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Pirataria em números: o que revela uma análise de 100 obras do site Livros de Humanas

22/05/2012
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Uma discussão baseada quase exclusivamente em opiniões, não em dados, tem sido a tônica do debate entre defensores e críticos da pirataria, após o fechamento do site Livros de Humanas. Para tentar mudar o cenário, o Revolução Ebook analisou uma amostragem de 100 livros oferecidos pelo site, e com estes dados vamos discutir três dos argumentos mais frequentes usados a favor do Livros de Humanas, e dos sites de pirataria de livros em geral:

  1. “Muitos dos livros oferecidos estão indisponíveis no mercado”;
  2. “Os livros são muito caros e inacessíveis”;
  3. “É preciso dar acesso aos livros, pelo bem da cultura”.

Sobre a pesquisa, ela foi possível graças ao “cache” de buscas do Google, que guardou na sua memória muitas das páginas do Livros de Humanas, ao menos, até as 15h do dia 22/05. A íntegra do material utilizado na pesquisa está disponível para download: as páginas do site que serviram de fonte de dados, a tabulação com a relação dos 100 livros consultados e as tabelas com os resultados obtidos. Se alguém encontrar erros, peço a gentileza que avise nos comentários.

A amostragem de 100 obras é pequena (cerca de 4,3% do total de livros disponibilizados no Livros de Humanas). Portanto, as conclusões obtidas podem ser imprecisas, uma pesquisa mais extensa terá menos chance de erros. O site Livros de Humanas tinha seus livros organizados em categorias, geralmente de assuntos ou autores. Foram pesquisadas as obras de algumas categorias por assunto, especificamente Antropologia, Biografia, Cinema Brasileiro, Direito, Filosofia e Psicologia (10 obras de cada), e as categorias História e Sociologia (20 obras de cada). O que pesquisamos e identificamos nesta amostragem:

  • Nº de obras à venda, distinguindo novos e usados:
    Livros novos: aqueles disponíveis nas livrarias, para pronta-entrega;
    Livros usados: disponíveis em sebos, e sem pronta-entrega de exemplares novos nas demais livrarias;
  • E o nº de obras indisponíveis:
    Sem pronta-entrega de exemplares novos, ou com menos de 5 exemplares usados à venda;
  • Faixa de preço (menor e maior) das obras à venda, novos e usados;
  • A disponibilidade das obras foi conferida nos sites Buscapé (novos) e Estante Virtual (Usados). Livros disponíveis no Buscapé, mas fora de estoque nas livrarias, não foram considerados disponíveis;

Argumento Nº 1:  “Livros indisponíveis”

Um argumento dos mais recorrentes é de que os livros não estariam disponíveis, por isso, precisam ser disponibilizados na rede. As opiniões oscilam entre

“[no Livro de Humanas] metade da bibliografia não era mais acessível pela via defendida pela ABDR, a compra e venda” (link)

“[o Livros de Humanas] era a chance de ter contato com obras teóricas raras sobre filosofia, antropologia, literatura e psicanálise, muitas vezes impossíveis de serem encontradas” (link).

Há também leitoras, como Marina, que afirmam que

“Só quem está no meio acadêmico, e aqui ouso dizer nas Humanas principalmente, conhece a dificuldade de formular um trabalho ou uma tese, ter necessidade de determinados títulos e simplesmente não os encontrar.” (link, afirmação nos comentários daquela página).

A partir da amostragem obtida, é possível verificar que 70 das 100 das obras consultadas estão à venda.

Das 70 obras à venda, 52 são exemplares novos, 18 usados.

Das obras indisponíveis, 21 são edições brasileiras, esgotadas, 9 são edições estrangeiras.

De fato, não é possível criticar alguém por disponibilizar uma obra esgotada, ou uma obra estrangeira sem edição nacional e, portanto, de difícil acesso. Os direitos pertencem a alguém, mas se este alguém não oferece o produto no mercado… bem, a cópia e a disponibilização online se tornam algo aceitável, ao menos moralmente. Porém, este é o caso de apenas 30% das obras na amostragem estão nesta situação. Não justifica os outros 70% de livros disponibilizados. Aí entra o segundo argumento.

Argumento Nº 2: “Livros muito caros”

Eis uma queixa recorrente e histórica, de que os livros são muito caros no Brasil. Essa queixa sempre justificou o balcão de xerox, e agora atende também no balcão digital. Segundo o Livros de Humanas,

“Não tenho problemas em disponibilizar textos que estão disponíveis em catálogo. Porém só escaneio o que estiver esgotado e/ou for muito caro e difícil pra conseguir. As exceções são definidas pelo moderador.” (link)

Para o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, que comentou o assunto alguns dias atrás,

Sites que permitem a leitura gratuita de livros de difícil acesso, esgotados ou absurdamente caros, são fundamentais para a difusão do saber. (link)

Já vimos que a maioria não é esgotada. Seriam então muito caros e difíceis de conseguir?

A percepção do preço é subjetiva. O que é barato para uns, pode ser caro para outros. Na amostragem do Livros de Humanas, 52 obras em 100 são livros novos, disponíveis para entrega, enquanto outras 18 obras, esgotadas, ainda podem ser encontradas facilmente em sebos e pela Internet:

Considerando as 52 obras com exemplares novos comercializados, mais da metade (27 em 52) está à venda por valores abaixo de R$ 30, sendo que um quarto (13 em 52) custa até R$ 20. Um livro, O trágico 5º centenário do descobrimento do Brasil (Edusc), é vendido em 22/05 por R$ 8,50 no Submarino. As outras 18 obras disponíveis, livros usados, têm dois terços (12 em 18) à venda por até R$ 30, metade até R$ 20.

