Essa parece ser a semana do boicote. Após aplicar restrições de aluguel para alguns títulos mais novos de seu catálogo, a Penguin anuncia que rompeu seu contrato com a OverDrive, uma das maiores distribuidoras de livros digitais do mundo, e a maior distribuidora de eBooks para bibliotecas dos Estados Unidos. Um duro golpe para as bibliotecas, que têm visto as visitações e os aluguéis de livros digitais crescerem nos últimos tempos.
Sua primeira decisão, de restringir alguns títulos para aluguel, já era seguida por outras editoras, algumas delas parte das Big Six: Macmillan, Simon & Schuster, Brilliance Audio e Hachette. O motivo da briga é óbvio: as editoras temem que a venda de eBooks caia se eles estiverem largamente disponíveis para aluguel gratuito nas bibliotecas – e já estão em mas de 70% delas por todo os Estados Unidos.
O anúncio oficial da editora foi esse:
Nestes tempos em constante mudança, é vital forjar relações com bibliotecas e construir um futuro juntos. Nós nos preocupamos com a preservação do valor do trabalho dos nossos autores, bem como em ajudar as bibliotecas a continuar a servir suas comunidades. Nossa parceria permanente [com a American Library Association] é mais importante do que nunca, e nossas conversas recentes com a liderança da ALA ajudaram a trazer tudo em foco.
Olhando para o futuro, continuamos a falar sobre nossos planos futuros para o eBook e a disponibilidade do audiolivro digital para empréstimos em biblioteca com um número de parceiros que prestam esses serviços. Devido a estas discussões, a partir de 10 de fevereiro de 2012, a Penguin deixará de oferecer cópias adicionais de livros digitais e audiolivros para compra via Overdrive e também para o serviço over-the-air do Kindle.
Edições físicas de novos títulos e fundo de catálogo da Penguin vão continuar a estar disponíveis em bibliotecas em todos os lugares.
As bibliotecas, obviamente, não gostaram da história, e algumas já fizeram algo. A Biblioteca Pública de San Rafael colou o seguinte cartaz em suas paredes:
Sarah Houghton, diretora da biblioteca e dona da ideia, disse: “Eu sei que é um pequeno gesto. É apenas um cartaz (embora eu tenha colocado três deles por aqui). Também estou escrevendo cartas como diretora da Biblioteca (em muitos casos, mais uma vez) para os editores dessa lista, pedindo-lhes para tentar trabalhar com bibliotecas… dizendo-lhes que estamos abertos à negociação e sugestão, mas que se afastar do mercado da biblioteca é prejudicial para todos nós.
Além disso, a ALA (American Library Association) respondeu:
Ontem, a Penguin Group EUA nos alertou que deixará de oferecer quaisquer eBooks ou livros de áudio para as bibliotecas através da OverDrive. Enquanto as bibliotecas devem ter contínuo acesso a eBooks Penguin já incluídos em seus catálogos, o efeito, hoje, é que os leitores têm menos acesso aos títulos do pinguim através de suas bibliotecas locais.
Apesar deste desenvolvimento desanimador, estamos esperançosos que a Penguin irá continuar a procurar uma solução para tornar seus títulos disponíveis para bibliotecas. Como a Penguin declarou: “… é vital forjar relações com bibliotecas e construir um futuro juntos.” Estamos empenhados em ajudar a construir esse futuro.
Este é um momento radicalmente dinâmico de mudança, e estamos ansiosos para a elaboração de modelos de negócio estáveis e sustentáveis, que permitam bibliotecas e editoras a conectar os leitores e autores na era digital, com sucesso, como temos feito desde Gutenberg. Nós todos precisamos trabalhar juntos e rapidamente para trazer o pleno acesso aos eBooks em bibliotecas para todos, e especialmente para aqueles leitores que dependem de bibliotecas como sua única fonte de material de leitura.
Recentemente a Big Six Random House anunciou que irá deixar todo seu catálogo disponível para as bibliotecas, e cobrará mais caro pelos eBooks que forem para esses locais.
Com informações do FutureBook, Good E-Reader e INFO Docket.