, não era muito comum ler em dispositivos móveis. Não havia o iPad, os smartphones possuíam telas minúsculas e eram movidos por botões físicos. Assim, a melhor opção era mesmo o desktop, e para esse meio até que o PDF se encaixava bem. Porém, hoje em dia, com Kindles, iPads, Galaxy S II e outros muitos tamanhos de tela, o PDF passou a ser um pesadelo.
Ler um PDF em uma tela de smartphone, por mais que você tenha um com tela de 5 polegadas, é quase impossível. Um formato aberto e mais indicado como o ePub se adapta à qualquer tamanho de tela, e ainda é possível escolher a cor do fundo e o tamanho da fonte. E isso é o mínimo pedido. O PDF tem como vantagem manter a diagramação – o que é bom nos casos de livros de arte, fotografia, etc –, mas não pode ser lido em um smartphone sem causa dor de cabeça.
Quando você olha para revistas impressas ou livros, a maior parte do projeto foi baseado em uma variedade de fatores, incluindo a economia e as limitações de produção. O tamanho do tipo de corpo pode ter sido escolhido para otimizar a quantidade de conteúdo que vai caber em uma quantidade finita de espaço de página ou uma limitação de custos de cor ou substratos. Além disso, produtos de impressão são concebidos como one size fits all porque não há personalização para o leitor. Essas limitações não se aplicam para o digital.
Isso complementa o que eu disse. Elementos na página – a própria ideia de página já é ultrapassada para o digital –, gráficos, escolha de tipo e tamanho de fonte… são coisas pensadas para o impresso. Um orçamento baixo para um livro pode significar jogar mais texto em cada página, e letras menores. A escolha do negrito pode ter a ver com a cor do papel utilizado, etc. Isso tudo não existe no digital, onde o que importa é o conteúdo.
Ao longo dos anos, a Adobe ampliou o PDF para ser capaz de ter elementos interativos, como hiperlinks, vídeos e até mesmo animação. Os problemas com isso é que muitas vezes estes elementos interativos são dependentes do Adobe Reader e do Adobe Flash lerem estas animações. As plataformas móveis como o Apple iPad e Android são capazes de ler PDFs de forma nativa, mas muitas vezes eles não leem nativamente as extensões proprietárias que a Adobe tem feito para a plataforma PDF. Além disso, a Adobe optou por abandonar o Flash para dispositivos móveis, e a viabilidade de PDFs interativos dentro do crescente mercado móvel torna-se questionável.
Um PDF pode ser interativo? Claro que pode. Contanto que você lembre que ele só será lido em um número limitado de dispositivos. Número esse que, aliás, deve diminuir mais ainda com o passar do tempo, uma vez que a Adobe desistiu do Flash. Prepare-se para ter seu catálogo obsoleto em pouco tempo.
Muitas das plataformas que são usados na publicação digital hoje são baseados em tecnologias como HTML, a fim de permitir a máxima flexibilidade entre as plataformas diferentes. Armazenar o conteúdo de tal maneira universal também dá a máxima flexibilidade para futuras plataformas. Como a publicação digital está mudando rapidamente como é a natureza do espaço digital, bloqueio de conteúdo em um formato sem saída única como PDF só restringe suas oportunidades de negócios em andamento.
O golpe final: mantenha seu catálogo em PDF e logo você terá um catálogo obsoleto. Como Vanderberg diz, o futuro é o HTML, e o próprio e atual formato ePub já é composto por HTML, adotando agora também o HTML5. Ou seja, evitar o PDF também economiza recursos de produção futuras, evitando que você tenha que reproduzir tudo o que já fez.
Excelente artigo. Eu concordo plenamente com o exposto acima, pensando em e-books. Eu comparo da seguinte forma: o pdf está para o ePub assim como o xérox está para o livro de papel.
Entretanto, eu diria que ainda há espaço para o pdf nos apps dedicados para alguns tipos de leitura, como por exemplo o antigo app da FolhaSP no iPad (o novo eu nunca usei).
Sem dúvida um debate interessante.
O problema é o “estoque” de publicações desenvolvidas com programas com o InDesign, Quark. O fato de que possam gerar PDF’s facilmente tem reflexo (potencialmente positivo) no preço, em contraste com a produção de ePubs, com software livre e necessidade (potencialmente infernal) de codificação HTML.
O PDF foi criado (também) tendo a distribuição eletrônica como meta e acredito que o PDF ainda é válido p/ Desktops e iPads e tendo por trás a Adobe é de se esperar por novidades para breve.
Em paralelo, temos a Apple e outros sistemas de digital publishing aparecendo que, (como designer) espero que venham a facilitar a produção de PDF’s e ePubs. O que não dá é para fazer ePub’s na “unha”, como todo o respeito a quem se dispõe a aprender a faze-lo.
Finalizando, acho temerário juntar todo tipo de publicação em análises “generalistas”. Um livro de texto é totalmente diferente de uma revista. E publicações técnicas e/ou voltadas p/ educação, com gráficos, tabelas etc. são, também, outra conversa. Sem falar nos novos livros multimídia, que, certamente, não precisam mais ser feitas com as mesmas ferramentas que dependiam do Flash.
Enfim, acho que seria interessante ver uma análise sobre cada uma dessas categorias e os custos beneficios de cada uma em cada plataforma.
Ótima plublicação stella, ainda é algo novo essa diagramação interativa aqui no nosso mercado, qual vc acha ser o melhor formato que une interatividade, movimentos e possibilidade de abrir em diferentes dispositivos? Vejo muitos livros ótimos e cheios de recursos, porém na maior parte das vezes são apps, e não um ePub ou pdf.
Meios de escrita geram processos de leitura – o código se executa potencializa sua interface para alem do perímetro da tela – da metáfora da película – a cultura na hipermidia é analítica. Soma-se aqui as posições de Bob Stein sob o futuro do livro e, claro, o livro depois do livro de Giselle Beiguelman.