No conjunto de 100 obras, entre livros novos e usados, 1/5 (22 em 100) está à venda por valores abaixo de R$ 20, praticamente um quarto (39 em 100) abaixo de R$ 30 e a metade (49 obras em 100) abaixo de R$ 40. Se pegarmos o percentual destes números, e o aplicarmos no universo total de livros disponibilizados (cerca de 2.300 livros), teríamos os seguintes números:

  • 22% ou 506 das obras vendidas abaixo de R$ 20;
  • 39% ou 897 das obras vendidas abaixo de R$ 30;
  • 49% ou 1.127 das obras vendidas abaixo de R$ 40.

Conclusão

Será então que R$ 30 por um livro é caro? Não sei. E ninguém menciona, quando reclama, a partir de qual valor considera um livro algo “muito caro”. Em Porto Alegre, R$ 30 equivalem a 15 litros de leite, 7,5 garrafas de 2L de Coca-Cola, 5 cuecas na C&A ou 2 ingressos de cinema nos finais de semana. Ou seja, será caro para alguns, e não para outros. Mas sob a ótica do que dizia o site Livros de Humanas e a afirmação do professor, pode-se afirmar que R$ 30 é “muito caro” ou “caríssimo”, de modo generalizado?

Na dúvida vamos combinar assim: R$ 20 por um livro, definitivamente, não é caro. R$ 30 por um livro, talvez. Acima de R$ 40 essa dúvida diminui, na direta proporção em que o valor ultrapassa esse patamar.

Será que as obras disponíveis para venda, por valores até R$ 30, precisam ser pirateadas em um site público? Será impossível adquirir estes livros?

Argumento Nº 3: “Dar/ter acesso aos livros”

Por outro lado, temos que concordar em um ponto. Livros custando mais de R$ 40 não vencem concurso de popularidade, principalmente entre estudantes universitários. O que diz quem defende o Livros de Humanas:

Sem a circulação das mais diversas e diferentes expressões culturais, não há criação possível. Em um país tão carente de bibliotecas, em que livrarias e editoras abocanham a quase totalidade do valor de uma obra, defender a retirada de uma biblioteca virtual como o livrosdehumanas.org em nome dos direitos autorais é (…) atacar frontalmente a liberdade de pensamento em nome de uma visão patrimonialista e anti-democrática desse direito fundamental. [grifo dos autores, link]

Pelos números, os livros vendidos acima de R$ 40 representariam 21% da oferta no Livros de Humanas. É o caso de algumas obras sobre assuntos especializados, edições mais volumosas, etc. Mas nem todas apresentam esses condicionantes. É de se notar que os ebooks não são a causa da pirataria, já que mais de 90 dos 100 livros pesquisados não tinham a opção de um ebook, entre os resultados das pesquisas de preço. Os próprios livros impressos, escaneados, constituem a fonte principal dos arquivos digitais piratas. O digital calhou de ser o meio de disseminação mais fácil.

Uma doença crônica que vem de loge

A existência de tantos livros disponíveis para compra, 70%, entre os arquivos pirateados, expõe com clareza uma doença crônica. Na cadeia produtiva do livro, os canais tradicionais há tempos não funcionam bem. Vide a questão do xerox nas faculdades, presente na origem das iniciativas piratas dos estudantes. O que está em questão não é a pirataria (consequência), nem o fato dela ser digital, pública (meio). É a ineficiência do modelo de negócios tradicional (causa), incapaz de levar o produto livro ao consumidor final, estudante, ou outros. A pirataria de livros impressos, sempre tratada como algo inevitável, como a diabete de um organismo pesado e lento, começou a ameaçar de morte o paciente editora.

Com os meios digitais mais disseminados, esse problema do modelo de negócios fica mais evidente e é agravado por um erro das editoras: elas não se relacionam diretamente com seu público, evitam o contato direto e daí acontece isso, os principais clientes se voltam contra quem lhes fornece a matéria-prima dos seus estudos. E um não pode viver sem o outro. Leitores e editoras estão condenados a conviver. Isso deveria ser celebrado, não lamentado.

É ingenuidade pensar que autores fazem os livros sozinhos. Eles até poderiam se autopublicar, mas nenhum autor de livros universitários/acadêmicos tem saco, paciência ou comptetência para tentar fazer o trabalho de uma editora: revisar, conferir, diagramar, comercializar… ainda mais se esses autores forem professores, brasileiros, com metas crescentes de produtividade e publicações. Ou alguém pensa que um bolsista seria capaz de fazer, sozinho, o trabalho de uma equipe inteira?

A editora, hoje, é uma entidade fantasma para o estudante. O pirata-estudante assume o trabalho da editora ausente, e viabiliza o acesso ao conteúdo de qualidade. A solução do problema da pirataria passa, necessariamente, por restabelecer uma ponte entre leitores / consumidores / estudantes, e as editoras.

