Preço do livro precisa subir pois “papel aumentou 45%”, diz presidente do Grupo Record


Muita gente têm repetido que 2016 é o ano da auto-publicação — no mundo inteiro, o fenômeno do autor publicando sozinho nunca foi tão forte, nem pesou tanto nas contas totais do mercado editorial. No Brasil, tudo indica que esse fenômeno será mais aprofundado.

Veja o que disse uma das maiores cabeças do nosso mercado editorial, Sônia Jardim, para a Folha de SP:

“Ela foi presidente do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) e por isso conhece as demandas mais gerais do mercado. Como outros editores, sua percepção é que o preço do livro é barato. E o preço, se as editoras quiserem sobreviver, precisaria subir.

Esse é o grande dilema. Estamos [as editoras] desde 2004 sem subir preços de acordo com a inflação. Criou-se na cabeça do consumidor as faixas de preço de R$ 19,90, R$ 29,90…, afirma ela.

Então esqueceram de avisar a nós, autores e leitores, que estamos há mais de uma década errados. Que, na verdade, durante todos estes anos, o livro impresso no Brasil era “BARATO”. E quais seriam as justificativas para o livro ficar “CARO”, a partir de agora?

A presidente da Record saca um número, lembra que o papel subiu 45% em três anos. Afirma que o adiantamento de direitos autorais, pago em dólar, também foi inflacionado com a alta do câmbio –e precisou ser reduzido.

O autor é nosso sócio. E o casamento com ele é na alegria e na tristeza, afirma, acrescentando que é difícil compensar toda a defasagem de preço em um eventual reajuste.

Em poucas palavras, quando o país crescia, dava para compensar a questão no volume. Agora, não mais.”

Lamento (com sinceridade) pelas grandes editoras, seus dirigentes e funcionários. Suas estruturas lentas, suas folhas de pagamento gigantes, não foram planejadas para enfrentar a revolução da informação e uma crise econômica sem precedentes. Mesmo assim, os leitores/consumidores, já escassos, não merecem ser penalizados pelas fraquezas alheias. As contas deles também sofreram reajustes. Seus salários, também perderam valor com a inflação. Os aumentos salariais dos últimos 12 anos nem sempre (ou nunca, em muitos casos) repuseram perdas anteriores com inflação. Pergunte para bancários, professores, comerciários, funcionários públicos, bolsistas, entre muitos outros.

Quanto mais caro o livro impresso ficar — e tudo indica que ficará, maior será a tendência do consumidor buscar uma alternativa mais barata para sua leitura. Existem apenas duas opções: o ebook mais barato, ou a pirataria. E vamos rezar para que o consumidor persista na leitura. Em tempos de games, mobile, vídeos, redes sociais e tantas distrações sem custo financeiros, os livros estão em clara desvantagem na disputa pelo tempo das pessoas. Pois o dinheiro, não precisamos de pesquisas para saber, é escasso para a maioria dos brasileiros.

 

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