Outro passo é a editora oferecer formatos com valores mais acessíveis. Existem alternativas, Pasta do professor, comercializar capítulos digitalmente, Nuvem de Livros, versões impressas sob demanda, trabalhar nas universidades com venda direta… é preciso abrir a mente, ter mais gana de atacar a raiz do problema e facilitar o acesso ao conteúdo. Ninguém vai sobreviver à base de advogados, realmente. Está bem visível na reação de simpatias angariada pelo Livros de Humanas.

Correndo o risco de falar besteira

Vou correr o risco e fazer uma proposta. Posso estar falando uma grande asneira, mas enfim…

Se eu fosse o dono de uma editora pirateada, a minha iniciativa seria mandar um vendedor, no início de cada semestre, para dentro das faculdades, diretórios acadêmicos, etc. Trataria os estudantes como se fossem livrarias, venderia para eles com desconto de livraria. Melhor ganhar pouco, e ganhar, do que não ganhar nada, e ainda reunir inimigos. O contato direto com o consumidor final é um bônus valioso.

Outra alternativa, claro, seria oferecer ebooks destes livros pirateados. Com preços mais acessíveis aos estudantes – ou seja, até o teto de R$ 30. É difícil, se sabe. Mas a alternativa é lutar contra um tsunami.

Cada um pode tirar a sua conclusão. Analisar a pirataria e o compartilhamento a partir de números baseados na realidade, interpretar as informações que estão disponíveis, é o primeiro passo para tratar o assunto com a racionalidade necessária.

Atualização em 23/05, 12h05: as dicas levantadas no comentário do Eber Freitas (abaixo) e pela Cássia Silveira (no Facebook) vão ser aproveitadas em outro texto, que irá verificar a disponibilidade destas mesmas obras no acervo da Biblioteca da FFLCH da USP e, se o tempo permitir, de outras universidades de referência.

 

Publique seu livro (ebook ou impresso) com prazos de entrega ágeis, qualidade técnica superior e condições de pagamento facilitadas.

Saiba mais


  1. Eduardo,
    também correndo o risco de falar uma grande besteira, ao ler o texto fiquei pensando nos estudantes, principalmente de pós graduação. Pelo menos no meu tempo de mestrado (faz 20 anos) a gente ficava na biblioteca procurando fontes úteis, quando encontrava xerocava as páginas que interessavam, e depois de concluído o trabalho, essas folhas iam pro lixo ou pro fundo de alguma gaveta. Talvez (e aqui é total chute meu) hoje em dia o “xerocar algumas páginas” seja o “baixar uma cópia na internet”. Talvez determinados livros, custem até 20 ou não, nunca sejam comprados por estudantes. Se não estiverem disponíveis online, forçarão o estudante a ir numa biblioteca xerocar as páginas de interesse.
    Isso não justifica absolutamente nada, longe de mim querer dar razão aos argumentos dos usuários do site. Meu interesse foi palpitar numa outra a direção na sua tentativa de entender esse cenário todo. Eu também tenho esse interesse (alias, quem conseguir entender e solucionar essa questão vai dar o grande passo que todo mundo está tentando).
    Eu só quis externar o que fiquei matutando enquanto lia seu artigo, quem sabe ajuda em algo. Alias, muito bom seu artigo.
    Parabéns!

    1. Para escrever minha monografia (sobre Direito) eu usei um misto de livros digitalizados que eu tinha (já que estes conservam as páginas numeradas e posso citá-los igual a um livro físico) e de livros de biblioteca.
      Hoje em dia, com a tecnologia, nem precisei recorrer à Xerox, batia fotos com meu celular da capa e das páginas que me interessavam.

      A ABDR quer nadar contra correnteza de maneira praticamente inútil… Ao invés de fechar estes sites que disponibilizam os livros, deveriam pensar em novos produtos como fazer uma mensalidade para ter acesso a determinado acervo por certo período de tempo (mensalidade). Ou vender X números de visualizações das obras daquela editora (independentemente da quantidade de livros acessados).
      Mas não, fecham sites, se queimam com os leitores e mantêm o mesmo sistema ineficiente.

      Se eu tenho que comprar um ebook, não penso duas vezes em retirar o DRM e disponibilizar para quem quiser.

      Abs!

  2. Eduardo, em primeiro lugar, parabéns pelo fôlego. Correr atrás dessas informações para uma análise abrangente não custa pouco tempo, mas e o jeito mais responsável de tratar o tema.
    Acho que o ser humano em geral busca o menor esforço possível para resolver suas demandas e neste caso, mesmo os alunos com poder aquisitivo para comprar as obras disponíveis, certamente vai considerar mais cômodo o uso do formato digital. Mesmo porque ele permite um uso do texto (ainda que em PDF) que pode agilizar sua vida acadêmica. Isso as editoras também poderiam usar a seu favor.

  3. Um excelente trabalho de investigação, sem dúvida… mas os julgamentos deixam a desejar, mesmo porque a análise é unilateral. Qual o público dos livros digitalizados? Por que eles baixam os livros? Eles procuram a obra inteira ou apenas trechos/capítulos? Se um aluno de mestrado precisa de 20 obras de referência ao “baixo preço” de 30 reais, é justo desembolsar 600 reais? Isso seria bem interessante e cômodo para o mercado editorial. Acho que a figura do leitor tem sido esquecida no meio desse fogo cruzado – ou melhor, lembrada apenas quando se procuram culpados pela pirataria.

    1. Oi Eber. Você viu as minhas sugestões para as editoras no final do texto? Mencionei especificamente que as editoras deveriam comercializar capítulos em formato digital. Isso seria barato e acessível para os estudantes, e resolve uma parte dos problemas com Xerox. Eu já fui universitário, já fiz mestrado, também sei por experiência que nenhum estudante irá comprar 20 livros de R$ 30, se o que ele precisa é de meia dúzia de trechos de cada livro. Justamente daí a minha sugestão de comercializar capítulos.

      1. Olá, Eduardo. Tive o cuidado de ler o texto até o final, e curti a proposta. Eu quis dizer é que a análise em si – embora inédita e bem construída/fundamentada – não levou em conta os interesses dos leitores que procuram repositórios online de livros digitalizados. Bem que poderia rolar outra reportagem mostrando esse outro lado da pirataria, que tem raízes bem mais profundas do que a ABDR faz parecer. Eu duvido que alguma cabeça pensante do mercado editorial tenha se formado sem tirar sequer uma xerox de livro (ou trecho). #ficadica 🙂

      2. para o público de mestrado, a compra de um livro para aproveitar apenas uma pequena parte é realmente um dilema.
        O problema é que o grande mercado dos livros universitários é o de graduação, onde um livro texto é indicado para a disciplina durante o semestre inteiro. Então vale o argumento de xerocar para usar só um pedacinho?
        E sim, a comercialização dos capítulos no digital me parece uma boa ideia.

  4. Estatísticas são as vezes meio furadas, posso usá-la para provar que água causa câncer se levar em conta que 100% das pessoas que tiveram câncer bebiam água.
    Colocar que 70% dos livros estão disponíveis é meia verdade, o fato de um livro existir na editora ainda tem o fato da distribuição não ser condizente com a realidade, tornando difícil encontrá-los.
    O preço do livro de R$ 20,00 pode até ser barato se colocado isoladamente, mas para um estudante que já tem um custo alto com a mensalidade escolar, muitas vezes precisa ter acesso a vários livros e às vezes só para um capítulo do mesmo, e os R$ 20 de um livro passam a ser R$100 mensais, o que para muitos é inviável.
    Talvez não tenha colocado uma besteira a tentar aproximar as editoras das faculdades seria ótimo. Até mesmo para a editora entender o que é que ela vende. Mas a distância que as editoras ficam dos leitores é que seja um grande problema, para não dizer absurdo. A editora determina como o modelo de negócio deve ser sem se importar com o público final, sem saber o quanto realmente vale o seu produto, não só o valor do produto em si, quanto a importância do que ele representa para as pessoas. E isso é uma diferença enorme.
    Nesse discussão toda as editoras demonstram-se perdidas no meio disso tudo e veêm a maioria das vezes o roubo em detrimento dos ‘direitos’ que elas mesmas estabeleceram, sem se importar com o publico. São tentativas de sobrevivência de um modelo de negócio (falido) que necessita de mudanças, mas sem se esforçar para mudar. E nisso são tão hipócritas e choronas quanto os que defendem a pirataria.

    1. Acho que, em se tratando de livros acadêmicos, o que mais leva pessoas a recorrer ao download é a necessidade por trechos, e não pela obra inteira. Nesse sentido, a sugestão do comércio de capítulos separados é certamente interessante, mas, no momento, não resolve o problema dos alunos (seja de graduação ou pós).

    2. O modelo pode ser “falido”, mas não muda o fato de que há um custo de produção do livro. O download ilegal é igulamente fadado ao fracasso, ao não levar isto em consideração. Ele não é um “novo modelo”. Pirataria é coisa antiga, desrespeito ao investimento do outro é coisa antiga, pregar “caridade com chapéu alheio” é do tempo do Ronca. Um novo modelo será aquele que usar a nova tecnologia de forma igualmente satisfatória a quem produz e a quem consome cultura.

    3. Não generalize. Nem todas, aliás a maioria, das editoras não é assim. Nas últimas décadas o número de pequenos e bravos editores cresceu surpreendentemente no país, várias delas voltadas para o nicho acadêmico, publicando milhares de autores que não conseguiam espaço nas editoras grandes por serem considerados de baixa vendagem. Já não viu eles na Primavera dos Livros? Pra esses pequenos e médios editores, o retorno do investimento é a chance de cumprirem seus ideais, e ampliar ainda mais seu time de autores.

      1. Cara Thais,

        Sei que existe um custo sim na confecção de um livro, bem como existem editoras pequenas que favorecem autores produzindo bem, com baixo custo (ou não). Desculpe se deixei a entender que eu generalizo as editoras, minha prolixidade acaba passando batido nesses detalhes, principalmente em assuntos tão complexos como esse e quando eu tenho opinião tão diferente da maioria, e estou em meio a tanta gente contraria. Mas na grande maioria das editoras, principalmente as maiores e de mais destaque, há uma tendência em se comportar da maneira como citei, e a elas é que me refiro.

        A pirataria antiga que eu entendo é a dos mares de séculos atrás, e é algo completamente diferente, assim como há uma diferença enorme entre a pirataria de produtos ‘chineses’ ou ‘paraguaios’ que são reproduções físicas de produtos e são produzidas ilegalmente e sem os padrões de qualidade e há um comércio envolvido e a cópia digital disponível para download. É algo bem diferente da cópia, que se aproxima mais do livro que você já pegou emprestado de alguém.

        A pirataria nem sempre é um bicho papão tão feio quanto muitos pintam, e acusam as pessoas que o fazem de ladrões. Há a natureza humana que vai pegar e consumir tudo sem gastar um tostão mesmo que tenha dinheiro sobrando, isso é sim um problema, mas não devemos generalizar, e nem fazer com que aqueles que não se comportam assim pagar pelo erro dos outros. Isso é transferir o problema das editoras para os consumidores.

        Há inúmeras maneiras já demonstradas e ainda por serem descobertas de se fazer um livro reduzindo seus custos, seu preço final, a própria pirataria e ainda melhorar os lucros do mesmo. Creio eu na minha utopia que o lucro deveria ser o quanto se ganhou com a produção do livro, não importa quantas cópias foram feitas, isso é contar migalhas pelos livros perdidos pela pirataria. Para tanto é necessário entender muito mais do que demonstram muitas editoras/pessoas por aí.

        A pouco teve uma discussão na lista, de gente que mostrava a completa desorganização do acervo digital de muitas editoras, e eu aposto que deve ter editoras pequenas muito mais preparadas e organizadas do que as grandes. É uma má vontade de querer se organizar para fazer melhor e baratear seus custos. Quantas editoras (qualquer tamanho) que não tem um site na internet, quando não tem não disponibilizam um catálogo descente?

        Entre as justificativas de custo do livro ainda colocam a questão da enorme complexidade em se fazer um livro digital, o que considero uma falácia quando vejo adolescentes fazendo cópias de livros (que não existem digital) em poucos dias com qualidade semelhante ou superior aos próprios livros que tiveram alto custo de produção e foram publicados. É isso que eu considero incompetência e preguiça.

        Aqui no Revolução EBook eu vejo um conflito constante por parte de muitos, que tem idéias ótimas e conhecem bem a fundo o meio editorial, como o Eduardo e a Stella, mas costumam oscilar entre dar uma luz pelo fim do DRM, colocar os avanços de pequenas editoras que conseguem fazer boas opções de baixo custo serem lucrativas, ver o ganho que autores tem com o aumento da venda dos livros impressos depois que caem na pirataria, e ao mesmo tempo chamar a pirataria(teiros) de capeta, chorões, ladrões etc. A meu ver, veêm que existe algo de bom, mas não conseguem enxergar dentro do universo do qual estão acostumados um saída fácil (e não há). E entendo, pois sei que toda a quebra de paradigma é traumática, e é uma questão de luta pela sobrevivência, pois se todos seguirem essas ideias libertárias e malucas que dão certo, o mercado editorial vai se tornar restrito e pobre e terá mesmo destino das lojas de CD (lembra quantas tinham há 20 anos atrás? E quantas tem hoje?). O digital, a cópia e a pirataria, ainda é muito recente num meio tão antigo quanto o editorial para encontrarem uma solução para tais problemas que altera seu paradigma da noite para o dia. Mas ainda hão de encontrar uma saída interessante, que não necessite dessa Jihad contra a pirataria digital.

        Confesso que sou apenas um consumidor, e com certeza tem muita coisa da qual não faço idéia dentro de uma editora, mas acredito (e até agora o que vi confirma) que boa parte é uma bateção de cabeça infrutífera aliada a uma tentativa de cercar os “ladrões” (não só os piratas, mas livrarias, distribuidores etc) para não escoar dinheiro para fora e perder o pouco que ganham. Que venhamos e convenhamos, brasileiro leitor assíduo, não são tantos quanto bebem cerveja e assistem novela e futebol.

        São as minhas opiniões e vou continuar a rebatê-las e questioná-las, mesmo sabendo que outros terão opiniões diferentes (ainda bem), de maneira bem Voltairiana. Mas cuidado Thais… lembre-se da regra de ouro das discussões pela internet: Não alimente os Throlls.

  5. Parabéns pelo esforço investigativo e etc, mas devo dizer que os resultados da sua pesquisa estão em contradição com minha experiência nessa área. Recentemente precisei adquirir livros para um trabalho – dos 10 que comprei, apenas 2 custavam menos de 40 reais. Como alguém pode bancar isso a cada semestre?

    Outra questão: sebos tampouco são exatamente uma via legal, não? Quero dizer, no geral se classificam como livrarias regulares, mas teoricamente eles tampouco têm o direito de venda (ou melhor, de revenda) dos livros que comercializam. Na maior parte das vezes o lucro sobre os artigos que comercializam não reverte para as editoras. Nesse sentido, no que seriam melhores para o mercado editorial do que a pirataria das fotocópias ou da online?

    1. Oi Marina. Os sebos são considerados legais porque o livro impresso, o exemplar em si, é um bem material, uma propriedade. Aí se aplica o direito de propriedade, não o direito autoral. Qual a sua área de pesquisa? Pela sua descrição, se a sua área é humanas, imagino que seja filosofia ou antropologia? Até os preços mais “baixos” dos livros dessas áreas, novos ou usados, geralmente passam dos R$ 50.

    2. Seu drama é real e deve ser levado em conta. Mas não creio que caberia ao autor, ou o editor arcar com o ônus disto. Que neste caso é de perda total.
      Um novo tipo de comercialização, com valores baixos, mesmo que precisassem de subsídios estatais, numa linha direta com o editor, seria interessante.
      Dada a importância dos livros, deveria ter mais gente estudando novos modelos para que se tornem acessíveis.
      A Internet tem recursos que o mundo real não tem. Imagine o barateamento de ebooks através de adsense? Imagine livros grátis graças a adsense? Seria uma boa? Eu penso que vale a pena experimentar. Concordo contigo, tem de achar solução por preço alto de obras essenciais.

  6. Olá, Eduardo! Você disse que “foram pesquisadas as obras de algumas categorias por assunto, especificamente Antropologia, Biografia, Cinema Brasileiro, Direito, Filosofia e Psicologia (10 obras de cada), e as categorias História e Sociologia (20 obras de cada)”.
    Minha dúvida é: qual o critério utilizado para selecionar as 10/20 obras de cada assunto? Por que esses 100 livros e não outros 100? Seria porque “as páginas do site que serviram de fonte de dados” só mostravam esses 100 livros usados na pesquisa?
    Desde já, agradeço. Abração, Zeus.

    1. Na prática, a amostragem foi determinada pela disponibilidade no Google. Eu consegui baixar páginas categorizadas por área e autor. Pesquisar somente livros de certos autores teria menos diversidade, que pegar livros de vários autores em áreas diferentes. Então escolhi as páginas por área de conhecimento. A disponibilidade do cache do Google determinou que foram esses livros na amostra, e não outros. Várias páginas do site no cache do Google, quando eu consultei, já tinham sido sobrescritas pela mensagem de texto avisando sobre a interrupção do site. Eu peguei 20 livros de sociologia e história, porque consegui baixar as duas primeiras páginas destas duas categorias. Cada página do site tinha 10 livros, de modo que para conseguir amostras maiores, eu teria que conseguir mais páginas. O Livros de Humanas era um blog, e um blog tende a exibir nos primeiros resultados de cada categoria os posts mais recentes. Como eu consegui baixar a primeira página de todas as categorias, mais as segundas páginas de História e Sociologia, isso significa que os livros mais recentes oferecidos pelo site, nestas áreas, foram para a amostragem.

  7. Eduardo,

    Gosto muito de sua abordagem, e lembro sempre que livro pirateado é o que não é disponibilizado de modo acessível pelas editoras. A questão, que discuti em minha coluna no Publish News e no meu blog, é que a solução para esse imbroglio existe a séculos: biblioteca. Como são muito ruins – as públicas e as universitárias – abre-se o espaço para o furdunço. Aqui vai o link para o que escrevi: http://oxisdoproblema.com.br/?p=1141

    1. Adorei o texto Felipe, e principalmente o encerramento dele com o “aforismo” (vou procurar em um dicionário pirata) do Ed Nawotka: “livro pirateado é o que não foi colocado no mercado com preços e condições aceitáveis para os consumidores/leitores.” — Esse é o ponto de todo o meu blábláblá confuso que não consigo me expressar bem nos comentários que faço aqui.

    2. Felipe,
      acompanho a sua coluna e gosto bastante dela, mas esse argumento para a pirataria é muito fraco.
      Se a fabricante de relógios colocar o preço lá em cima, “não é disponível de modo acessível”, as pessoas podem rouba-lo?
      E o que é acessível? Universitário não reclama de pagar 20 reais num drink na balada, mas se o livro custa 40 é um absurdo! Um roubo das editoras! Como um livro pode custar 2 drinks!!!

      Devemos lembrar que a pirataria é crime. Ponto. Se você não tem dinheiro para comprar um bem, qualquer bem, você simplesmente não compra. Ou será que vale roubar um carro por não ter dinheiro para isso?
      Caso não tenha dinheiro para isso, que use um onibus. Não é uma maravilha, você vai ter que dividir com outras pessoas, vai depender da disponibilidade deles…Assim como uma biblioteca!

      1. Pera, pera… uma coisa é relógio e carro, outra é cultura, acho que não dá pra fazer uma comparação equivalente entre relógio e livros. Há de se mencionar a pirâmide das necessidades de Maslow, mas um exemplo simples já resolve: o dono da última fonte de água no deserto tem o direito de cobrar o que (ou quanto) ele quiser, mas se o preço for abusivo, ninguém vai morrer de sede… vai invadir e roubar. Eu não defendo uma anarquia dos livros – esse exemplo é meio extremo – mas quem consome cultura tem essa necessidade. É diferente de você consumir bens supérfluos. A pirataria de livros não existe por uma deficiência de caráter de quem pirateia e de quem baixa, mas por uma lacuna que é deixada pelas editoras e livrarias, que ainda estão num limbo dos negócios, presas a um modelo desgastado e ineficiente. Outro – e mais grave problema – é a quantidade de brasileiros não-leitores, e parece que ninguém lembra disso. Milhões de potenciais consumidores de livros não leem e deixam de dar lucro para as editoras. E aí, de quem é a culpa? Da pirataria também?

  8. Ok Eber, vamos lá.
    Você acha o livro mais parecido com água no deserto do que com “itens superfluos” como carro e relógio?

    Vamos ao cerne da sua linha de pensamento: se alguém não tem dinheiro para comprar conteúdo cultural, ela tem o direito de roubar?
    Se eu não tiver dinheiro para ir ao cinema, eu posso entrar escondido na sala? Ou posso roubar um DVD na loja? Ou posso piratear?

    Ou melhor, com tanta gente passando fome no Brasil, por que não permitimos que os mercados deixem os famintos entrar e pegar o que quiserem? Não vá me dizer que a comida nesse caso é menos importante que “cultura”. Ou talvez o pobre queira uma televisão mas não tem dinheiro para pagar. Será que nesse caso ela também nao poderia entrar e pegar uma televisão? “ah, mas televisão é superfluo, livro não”. E quem somos nós para dizer isso? voce sabe o que é melhor para esse sujeito? Eu não.

    E por favor, me ilumine sobre como o modelo de negócio das editoras e livrarias está errado. Talvez você possa me explicar como tornamos tudo isso viável. Esses porcos capitalistas deveriam deixar de cobrar e partir para a doação de livros?

    E a quantidade de não-leitores é uma outra questão. Com certeza não é culpa da pirataria e nem das editoras.

    1. Marcelo, eu não estou tentando justificar a pirataria ou o roubo. Eu só estou dizendo que essa batalha está sendo travada no front errado.

      Diga-me quantos clientes novos as editoras envolvidas no processo contra o Livros de Humanas ganharam. Qual foi o impacto no faturamento? Em vez de conquistar novos clientes e formar leitores, as editoras estão tangendo potenciais clientes. Isso é coisa de uma empresa capitalista?

      Essa história de “gente passando fome” faz muito tempo que não é desculpa para nada. O que eu sei é que 75% dos brasileiros declararam que nunca pisariam em uma biblioteca (pesquisa da CBL). Imagine o nível cultural e o apetite por livros desses cidadãos – que, não se engane, são consumidores vorazes de carros e relógios. Por que as editoras não vão atrás desses consumidores em vez de se escorarem na ABDR e caçar piratas? Isso seria uma postura bem mais capitalista.

      O modelo de negócios ao qual eu me refiro é o mesmo que cobra R$ 40 por um pdf afirmando que é um ebook. Esse modelo se ampara na mesma cadeia de distribuição da década de 50, não tem estratégias de precificação para livros digitais, prefere formar uma barreira corporativa contra players externos (como a Amazon) a baixar os preços do livro, e por aí vai.

      Claro que isso é uma generalização, existem várias micro e pequenas empresas do ramo editorial arriscando e fazendo diferente, criando novos selos para livros digitais ou impressão sob demanda.

      Eu não sei onde eu deixei claro, na minha argumentação, que livros deveriam ser gratuitos. Talvez você tenha se precipitado nesse julgamento. Mas para um setor que é isento de impostos, os livros são bem caros, não? Acho que um dos fatores que mais encarece os livros, além da distribuição, é o risco de encalhe – que existe justamente pela falta de leitores.

      A quantidade de não-leitores não é culpa das editoras, mas acho que deveriam ser vistos como uma massa morta de clientes. Acho que seria um excelente negócio inserir a nova classe C como público-alvo. Em vez disso, as editoras focam em exclusividade, boxes, edições de colecionador, capas duras… aí quer o quê?

      1. Você chegou ao cerne da questão! Sim, a falta de leitores encarece o livro. Quanto mais leitores, maior é a tiragem dos livros. E quanto maior a quantidade impressa, menor é o custo unitário do livro. Nos EUA, por exemplo, eles tem 300 milhoes de habitantes e boa parte deles leitores ferozes. Fora todo o resto do mundo que fala inglês. Por isso que quando você vai na livraria e vê aqueles pocket books eles são tão baratos.
        Mas e os ebooks? Eles não possuem esse ganho de escala. Ou seja, esse custo variável de produção não existe, mas por outro lado, o custo fixo é igual ou maior (revisão, diagramação e montagem do epub). E digo “igual ou maior” por que o número de profissionais que sabem lidar bem com essa nova tecnologia ainda é baixo, o que faz com que eles cobrem mais.
        Enfim, a produção tem seus custos e independente do formato, digital ou impresso, a venda tem que pelo menos cobrir esses custos. E como você bem apontou, muitos livros ficam encalhados.
        E você acha que a pirataria xerox não tem culpa nisso? Você acha que a xerox incentiva o leitor a depois comprar o livro original? Pois eu adoraria que esse fosse o caso, mas as editoras sabem que isso não é verdade. É exatamente o contrário.

        Então temos essa situação: A pirataria encarece o livro, que por sua vez da mais desculpa para as pessoas piratearem.
        Como resolvemos isso?

        Então as editoras devem fazer o que? partir para a classe C? isso já é feito. Existem essas edições premium que são para públicos que podem pagar mais e edições normais ou paper back para quem não pode pagar tanto.
        E concordo que a venda de um pdf por 40 reais não seja o caminho. Mas também não se iluda pensando que todos os ebooks da amazon custam 10 dolares. Para cada livro baratinho, existe outro por 40 dolares ou mais.

      2. Maruceru-san,

        o custo fixo é igual ou maior (revisão, diagramação e montagem do epub). E digo “igual ou maior” por que o número de profissionais que sabem lidar bem com essa nova tecnologia ainda é baixo, o que faz com que eles cobrem mais.

        Do que eu vi até hoje, o EPUB é um formato de MarkupLanguage como o HTML e XML, que qualquer produtor web meio-experiente (acha a rodo por aí) que estudar uma semana fica fodão nele. Portanto se o pessoal tá cobrando mais caro que um diagramador impresso é porque eles são espertões, os produtores web estão vacilando e quem está pagando nem sabia disso.
        Eu converto sites e docs de textos longo para ler no meu Kindle, em poucos minutos e fica bom, com títulos, capítulos, sumários, imagens etc.
        Entenda, eu não estou eliminando o revisor ou diagramador, mas me iluminem se eu estiver errado, pois o revisor cuida do texto bruto, o diagramador orienta o leiaute, e mais alguém orientar o escovador de bit para essa parte de transformar para eBook (não PDF) que é só a técnica mesmo. fora a técnica, nada além do que fazem no impresso. Falei besteira?

  9. Caro Eduardo,
    Mais uma vez gostaria de destacar a vantagem do ebook. Como cada ebook pode ser instalado em até 6 dispositivos diferentes (pelo menos esse é o padrão da indústria no momento), com apenas 6 livros poderíamos ter 36 alunos durante um semestre ou ano letivo usando livros de apoio com o mínimo de gasto. Além disso, o ebook muda esse perfil mostrado pela matéria para pior se pensarmos que aqui no Brasil há uma redução média de 30% no preço dos livros digitais em relação aos impressos. Já a situação dos pós graduandos fica melhor ainda pois muitos usam livros importados que custam de 30% a 50% em relação aos impressos. Dessa forma, acredito que a matéria deveria ser corrigida para incluir os livros que possuem a sua versão em ebooks pois o gráfico mudaria substancialmente, pelo menos nessa parte.

  10. De todas essas questões, e da minha experiência como escritora concluo o seguinte: editoras em geral são empresas que visam unicamente o lucro e não a cultura. Por outro lado, se houvesse mais investimento na produção de cultura, o custo seria menor, consequentemente isto reverteria em baixa de preços ao consumidor. Eu gostaria de dar meus livros de graça a todo aquele que demonstrasse interesse em lê-los, desde que eu não tivesse de investir meu salário para fazê-los.

  11. O problema não é muito o preço, ou o acesso. É que não estamos falando de apenas um livro. Nesse semestre na faculdade em uma matéria (ainda há mais 6 delas) eu li trechos (não o livro inteiro!) de 7 livros diferentes. 20 reais é um preço ótimo, mas 140 não é (isso supondo que irá encontrar todos a 20 reais), principalmente porque a maioria nós não lemos inteiro. Íamos gastar muito dinheiro – que muitas vezes nós não temos – e juntar um monte de livros que mal vamos usar. Quando é algum em especial, a maioria acaba comprando (já comprei mais de um e nenhum por menos de 30 – e com desconto).

    Só uma perspectiva diferente e importante…

    1. Dana,
      Bela observação.
      Na minha opinião, esse problema pode ser amenizado tanto pelas editoras quanto pelos professores.
      As editoras devem analisar esse tipo de situação e fazer livros que tenham todo o conteúdo da matéria, fazendo com que o aluno precise de apenas 1 livro.
      Já os professores poderiam também se colocar no lugar dos alunos e adotar menos livros para a disciplina. Já vi universidade em que um livro era adotado em Produção 1, outro em produção 2 e outro em produção 3. Os 3 professores se reuniram e perceberam que era possível adotarem um único livro para as três disciplinas e fizeram isso. A partir de então, os alunos passaram a comprar 1 livro em vez de 3. Ou seja, os professores também deveriam ver o lado prático para os alunos, em vez de simplesmente mandarem ler o que bem entendem.

  12. Algumas pessoas colocaram a questão da quantidade de leitores e as tiragens. Um e-reader como o Kindle tem um efeito ótimo nas pessoas, a praticidade de poder ler em qualquer lugar sem precisar carregar um livro pesado e sim um caderninho fininho, aumenta a leitura exponencialmente de quem já tem um pequeno hábito mas não era tão assíduo por causa desses incovenientes. A pessoa recorre sim a pirataria, mas logo logo está achando livros baratos, ou não, na Amazon para comprar. E isso faz dela ser muito temida, porque ninguém ainda achou solução para fazer como ela.

    O e-reader dela amplia o hábito do leitor e seu sistema facilita a distribuição e o acesso. E isso cria mais leitores e mais tiragens e consequentemente mais lucro com preços mais baixos. Infelizmente só para ela? Talvez, por enquanto.

    Talvez não seja aí que esteja a solução? E-readers e e-books facilitam o acesso aos livros que por sua vez podem ter tiragem muito maiores, a preços mais baixos, e reduzir a pirataria?

    1. Na resposta acima, você não falou besteira. Mas só pelo fato de termos mais um profissional nesse processo, o custo já fica maior. Se antes só era preciso um diagramador e um revisor, agora precisamos de um técnico. Logo, você só reafirmou o que eu havia dito.

  13. Que discussão é essa sobre o preço dos livros????????
    Não entendo esse pensamento tanto difundido no brasil sobre compras de livros… comentários do gênero “vai montando sua biblioteca particular” deste o começo da faculdade….. Em Paris os professores ensinam exatamento o contrario “vocês precisam começar a usar a biblioteca, não é pra comprar tudo”…. Independente do preço deum livro, ele deve estar disponível para a população em bibliotecas de qualidades e em várias partes da cidade…. Se isso existisse, concordaria com a tirada do site, mas por enquanto ele está preenchendo uma lacuna….. Muito fácil culpabilsar um site por pirataria e esquecer de falar da função do governo de construir bibliotecas pela cidade, até quando vamos ter que sofrer censura e só estudar aquilo que nos é disbolobilizado???

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